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A DOUTRINA DA SALVAÇÃO

A DOUTRINA DA SALVAÇÃO

O Desígnio e A Natureza da Salvação

 

Introdução

A doutrina da salvação, na maioria das igrejas e centros de crença existentes hoje, é nebulosa ou, nos casos piores, contraditória. A confusão que existe sobre esta doutrina é tremenda. Tal confusão pode vir por ela tratar muitos tópicos em uma ordem que às vezes é difícil de seguir. Mesmo que o assunto contém aspectos que são impossíveis de entender por completo, convém um estudo sobre este vasto assunto pois quase todos os livros da Bíblia o tratam. O termo teológico deste assunto é soteriologia. Essa doutrina abrange as doutrinas da reprovação, a eleição, a providência, a regeneração, a conversão, a justificação e a santificação entre outras. Também envolve a necessidade de pregação, de arrependimento e de fé. Inclui até as boas obras e a perseverança dos santos. A salvação não é uma doutrina fácil de entender pelo homem. É uma atividade divina em que participam as três pessoas da Trindade agindo no homem. Por ela tratar da obra de Deus que resulta no eterno bem do homem para a glória de Deus somos incentivados a avançar neste assunto com temor e oração para entendê-la na forma que é do agrado de Deus.

 

Que Deus nos guie com entendimento espiritual pelas maravilhas da Sua Palavra no decorrer deste estudo e que Deus nos traz à convicção verdadeira, e, pela Palavra de Deus, nos dá um conhecimento melhor e pessoal de Jesus Cristo (Ef. 1:17-23).

O Desígnio da Salvação

Pela eternidade passada e pela eternidade futura Deus deseja receber toda a glória de tudo que Ele faz (Êx. 34:14; Is. 42:8; 48:11; Rm. 11:36; I Co. 10:31). Na realidade a ninguém outro, senão a Deus o Todo Poderoso, é devido toda a glória nos céus e na terra. A glória de Deus é a prática dos seres celestiais agora (Sl. 103:20; Is. 6:1-3) e para todo o sempre (Ap. 4:11; 5:12). Essa glória não vem de uma necessidade em Deus pois Ele não necessita de nenhuma coisa (At. 17:25) mas é simplesmente um desejo e direito particular (I Co. 1:26-31; Ef. 2:8-10).

A obediência é a forma abençoada por Deus para Ele ser glorificado (Rm. 4:20,21). A obediência desejada é entendida tanto antes do pecado (Gn. 2:16,17) quanto depois (Dt. 10:12,13). Pela obediência da Sua Palavra, Deus é glorificado. Essa observação contínua é o dever de todo o homem (Ec. 12:13).

A desobediência da lei de Deus é pecado (I Jo. 3:4; 5:17) e provoca a separação eterna do pecador da presença de Deus (Gn. 2:17; Rm. 6:23). O pecado é uma abominação tamanha justamente por não intentar dar glória a Deus (Nm. 20:12,13; 27:14; Dt. 32:51). O pecado é iniqüidade a Deus e em nenhuma maneira glorioso.

Desde o começo da Sua operação com os homens, Deus requer uma obediência explícita. Essa obediência desejada tem o fim de O glorificar. A maldição no jardim do Éden (Gn. 3:14-19, 22-24) foi expressada por causa do homem não colocar o desejo de Deus em primeiro lugar (Gn. 2:17; 3:6). A destruição da terra pela água nos dias de Noé (Gn. 6:5-7) foi anunciada sobre todos os homens por eles servirem a carne, não glorificando a Deus (Mt. 24:38). A história bíblica mostra o povo de Deus sendo castigado repetidas vezes, um castigo que continua até hoje, por adorar outros deuses (Jr. 44:1-10). A condição natural do homem é abominável diante de Deus justamente por ele não ter o temor de Deus diante de seus olhos (Rm. 3:18). A condenação final do homem ímpio será simplesmente por causa do homem não ter Deus nas suas cogitações (Sl. 10:4), desprezar toda a Sua repreensão (Pv. 1:30) e por não se arrependerem dos seus pecados e voltar a dar glória a Deus (Ap. 16:9). Foi dado outro tanto de tormento e pranto à Babilônia por causa de glorificar a si mesmo (Ap. 18:7). Deus nunca dará a glória devida a Ele a outro (Is. 42:8). Ao Deus da glória (At. 7:2), o Pai da glória (Ef. 1:17) é devida toda a glória para todo o sempre (Fp. 4:20; I Tm. 1:17).

Quando chegarmos ao assunto da salvação não podemos procurar modificar o desígnio eterno de Deus. Na doutrina da salvação Deus não está procurando dar glória ao homem. Pela salvação tratar dos seres humanos e o estado eterno deles não quer dizer que Deus não deseja receber a glória deste tratamento.

A salvação tem o propósito de trazer glória eternamente a Deus, e, essa glória na salvação, é por Jesus Cristo para todo o sempre (Rm. 16:27; II Co. 4:6; I Pe. 5:10). Pelo decorrer deste estudo entenderemos melhor como cada fase da salvação exalta a Cristo desde a eleição que foi feita em Cristo (Ef. 1:3,4) à santificação que traz os eleitos a serem semelhantes a Cristo (I Jo. 3:2). Cristo é a semente incorruptível pela qual os salvos são gerados de novo (I Pe. 1:23-25). Cristo é o caminho sem o qual ninguém vai a Deus (Jo. 14:6). Cristo é a verdade em qual o pecador deve crer para ser salvo (Jo. 3:35,36). Na imagem de Cristo os salvos são transformados (Rm. 8:29) e por Cristo os salvos são conservados (Jd. 1). Os frutos de justiça, são por Jesus Cristo, e, por isso, para a glória e louvor de Deus (Fp. 1:11). Não existe uma operação sequer na salvação que não glorifica Deus pelo Filho unigênito. Não deve ser segredo, tanto na realização da salvação quanto na condenação dos pecadores, Deus é, e sempre será, eternamente glorificado por Cristo (Jo. 5:23; 12:48; II Co. 2:15,16; Fp. 2:5-11).

Existem muitos erros nas crenças de muitas igrejas e crentes já neste ponto inicial sobre o propósito da salvação. Muitos querem colocar as bênçãos que o homem recebe pela salvação como sendo os objetivos divinos na salvação. Mesmo que a criação nova feita na salvação é maior e mais gloriosa do que a primeira criação relatada em Gênesis; mesmo que a salvação é de uma condenação horrível; mesmo que pela obra de Cristo na salvação Satanás é vencido e, mesmo que pela salvação moradas celestiais estão sendo feitas no céu, todas estas verdades são resultados da salvação e não os desígnios dela. Muitos confundem o eterno lar, o fruto do Espírito Santo, a vida cristã diante do mundo ou a igreja cheia de alegria como os desígnios da salvação. Mas, o estado final da salvação não deve ser confundido com o objetivo dela, nem os efeitos com as causas. Deus não tem propósito de dar a Sua glória ao outro, inanimado, animado ou mesmo um salvo, mas, somente a Ele (Is. 42:8). Como em tudo que Deus faz, a salvação centra em Deus e em sua glória e não nos benefícios do homem. Os efeitos que a salvação produz não são as causas da salvação ser decretada por Deus na eternidade passada.

Se, em nosso entendimento desta maravilhosa doutrina da salvação, a ênfase for colocada de qualquer maneira nas bênçãos que o homem recebe e não na glória de Deus, o nosso entendimento é falho neste respeito e devemos buscar as bênçãos de Deus para que Ele nos endireita para adorarmos a Ele como Ele deseja, em espírito e em verdade (Jo. 4:24).

A Natureza da Salvação

O fato de estudarmos a salvação presume que ela existe (Jo. 3:19). Se ela existe há uma necessidade que a faz existir. Por ter uma doutrina da salvação é presumida a existência de iniqüidade, que é a quebra de uma lei (I Jo. 3:4; 5:17, “o pecado é iniqüidade.”), e a existência de um que deu a lei, o qual é Deus (Jo. 15:22,24, “Se Eu não viera, nem lhes houvera falado, não teriam pecado..”). Tudo o que é pecado (que será estudado posteriormente) e tudo que o pecado causa é desfeito pela salvação.

Em geral podemos dizer que a salvação é uma libertação. A salvação é libertação da culpa e impiedade do pecado juntamente das suas conseqüências eternas de rebelão contra o governo do Deus Todo-Poderoso (Cole, Definitions, V.II, p. 52). Sem a libertação que a salvação efetua, o pecador seria excluído eternamente da presença de Deus e para sempre exposto à Sua ira (Jo. 3:36). O fato da salvação ser livre, substitutiva, penal e sacrificatória será tratado quando estudarmos o preço pago por Cristo na salvação. Por agora entendemos que a salvação é necessária e é uma libertação.

 

              A Causa da Salvação

 

Ef. 1:3-6

Deus como Causa - Ap. 1:8

‘Somente Deus pode causar a salvação pois apenas Ele pode causar o que lhe apraz’

A salvação começa com Deus, e isso, “antes da fundação do mundo” (Ef. 1:3,4; II Ts. 2:13; Ap. 13:8). Por causa de não existir no princípio um homem sequer, junto com a sua vontade, nem o ministério dos anjos ou a pregação da Palavra de Deus - a salvação começou com o que era no princípio: Deus (Gn. 1:1). Deus é o Alfa e o Ômega, o princípio e o fim (Ap. 1:8, 11). Deus é a primeira causa de tudo, um conceito reservado para o divino (Rm. 11:36). Porque? “Ó Pai, porque assim te aprouve.” (Lc. 10:21).

 

Entendendo a situação deplorável do homem (Gn. 6:5; Rm. 3:10-18) podemos entender que a fé em Cristo é “obra de Deus” (Jo. 6:29). É necessário lembrar-nos que o assunto deste estudo é a salvação e não a condenação. Os condenados pela justiça santa de Deus só podem culpar a sua própria cegueira espiritual e amor pelo pecado. Nunca podem responsabilizar a Deus pela condenação (Ec. 7:29). Os salvos, de outra maneira, somente têm Deus para louvar pela salvação (II Ts. 2:13).

O Bom Prazer da Sua Vontade - Ef. 1:11

A vontade de Deus é a expressão do prazer de Deus. A vontade de Deus não pode ser diferente da Sua natureza, portanto, ela é soberana (não influênciada pelas forças terceiras), santa (pura, imaculada, inocente), poderosa (Ele pode desejar o que Ele deve) e imutável (nada impendido ou mudando a Sua vontade).

A Sua vontade motiva as Suas ações (Ef. 1:11, “faz todas as coisas, segundo o conselho da sua vontade”). Na esfera dos deuses o verdadeiro Deus se destaca, pois, somente Ele faz “tudo o que lhe apraz” (Sl. 115:3). O que foi criado, nos mares e em todos os abismos, é atribuído a ser criado por que Deus quis (Sl. 135:6, “tudo o que o SENHOR quis, fez”). A eleição em Cristo que foi programada antes da fundação do mundo e a predestinação para os Seus serem filhos de adoção por Jesus Cristo são tidos como sendo “segundo o beneplácito de Sua vontade” (Ef. 1:4,5); “segundo o seu próprio propósito e graça que nos foi dada em Cristo Jesus antes dos tempos dos séculos” (II Tm. 1:9). Tudo o que é envolvido no assunto da salvação é “segundo a Sua vontade” (Tg. 1:18). Deve ser notado que o amor e a graça de Deus fazem parte de Deus e conseqüentemente a salvação, mas não serão tratados como causas da salvação em particular pois podem ser considerados melhor num estudo detalhadamente sobre a própria vontade de Deus.

É lógico que seja a vontade de Deus uma causa da salvação pois a vontade de Deus é uma parte essencial da sua natureza expressando-a e sendo tudo que Deus é. “Falhamos em entender a origem de qualquer coisa quando não voltamos à vontade soberana de Deus” (Pink, The Atonement, p. 22). Se Deus é antes de todas as coisas (Cl. 1:17), a sua vontade é também antes de tudo que existe e acontece. Aquele que sucede e é efetuado no mundo é o que o SENHOR dos Exércitos pensou e determinou (Is. 14:24, “O SENHOR dos Exércitos jurou, dizendo: Como pensei, assim sucederá, e como determinei, assim se efetuará”). Muito além da Sua vontade ser um tormento, é confortadora. Deus fazendo as Suas obras conforme o bom prazer da Sua vontade conforta o santo na sua tribulação. O servo Jó confiou na vontade de Deus na sua tristeza e foi confortado (Jó 23:13, “O que a Sua alma quiser, isso fará”). A mesma vontade que nos salva nos garante o aperfeiçoamento da salvação até o memento que estamos na presença do Salvador no céu (Jo. 6:39,40). Tal conhecimento da vontade de Deus traz paz ao salvo.

Tudo que Cristo precisava fazer pessoalmente para efetuar a salvação foi em submissão à vontade de Deus (Hb. 10:7; Mt. 26:39). Tudo que os outros fizeram com Jesus durante o Seu tempo na terra, sim, até a traição de Judas, o julgamento injusto e a crucificação vergonhosa foi “pelo determinado conselho” de Deus (At. 2:23). Ninguém fez mais nem menos do que a completa vontade de Deus. Podemos não entender este ponto, mas a verdade revelada pela Palavra de Deus pode ser maior que a nossa capacidade de entende-la. Devemos acata-la pela fé (Hb. 11:1,6).

Mesmo que incluímos a vontade de Deus como parte da causa da salvação devemos frisar que a vontade de Deus não é a própria condenação ou a salvação mas uma parte íntegra de ambas. Há meios que Deus usa para efetuar a sua vontade e estes meios serão tratados posteriormente.

A Sua Presciência - I Pedro 1:2

A palavra ‘presciência’ (em grego: prognosis, #4268. Usada somente em Atos 2:23 e I Pe. 1:2) não é idêntica à palavra ‘conhecer’ (em grego: proginosko, # 4267. Usada em At. 26:5; Rm. 8:29; 11:2; I Pe. 1:20 e II Pe. 3:17) mesmo que seja relativa a ela. A palavra ‘presciência’ tem mais do que um mero conhecimento prévio de fatos embutido nela. É claro que Deus conhece todas as coisas e todas as pessoas pois ele é onisciente. Todavia a palavra ‘presciência’ também tem um entendimento de preordenação ou uma preparação prévia (Thayer’s Léxico. Citado em Simmons, p. 211, Inglês). A presciência de Deus não somente conhece tudo, mas determina tudo em relação à salvação: O nascimento de Cristo (Gl. 4:4), a morte de Cristo pelas mãos injustas (At. 2:23; 4:28), as pessoas a serem salvas (I Pe. 1:2, “os eleitos”), o envio da mensagem a estes (At. 18:10) e a hora que crêem (At. 13:48). Tudo foi segundo a Sua ordenação explícita que, por sua vez, é segundo a Sua vontade que é eterna (II Ts. 2:13,14; Rm. 9:15,16). É nesse sentido de preordenação, que a salvação é segundo a presciência de Deus.

Deus conhece os Seus intimamente com um amor especial e a palavra ‘presciência’ indica isso. A presciência que Deus tem do Seu próprio povo quer dizer Sua complacência peculiar e graciosa para com Seu povo” (Comentário de Jamieson, Fausset, e Brown, citado pelo Simmons, p. 241, Português). Por ter um amor especial, Deus age para com os Seus de maneiras especiais (Dt. 7:7,8; Jr. 31:3; Rm. 9:9-16; I Jo. 4:19). No sentido de preordenação, os eleitos são especialmente e intimamente amados de antemão. É dessa maneira que eles são determinados em I Pedro 1:2 de serem eleitos “segundo a presciência de Deus”.

Há os que determinam que a vontade eterna de Deus é baseada naquilo que vem livremente do homem: a sua vontade. Isso seria basear a salvação divina no conhecimento anterior que Deus tem de algumas ações do homem. Se a vontade de Deus é baseada na ação que Deus conhecia antemão que um homem faria ensinaria que o conhecimento da ação do homem veio antes da própria vontade de Deus. Mas como temos estudado, Deus é antes de todas as coisas, e, em verdade “todas as coisas subsistem por Ele” (Cl. 1:17). A salvação do pecador não é baseada na vontade do homem, mas na de Deus (Ef. 1:11). O novo nascimento “não vem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus” (Jo. 1:13; Rm. 9:16). Por isso, quando consideramos a causa da salvação, a vontade soberana e a presciência de Deus são contempladas. Os eleitos “segundo a presciência” de Deus são os que foram eleitos ‘na’ presciência de Deus (Simmons, p. 211, Inglês). Os eleitos são chamados não segundo as suas obras, mas, “segundo o Seu próprio propósito e graça” que lhes foi dado em Cristo Jesus antes dos tempos dos séculos (II Tm. 1:9).

A presciência, contudo, não anula que o homem tenha uma escolha na salvação. Os mandamentos de Deus para com o homem e as promessas de Deus em resposta às ações do homem confirmam que o homem tem responsabilidade pessoal. Todavia, a presciência garanta que os eventos preordenados serão feitos, até mesmo pela ação livre do homem. A referencia de Atos 2:23 e as múltiplas profecias sobre a vinda, vida, morte, ressurreição de Cristo, a implantação da sua igreja no mundo e os eventos que chamamos ainda de ‘futuros’ são provas que a presciência garante eventos predeterminados sem anular a ação livre do homem.

Aqueles que Deus não conheceu intimamente (Mt. 7:23) são os condenados. Devemos frisar que estes não são condenados por não serem especialmente conhecidos antemão por Deus, mas por praticarem a iniqüidade. São eternamente julgados por não buscarem a justiça de Deus pela fé (Rm. 9:31-33). O inferno é para os que “não se importaram de ter conhecimento de Deus” (Rm. 1:28). A Bíblia diz claramente que “o erro dos simples os matará, e o desvario dos insensatos os destruirá” (Pv. 1:25-32). Os “entenebrecidos no entendimento” são verdadeiramente separados da vida de Deus. Essa separação não é pela eleição, mas, biblicamente, “pela ignorância que há neles, pela dureza do seu coração” (Ef. 4:17-19). Os salvos são recipientes da misericórdia e da graça de Deus dispensadas segundo a Sua vontade e trazidos ao arrependimento e a fé em Cristo (Jr. 31:3; Rm. 9:14,15; Ef. 2:5-9). Os salvos têm somente a Deus, Seu amor e a Sua vontade para louvarem eternamente. Os não salvos não são recipientes da misericórdia e da graça especial de Deus e são condenados pelos seus pecados (Rm. 6:23). Eles somente podem culpar o seu próprio pecado pois este é o que os separam de Deus (Is. 59:1-3). Os condenados têm somente a sua incredulidade para os acompanharem pela eternidade (Jo. 3:18,19). Devemos le1mbrar-nos que o propósito da salvação, que já estudamos, não é nem a salvação ou a condenação do homem, mas a própria glória de Deus. Tanto a salvação quanto a condenação operam para este fim (Pv. 4:16). A presciência faz parte da causa da salvação e não da condenação.

A Soberania de Deus - Ef. 1:11

A palavra soberania significa: 1. Qualidade de soberano. 2. Poder ou autoridade suprema de soberano. 3. Autoridade moral, tida como suprema; poder supremo. 4. Propriedade que tem um Estado de ser uma ordem suprema que não deve a sua validade a nenhuma outra ordem superior. 5. O complexo dos poderes que formam uma nação politicamente organizada (Dicionário Aurélio Eletrônico).

Quando falamos da soberania de Deus entendemos a qualidade de Deus desejar e fazer o que lhe apraz. É o exercício da Sua supremacia (C. D. Cole, citado em Leaves, Worms .., p. 120) ou a expressão da sua santa independência. A soberania de Deus deve ser considerada como parte da causa da salvação juntamente com a sua vontade e preordenação. É a vontade soberana que é relacionada com a Sua presciência, e, é o Seu poder soberano que determina que a Sua vontade seja realizada (Is. 46:10,11, “O meu conselho será firme, e farei toda a minha vontade”; 55:10,11, “fará o que me apraz”; Dn. 4:35; At. 2:23). Que Deus é tido como soberano é claro pelos versículos seguintes (Jó 23:13; Sl. 115:3; 135:6; Lm. 3:37,38; Is. 14:24; 45:7; Is. 46:9,10; Jo. 19:11; Rm. 11:33-39). Deus é soberano na salvação pois Ele não é obrigado a salvar qualquer das suas criaturas rebeldes. A Sua soberania na salvação é entendida em Romanos 9:18, “Logo, pois, compadece-se de quem quer, e endurece a quem quer.” (Veja também Ef. 2:7-11). Deus, pela Sua soberania, faz o Teu povo chegar a Si (Sl. 65:4) e isso, voluntariamente (Sl. 110:3).

“Deus não é somente soberano, mas também é amor. Soberania isolada pode ser fria e dura. Amor isolado pode ser fraco. Deus não é frio e duro nem fraco. Ele é tanto Todo-Poderoso quanto cheio de amor. A soberania de Deus assegura que tudo que aconteça a nós é para Sua glória e o amor de Deus assegura que tudo que aconteça a nós é para o nosso bem.” (Maggie Chandler, Leaves, Worms, Butterflies and T. U. L. I. P. S., p. 70)

A soberania de Deus, em relação a causa da salvação junto com a sua vontade e presciência, é um assunto que vai além do entendimento do homem. A soberania de Deus pode ser considerada uma parte daquilo que é encoberto e que pertence somente ao SENHOR. Porem, aquela parte da soberania de Deus que é revelada pela Palavra de Deus, é para nós e deve ser abordada (Dt. 29:29). Mesmo assim que deve ser estudada, nem tudo revelado nas Escrituras é entendido facilmente. Há coisas para nós inescrutáveis (Jó 42:3), insondáveis (Rm. 11:33) e mais do que podemos contar (Sl. 40:5). Mesmo que nunca alcançaremos os caminhos de Deus ou chegaremos à perfeição do Todo-Poderoso (Jó 11:7), toda essa glória não deve nos cegar de ter fé no que as Sagradas Escrituras revelam de Deus. O homem pode não entender tudo sobre a Deus junto com a Sua vontade, a Sua presciência e Soberania (Mt. 20:13-15), mas em nenhum instante isso justifica o homem julgar ou replicar a Deus (Rm. 9:14-21) e nem ser ignorante do assunto. Se vamos andar da maneira reta diante de Deus, precisaremos andar pela fé com os fatos revelados (Hb. 11:1,6). O assunto da soberania de Deus pede que exercitamos essa fé.

A justiça e o amor de Deus são envolvidos na salvação mas não propriamente como a causa dela. A justiça pede a condenação dos pecados (Gn. 2:7; Ez. 18:20; Rm. 6:23) e não a salvação. O amor de Deus é o que trouxe Cristo para ser o Salvador (Jo. 3:16; Rm. 5:6-8), todavia estamos tratando não o ato da salvação mas a sua causa.

                   

                     Os Necessitados da Salvação

 

No relato bíblico, somente antes do pecado, é dito que tudo que Deus fez foi considerado “muito bom” (Gn. 1:31). Depois que o homem desobedeceu o mandar de Deus de não comer da árvore do conhecimento do bem e do mal (Gn. 2:7) e comeu dela (Gn. 3:6) não se acha nada na Bíblia referindo-se ao homem natural como ‘bom’. Isso mostra tanto que o pecado destrói quanto é universal e total.

Que o homem necessita da salvação é claramente evidente por uma olhada às noticias dos acontecimentos do homem ao redor do mundo pelos meios de comunicação. Assassinatos, corrupções, ameaças, injustiças, preconceitos, mentiras, roubos, fornicações, desrespeito ao seu próximo e ao próprio Deus e a poluição verbal e moral são constantes de todos os povos do mundo todos os dias. A Bíblia evidencia a dimensão do pecado no homem claramente (Ez. 16:4,5; Is. 1:6; Rm. 3:10-18). Essa condição detestável e pecaminosa não é adquirida pelo ambiente ou causada pela falta de oportunidade social ou educacional, mas contrariamente, todo homem é pecador desde o ventre (Gn. 8:21, “a imaginação do coração do homem é má desde a sua meninice” Sl. 51:5, “em iniqüidade fui formado, e em pecado concebeu minha mãe.”; 58:3, “Alienam-se os ímpios desde a madre; andam errados desde que nasceram, falando mentiras; Is. 48:8, “chamado transgressor desde o ventre.”). OBS: Não é o ato da procriação que causa o pecado, nem é a relação conjugal, dentro dos seus limites bíblicos, pecaminosa, mas pela a procriação ser feita entre pecadores, o homem pecador é gerado (Rm. 5:12).

 

O pecado destruiu totalmente a imagem de Deus no homem que existiu por criação especial, ao ponto do homem, universalmente (Rm. 3:23; 5:12), não querer ter nenhum conhecimento de Deus (Jo. 5:40; Rm. 1:28; 3:11,18). Por isso o homem pecador é “voluntariamente” ignorante da verdade (II Pe. 3:5). A vontade do homem não foi a única parte do homem influênciada pelo pecado, mas a sua capacidade de agradar Deus também foi destruída (Rm. 8:8; Jr. 13:23). A condição do homem pecador é tão deplorável que ele não pode vir, pelas suas próprias forças a Cristo (Jo. 6:44,45) e jamais, na carne, pode agradar a Deus (Rm. 8:6-8). O entendimento do homem foi deturpado ao ponto de ser descrito como “entenebrecido” no entendimento (Ef. 4:18; Rm. 1:21). Por isso as verdades santas e boas de Deus não são compreendidas ao homem natural e são, para ele, escandalosas e loucura (I Co. 1:23; 2:14). A responsabilidade da condição pecaminosa do homem é do próprio homem. Ele mesmo busca muitas “astúcias” (Ec. 7:29). Que os homens não são capacitados com desejo nem com poder para o bem em nenhuma maneira é entendido pela denominação “mortos em ofensas e pecados” (Ef. 2:1). Por isso “nenhum homem, pela sua natureza, crê que necessita de Cristo. Ele está cegado pelos seus morais, suas intenções, sua sinceridade, sua bondade. Ele não vê a impiedade do seu pecado nem que o seu caso é sem esperança” (Don Chandler, citado em Leaves, Worms .., p. 129).

O coração do homem, a fonte da vida (Pv. 4:23), é tão enganoso que é impossível que nem o homem conheça a sua própria perversidade (Jr. 17:9). Por isso o homem é completamente “reprovado para toda a boa obra” (Tt. 1:16) fazendo com que o homem tenha inimizade contra o próprio Deus, o seu Criador (Rm. 8:7). O pecado reina em todos os membros (físicos, mentais, emocionais, espirituais) do homem (Rm. 7:23).

A prova que todos os homens são pecadores é dada pelo fato que não há ninguém que obedeça sem nenhum defeito ou omissão todos os mandamentos, e, não existe ninguém que pode manter-se puro de todo e qualquer pecado em pensamento, palavra, ação em coração e vida. Se o homem fosse tão onisciente quanto Deus, o homem declararia o que o próprio Deus declarou quando olhou desde os céus para os filhos dos homens, para ver se havia algum que tivesse entendimento e buscasse a Deus. Deus, naquela ocasião declarou: “Desviaram-se todos e juntamente se fizeram imundos: não há quem faça o bem, não há sequer um.” (Sl. 114:2,3).

A condição deplorável do pecador não significa que ele não tem uma consciência, nem a possibilidade de exercitar a sua mente e a sua vontade ou determinar ações pelo seu raciocínio. Assim que o pecado apareceu no mundo, a consciência do homem foi ofendida (“conheceram que estavam nus”) e, sendo assim, operou segundo a sua própria deplorável determinação e lógica pecaminosa, e, em prova disso, escondeu-se de Deus. Apesar da presença do pecado e toda a sua natureza de destruição no homem, “os olhos” que enxergam a condição da alma (a consciência), não somente existiram, mas eram ativos (Gn. 3:7,8). O Apóstolo Paulo, pela inspiração do Espírito Santo, ensina que os pagãos tenham uma consciência ativa e por ela acusa suas ações ou as defendem (Rm. 2:14,15). João 8:9 nos dá um exemplo que o homem pecador tem uma consciência e é capaz de agir conforme o seu raciocínio. Mesmo que existem tais qualidades (uma consciência viva), a condição deplorável do pecador influência na operação da sua consciência, da sua lógica e da sua vontade ao ponto de não buscar a Deus (Rm. 3:11), não amar a luz (Jo. 3:19) e não compreender as coisas do Espírito de Deus (I Co. 2:14). A consciência existe mas ela é influênciada pelo que o homem é: um pecador.

A condição abominável do pecador não quer ensinar que o homem não pode fazer uma escolha livre. O homem pecador pode determinar o que ele quer escolher. Somente pelo fato do homem uniformemente preferir a iniqüidade, em vez do bem, não quer ausentar o fato que ele tem uma escolha. O homem tem uma escolha sim e ele faz a sua escolha continuamente. Mas devemos frisar que a mera possibilidade de fazer uma escolha, não automaticamente ensina que o homem tem capacidade de fazer a escolha santa ou aquilo que agrada a Deus. Todos nós temos a livre escolha de trabalhar e ser milionários, mas essa liberdade não nos faz capazes. Mesmo possuindo a qualidade da livre escolha, o homem pecador é incapaz de escolher o bem para agradar a Deus pois a inclinação da sua carne é morte (Rm. 8:6-8). O arbítrio do homem, contudo, não é livre. Mesmo que a capacidade do homem escolher é livre, contudo, o seu arbítrio (Resolução que depende só da vontade, Dicionário Aurélio Eletrônico) é servo da sua vontade, e, portanto, não é livre. O arbítrio do homem faz o que a sua vontade dita. Mas, falando da sua escolha, essa é livre. O homem indo a uma sorveteria tem livre escolha entre os sabores. Essa situação mostra que ele tem livre escolha. Todavia, o homem somente pede o sabor predileto pois o seu desejo, a sua vontade, pessoal o leva assim a escolher e o seu arbítrio, que é servo da sua vontade, pede aquele sabor. Nisso entendemos que a escolha é livre mas não o arbítrio.

A condição depravada do pecador não significa que homem nenhum pratica boas obras. Os homens não regenerados são verdadeiramente capazes de fazer tanta religião quanto os fariseus que dizimaram até as mínimas coisas para com Deus (Mt. 23:23; Lc. 11:42). Todavia, todas as boas obras que o pecador faz é somente para dar “fruto para si mesmo” (Oséias 10:1) e não para a glória de Deus. O homem pode se ocupar esforçadamente no guardar dos mandamentos, ser sincero para com tudo que é religioso e ser generoso nas obras da caridade (Mc. 10:17-20, “tudo isso guardei desde a minha mocidade”). Todavia, a sua condição depravada faz com que nada disso se torna agradável a Deus (Is. 64:6; Rm. 8:7,8).

A condição terrível de pecador não quer insinuar que todos os homens revelam todo o pecado que podem manifestar. Há os que rejeitem Cristo que jejuam duas vezes na semana (Lc. 18:12). Há os pecadores que Deus nunca conheceu mas dizem “Senhor, Senhor!” e profetizam no nome do Senhor Jesus (Mt. 7:22). Existe os outros pecadores que escarnecem do Santo (Mc. 15:29-31) ou são malfeitores (Lc. 23:41). Comparando pecador com pecador alguns parecem mais refinados e outros mais bárbaros. Todavia todo o homem é pecador e qualquer pecado merece a separação eterna da presença de Deus (Ez. 18:20; Rm. 6:23; Tg. 2:10). “A manifestação do pecado aumenta a medida que os pensamentos ímpios são guardados, os hábitos imorais são praticados e os ensinamentos da verdade são ignorados” (Rm. 1: 28; Boyce, p. 245).

A condição detestável e completa do homem pecador também não minimiza a responsabilidade do pecador para com Deus. Todo homem é responsável para com Deus porque a sua incapacidade não veio por uma imposição ou causa divina mas porquê ele mesmo voluntariamente pecou e trouxe sobre si a condenação divina (Gn. 2:17; 3:6,17). Todo o homem deve ocupar-se em não pecar e deve preocupar-se em agradar o seu Criador e juiz. Essas ocupações são exigidas por sua condição de ser a criatura e por Deus ser o Criador (Ec. 12:13). Alguns podem duvidar se somos responsáveis pessoalmente por termos uma natureza pecaminosa vindo de Adão (Rm. 5:12), mas, de fato, somos responsáveis pela expressão dela (Ez. 18:20; I Jo. 2:16; 3:4). A responsabilidade para com Deus é entendida em que não somos forçados a pecar mas pecamos pela ação da nossa própria vontade (Gn. 3:6,17; Jo. 5:40). Não é a incapacidade de obedecer que nos separa de Deus mas os próprios pecados do homem que fazem a sua separação de Deus (Is. 59:1-3; Ef. 1:18). A incapacidade natural (Rm. 3:23) e moral (Tt. 1:15) nunca descarta a responsabilidade particular de nenhum a não pecar. Qual cidadão racional escusa o homicídio culposo pela razão de ser praticado quando bêbedo; ou desculpa um crime por ser praticado por um desequilibrado pela raiva; ou justifica os crimes por serem simplesmente pela paixão, etc.? A bebida, a ira e a paixão podem levar o homem a agir irracionalmente, mas é ele que bebe descontroladamente, se ira e se deixa ser levado pela paixão. Por isso o homem é responsável pelas suas ações quando nestas condições se encontra. O fato que o homem deve se arrepender (Mt. 3:2; At. 17:30) revela que Deus sabe que o homem é responsável a responder positivamente a Ele. O primeiro homicídio foi castigado (Gn. 4:11) como todos os pecados serão (Ap. 20:11-15), convencendo todos, com isso, que a expressão do pecado é da responsabilidade daquele que comete tal ação (Ez. 18:20; Rm. 3:23; 5:12). Não obstante a sua responsabilidade de amar a Deus de todo o coração e de se arrepender pelo pecado cometido, o homem natural, o primeiro Adão, é tão desfeito pelo pecado que não pode fazer, com seu próprio poder, o que ele sabe que deve fazer para agradar a Deus (Rm. 8:7; II Co. 2:14). Mas, mesmo sendo incapaz, ele é, completa e universalmente responsável pela obediência da Palavra de Deus em tudo (Ec. 12:13, “é o dever de todo o homem”).

A incapacidade do pecador não desqualifica os meios que devem ser empregados tanto pelo pecador para sua salvação quanto pelo salvo em pregar aos perdidos. Tanto o pecador quanto o salvo deve ocupar-se em usar todos os recursos que biblicamente têm à mão. A impossibilidade de produzir um efeito não é razão suficiente para ser irresponsável no dever. O fazendeiro jamais pode produzir uma safra qualquer nem efetuar a chuva cair na terra ou fazer o sol brilhar. Essa incapacidade não desqualifica-o de semear e regar a semente. O mandamento de Deus é que o pecador deve se arrepender e crer (At. 17:30). O mandamento de Deus é que o crente ore e pregue (Sl. 126:6; Mt. 28:18-20). Por serem mandados, os mandamentos devem ser obedecidos não obstante a condição natural do homem. Os meios têm um fim. Para ceifar é necessário primeiramente semear (Gl. 6:7-10). É verdade que Deus dá o crescimento, mas é somente depois de semear e de regar (I Co. 3:6). O receber depende do pedir; o encontrar depende do buscar; o abrir vem somente depois de bater (Mt. 7:7). Portanto, os meios devem ser empregados apesar da incapacidade total do pecador ou das fraquezas dos salvos. Os meios são a única maneira ao fim esperado. Apenas existe o receber enquanto haja o pedir (Mt. 7:7). Paulo pergunta: “como crerão naquele de quem não ouviram?” (Rm. 10:13-15). Por ter fruto somente depois de semear, por ter a salvação somente depois de crer, os meios bíblicos devem ser empregados se quer ter o fim esperado. Também devemos usar os meios disponíveis por ter a promessa de Deus. Deus promete fruto se a semente for semeada. A promessa de Deus anima o semeador de ter longa paciência na sua esperança de uma safra eventual (Tg. 5:7). A promessa diz que eventualmente haverá uma safra (Sl. 126:5,6) e um aumento (Ef. 4:11-16). Apesar da incapacidade do homem pecador crer, e da impossibilidade do pregador se convencer de qualquer dos seus pecados, existe a necessidade de empregar zelosamente todos os meios que Deus designou nas Escrituras Sagradas na evangelização.

A incapacidade do homem pecador não deve incentivar a sua demora em vir a Cristo ou deve desculpar a sua desobediência aos mandamentos de Deus. Quanto mais incapaz é o homem de crer mais ele deve procurar a graça de Deus em misericórdia para crer (Mc. 9:24). Que o doente precisa do médico é fato. Quanto mais severa a doença mais urgente o socorro. Se o pecador entende a sua situação deplorável, pode se prostrar diante de Deus clamando pela sua ajuda (Mc. 9:24) pedindo a Deus: “Ó Deus, tem misericórdia de mim, pecador!” (Lc. 18:13; 11:13). O mandamento não é esperar por uma sensação, visão ou qualquer outro sinal. Cristo já foi dado e declarado (I Co. 3:11). O mandamento de Deus é: “Hoje, se ouvirdes a sua voz, não endureçais os vossos corações” (Hb. 3:13,15). Se o salvo entenda a sua responsabilidade, o mandamento de Deus é: “Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura” (Mc. 16;15), ame a Deus de todo o coração (Mc. 12:30) e “crescei na graça e no conhecimento de Cristo” (II Pe. 3:18). Quanto mais sentirmos fracos em obedecer, mais esforçadamente devemos procurar a Sua graça. É Deus que opera em nós tanto o querer como o efetuar segunda a sua vontade (Fp. 2:13). Isto deve encaminhar-nos a Ele a buscar a Sua graça para obedecermos o Seu mandar.

Somente a salvação pela graça capacitará o pecador a entrar no reino de Deus (Jo. 3:3,5; II Co. 3:5). A própria condição deplorável do homem mostra a sua necessidade da salvação. O homem é sem a justiça necessária (Rm. 3:10), sem Cristo, separado de Deus, sem nenhuma esperança (Ef. 2:12) e sem esforço (Rm. 5:6; 7:18). Ele está com a maldição da lei (Gl. 3:10) e sobre ele permanece a ira de Deus (Rm. 3:36). A condição abominável do homem assegura que ele necessita da salvação, aquela que vem exclusiva e completamente de Deus. Por isso pregamos a salvação somente pela graça. Se o homem tivesse uma mínima condição para ajudar-se, a sua salvação não seria totalmente de graça. A depravação da sua condição total e universalmente pecaminosa, estabelece o fato que a salvação eterna é, em todas as suas partes, divina e inteiramente graciosa (Ef. 2:8,9). Assim Cristo ensinou quando comparou a relação que existe entre Ele e o Seu povo usando a videira e as varas. E ele disse: “sem mim nada podeis fazer.” (Jo. 15:4,5). Que Deus abençoe os salvos a pregar tal graça e os pecadores a buscá-la antes que seja tarde demais.

Que a mensagem clara da condição abominável do pecador, da realidade da sua incapacidade de fazer o bem e a verdade que todos são responsáveis diante de Deus incentive todos os pecadores a clamarem pela misericórdia de Deus para o perdão dos seus pecados e pela fé necessária para crerem em Cristo Jesus para a salvação! E que clamem até conhecerem Cristo pessoalmente. Tal salvação é a sua responsabilidade e necessidade e o encontro de tal salvação é o nosso desejo para com você.

 

                A Escolha de Deus na Salvação

 

Efésios 1:3-13

Não é necessário que todos os crentes concordem com tudo o que este estudo apresenta sobre eleição para ser bons crentes. O autor do estudo é ciente que existem explicações diferentes sobre o tema apresentado mesmo que ele não concorda com todas elas. Mesmo assim, é esperado que o leitor creia em algo sobre o assunto. A Bíblia trata desse estudo sem confusão. Muitos alunos da Bíblia crêem que mexer com o assunto de eleição é comprar uma briga, ou entrar em uma briga que é dos outros. Outros ainda ignoram o assunto por inteiro como se fosse uma parte das coisas encobertas de Deus e que Ele não quer que ninguém trate (Dt. 29:29). A atitude do autor não é a de brigar, nem a interferir com as brigas dos outros. Também não é a sua intenção de desvendar algo misterioso que Deus quer deixar encoberto para todo o sempre. O autor simplesmente quer expor o que a Bíblia diz do assunto, e, mesmo não entendendo tudo sobre Deus, crer pela fé naquilo revelado divinamente pela Palavra de Deus. Este deve ser o mínimo esperado de um estudo bíblico feito por qualquer aluno honesto. Devemos lembrar-nos: tudo que está revelado na Bíblia pertencem a nós e a nossos filhos (Dt. 29:29; II Tm. 3:16,17, “Toda a Escritura é divinamente inspirada e proveitosa ..”).

 

O simples fato que subsistem salvos entre os espiritual e moralmente incapacitados; que existem vivos entre os mortos em pecados e ofensas; que têm os que querem agradar a Deus entre uma multidão de incapacitados que somente procuram concupiscência, é prova definitiva que existe uma força maior nos homens operando sobre eles para salvá-los. Essa força opera segundo um poder fora do homem. Esse poder opera segundo uma determinação que não pertence ao homem.

Essa determinação maior no homem e fora do homem é a própria vontade de Deus (Ef. 1:11). A vontade soberana de Deus é revelada nas Escrituras Sagradas em certos termos. O termo que estipula a ação da eterna vontade de Deus em determinar quem entre todos virão ser salvos é a eleição. A eleição de Deus é puramente uma terminologia bíblica não sendo então a invenção de nenhum teólogo.

O Significado das Palavras Bíblicas: ‘eleito’ e ‘escolha’

Convém um entendimento da terminologia que Deus usa na Bíblia no tratamento desta doutrina. Existe a palavra ‘eleito’ tanto no Velho Testamento (# 972, 4 vezes somente: Is. 42:1; 45:4; 65:9,22. Os números vêm da numeração da concordância Strong’s) quanto no Novo Testamento (#1588 com raiz em #1586, 27 vezes junto com as suas variações: eleição, elegido). Não obstante a palavra ‘eleito’ sendo usada, tanto no Velho Testamento quanto no Novo Testamento, ela sempre significa a mesma coisa: escolhido, um preferido, elegido - por Deus (Strong’s, Online Bible). Às vezes, essa palavra hebraica, traduzida na maioria dos casos pela palavra ‘eleito’ em português, é também traduzida, em português, por ‘escolhido’ (4 vezes, I Cr. 16:13; Sl. 89:3; 105:6; 106:23). A palavra em grego traduzida por ‘eleito’ no Novo Testamento (#1588, 27 vezes) é também traduzida ‘escolhido’, com a suas variações, não menos que trinta vezes (#1586, Mt. 20:16; Mc. 13:20, “eleitos que escolheu”; Jo. 13:18; I Co. 1:27; Ef. 1:4, etc.).

Pela simples comparação ao significado desta palavra ‘eleito’, como ela é usada pelas Escrituras Sagradas, podemos entender que a eleição é uma escolha, e, uma escolha feita por Deus. A palavra ‘eleito’ em português significa como adjetivo: 1. Escolhido, preferido. Como substantivo significa: Indivíduo eleito (Dicionário Aurélio Eletrônico). A própria palavra ‘eleição’ significa em português: 1. Ato de eleger; escolha, opção (Dicionário Aurélio Eletrônico). Como é claro pelo estudo das palavras usadas biblicamente para explicar a determinação de Deus, tanto em hebraica, em grego ou em português a palavra ‘eleito’ e ‘escolha’, junto com a suas variações, significam a mesma coisa, ou seja, uma escolha de preferência.

A Natureza da Eleição

Desde que a Bíblia trata dessa escolha abertamente, não temos que chegar a uma vaga conclusão deduzida por abstratos, emoções, preferências ideológicas ou mera simbologia. Essa escolha é descrita pela Bíblia. Por ser descrita biblicamente não é necessário ter dúvidas sobre a natureza da eleição.

A eleição: Origina-se com Deus

A eleição e o novo nascimento são similares mas não iguais. Um precede o outro. É claramente estipulada biblicamente que tanto o novo nascimento quanto a eleição originam-se com Deus. Contudo, há uma grande diferença. Os que crêem em Cristo pela fé são feitos filhos de Deus e salvos mas ninguém é feito um eleito pela fé. Existe uma verdade igual entre os dois, ou seja, os dois originam-se de Deus mesmo que um precede o outro em tempo. É bíblico que o novo nascimento não se origina do sangue ou da carne (do homem), mas de Deus (Jo. 1:12,13; Rm. 9:16). A eleição também vem somente de Deus (I Ts. 1:4, “Sabendo, amados irmãos, que a vossa eleição é de Deus”). Os eleitos desejam vir a Deus e querem crer em Cristo, e vêm a Deus e crêem de coração em Cristo por serem dados a Cristo pelo Pai na eleição em primeira instância antes da existência do homem (Jo. 6:37,44; Ef. 1:4). Por serem dados a Cristo pelo Pai na eternidade, antes da fundação do mundo, é claro que existia uma determinação prévia e essa determinação de Deus é a origem de qualquer ação positiva feita pelo homem para com Deus. Essa determinação prévia não foi de homem mas de Deus (Jo. 6:37; Rm. 9:16).

Será que o meu destino está em minhas mãos agora? Então eu me seguro a mim mesmo na minha salvação. Se não me seguro bem eu perco a minha salvação. Mas a Bíblia declara: “Que mediante a fé estais guardados na virtude de Deus para a salvação” (I Pe. 1:5; Salmos 37:28, “Porque o SENHOR ama o juízo e não desampara os seus santos; eles são preservados para sempre”; Jo. 10:27-29, “e nunca hão de perecer, e ninguém as arrebatará da minha mão”; Fp. 1:6, “Tendo por certo isto mesmo, que Aquele que em vós começou a boa obra a aperfeiçoará até ao dia de Jesus Cristo”; Hb. 13:5). Se o meu destino não é seguro em minhas mãos agora depois que sou salvo, como poderia pensar que estaria seguro em minhas mãos antes da minha conversão? (C. D. Cole).

Pela eleição ser motivada primeiramente por Deus, Cristo pôde declarar: Não me escolhestes vós a mim, mas eu vos escolhi a vós (Jo. 15:16). Pela eleição ser motivada primeiramente por Deus o cristão declara: “Nós O amamos a Ele porque Ele nos amou primeiro” (I Jo. 4:19).

Se marcássemos pela Bíblia cada um dos casos que Deus age soberanamente para com o homem; cada uma das declarações que determinam que a eleição e os seus frutos são de Deus, e cada ilustração, parábola, etc. que mostram que a eleição é a operação usual de Deus, entenderíamos que quase todos os livros da Bíblia mencionam a eleição e atestam que a eleição é de Deus pela Sua graça.

Considerando o fato que o homem pecador é isento da capacidade de fazer algo bom para com Deus (Jr. 13:23; Rm. 3:11; Jo. 6:44) entendemos que o homem não pôde ajudar a Deus nessa escolha que precede o novo nascimento. O homem pecador, naturalmente maquina pensamentos maus continuamente (Gn. 6:5; Jr. 17:9; Rm. 3:23). Pela razão da eleição vir primeiramente de Deus, os cristãos têm forte razão de adorar e louvar a Deus eternamente. É isto que o Apóstolo Paulo enfatiza na sua carta aos Efésios (Ef. 1:3, 4).

O fato que a eleição e o novo nascimento vêm de Deus, não cancela a responsabilidade de todo homem em todo lugar de se arrepender e crer em Cristo (At. 17:30). Se você se encontra ainda nos seus pecados, a mensagem de Deus para este momento é: Arrependei-vos e crede no evangelho (Marcos 1:15)

A eleição é: Incondicional

A natureza dessa escolha é descrita pelas verdades apresentadas na Bíblia também como sendo incondicional. Isso não quer dizer que a salvação não tem condições, pois as tem (e todas elas são preenchidas pelo sangue de Cristo, Ef. 2:13; I Pe. 1:19,20). Todavia, não estamos tratando agora das condições relativas ao preço pago na salvação, mas do fato que o homem não necessitava cumprir algo para ser escolhido por Deus para a salvação. Pela afirmação que a eleição é incondicional entendemos que aquela escolha que Deus fez antes da fundação do mundo (Ef. 1:4), não foi baseada em algo que existia anterior ou poderia existir posteriormente no homem. Isto é, não há nada bom que se originou no homem que poderia ser interpretada como sendo uma condição que induziu Deus primeiramente a o preferir e o escolher. O ensino que estipula o prévio conhecimento divino que o homem aceitaria a salvação se ela fosse apresentada a ele como razão pela qual Deus o escolheu, é falso e torna a eleição divina ter uma condição: a prévia escolha do homem para com Deus. Mas, a verdade, como veremos, é que o homem não preencheu, nem poderia preencher, nenhuma condição qualquer para ser eleito.

No homem não existe nenhum atributo bom nem capacidade de agradar a Deus (Rm. 7:18, “Porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem algum”; Jr. 17:9; 13:23). Por não habitar nada bom nele, não houve nada, (e, se fosse deixado às suas próprias forças nunca poderia haver algo bom) para atrair a atenção salvadora de Deus ao homem. Antes de Deus primeiramente fazer uma obra no homem pecador, era impossível existir algo no homem que he dava uma predisposição a escolher a Deus (Jr. 13:23) e portanto nenhuma razão para Deus o escolher a não ser pela Sua gloriosa misericórdia.

A primeira razão da eleição não veio do homem. Deus escolheu o homem “para Si mesmo, segundo o beneplácito de sua vontade” (Ef. 1:5,9,11. A palavra ‘beneplácito’ significa: aprazimento - Dicionário Aurélio Eletrônico, Ver. 3.0). A condição da determinação primária de Deus foi o querer de Deus e não por nenhuma justiça real ou provável que o homem poderia ter, intentar ou desenvolver (Is. 64:6, são “todas as nossas justiças como trapo da imundícia”). Se Deus tivesse posto uma condição para eleger qualquer homem, e, se um homem tivesse cumprido essa condição, este homem se destacaria acima dos que não teria cumprido a mesma condição. Aquela condição cumprida faria este homem favorável diante de Deus e faria Deus a ser obrigado a conceder-lhe a salvação. Uma condição favorável no homem diante de Deus faria a salvação ser pelas obras ou pelas condições humanas e não plenamente segundo a graça divina. Se Deus escolhesse o homem pelo homem primeiramente escolher a Deus, faria a salvação ser feita pela vontade de homem em vez do beneplácito da vontade divina. Mas, a eleição, tanto quanto a salvação, é puramente pela graça: um favor divino desmerecido (Rm. 11:5,6; Ef. 2:8,9, “Pela graça sois salvos”) e imerecido pelo homem (Jr. 13:23; Rm. 8:6-8, “os que estão na carne não podem agradar a Deus”). A eleição é uma escolha puramente divina e completamente graciosa para salvar um homem que não tinha nenhuma condição boa para apresentar-se diante de Deus com um mínimo mérito qualquer. Deus preferiu um pecador particular para receber a Sua graça somente porque quis (Rm. 9:15,16, “Compadecer-me-ei de quem me compadecer, e terei misericórdia de quem eu tiver misericórdia”).

Somente entendendo tudo sobre a vontade de Deus, algo que não podemos nunca atingir, entenderíamos por completo por que Deus escolheria um homem tão depravado que não possuía nenhuma capacidade, e, portanto, nenhuma condição, para atrair-lhe a Si. Mas, de fato, conforme a Bíblia, é isto que Deus fez. A escolha de Deus da nação de Israel revela essa atitude (Dt. 7:7) e a escolha de Deus do pecador para a salvação é da mesma natureza. Consulta: Isaías 65:1, “Fui buscado dos que não perguntavam por mim, fui achado daqueles que não me buscavam; a uma nação que não se chamava do meu nome eu disse: Eis-me aqui. Eis-me aqui.”; João 1:12,13, “os quais não nasceram … nem da vontade do homem, mas de Deus.”; Romanos 3:18-23; 9:11, “não tendo eles … tendo feito bem ou mal (para que o propósito de Deus, segundo a eleição, ficasse firme, não por causa das obras, mas por aquele que chama); 9:15,16, “isto não depende do que quer, nem do que corre, mas de Deus, que se compadece.”; I Coríntios 1:27-29, “Mas Deus escolheu as coisas loucas deste mundo para confundir as sábias; e Deus escolheu as coisas fracas deste mundo para confundir as fortes; E Deus escolheu as coisas vis deste mundo, e as desprezíveis, e as que não são, para aniquilar as que são; Para que nenhuma carne se glorie perante Ele.”

Devemos resumir esta parte da natureza de eleição como Jesus a resumiu: Sim, ó Pai, porque assim te aprouve (Mt. 11:25,26).

Se você se percebe sem capacidade para cumprir qualquer condição para agradar a Deus, a mensagem de Deus é: “Ó vós, todos os que tendes sede, vinde às águas, e os que não tendes dinheiro, vinde, comprai, e comei; sim, vinde, comprai, sem dinheiro e sem preço, vinho e leite … Buscai ao SENHOR enquanto se pode achar, invocai-o enquanto está perto. Deixe o ímpio o seu caminho, e o homem maligno os seus pensamentos, e se converta ao SENHOR, que se compadecerá dele; torne para o nosso Deus, porque grandioso é em perdoar.” (Is. 55:1,6,7) e “Esta é uma palavra fiel, e digna de toda a aceitação, que Cristo Jesus veio ao mundo, para salvar os pecadores…” (I Tm. 1:15).

A eleição é: Pessoal e individual

A escolha de Deus também é descrita biblicamente como sendo pessoal e individual (Rm. 9:15, “compadecer-me-ei de quem me compadecer, e terei misericórdia de quem eu tiver misericórdia”). Quando dizemos que a natureza da escolha de Deus é pessoal queremos entender que a eleição de Deus foi por pessoas individualmente conhecidas por Ele antes da fundação do mundo (Ef. 1:4). A eleição para salvação é para com indivíduos e essa eleição não é motivada pelas ações destes indivíduos. A verdade que a eleição é pessoal e individual pode ser entendida pelos próprios pronomes usados concernente à eleição. Pela Bíblia encontramos pessoas chamadas segundo o propósito de Deus (Rm. 8:28, “daqueles que são chamadas segundo o Seu propósito”). Essas mesmas pessoas, e não as suas ações, são dadas como sendo dantes conhecidas e predestinadas por Deus (Rm. 8:29). Em Rm. 9:10-16 temos até o nome citado de um homem que Deus escolheu antes deste ter nascido ou de fazer bem ou mal, mas, “para que o propósito de Deus, segundo a eleição, ficasse firme”. Dizendo que a eleição de uma nação não inclui os indivíduos dela é de beirar na tolice. Falando de Israel, como uma nação, Deus confortava o Seu povo afirmando que Ele os amava com um amor eterno. Foi pelo amor eterno, e não por uma ação futura deste povo, que O motivou “com benignidade” de os atrair (Jr. 31:3). É pela ordenação de Deus que qualquer indivíduo chega a crer. Diz Atos 13:48, “e creram todos quantos estavam ordenados para a vida eterna” e não vice-versa, ou seja, não foram ordenados à salvação por terem crido. Isso seria uma eleição baseada nas ações e não na ordenação divina para com uma pessoa. A ordenação divina para com o indivíduo veio primeira. A fé salvadora veio depois e por causa da ordenação. Por isso podemos enfatizar que os salvos são pessoal e individualmente conhecidos por Deus, em uma maneira especial entre todos que foram criados por Ele, antes da fundação do mundo (Ef. 1:4; Tt. 1:2). Paulo, em carta aos Tessalonicenses, diz que a eleição pessoal e eterna é motivo dos salvos darem graças a Deus (II Ts. 2:13, “Mas devemos sempre dar graças a Deus por vós, irmãos amados do Senhor, por vos ter Deus elegido desde o princípio para a salvação ..”). Pela eleição pessoal e individual ser um motivo de gratidão por alguns podemos entender que a eleição é pessoal e pela graça, e, assim sendo, não é, de maneira nenhuma, um direito dos pecadores nem uma obrigação de Deus.

Mesmo que a eleição pessoal é estipulada pelas Escrituras Sagradas, ela pode parecer estranha à nossa concepção das coisas pela nossa mente finita. Mesmo assim, devemos crer nessa doutrina da mesma forma que Deus a explicou: “compadecer-me-ei de quem me compadecer, e terei misericórdia de quem eu tiver misericórdia” (Rm. 9:15). Se a aceitação dessa verdade necessita de uma fé maior em Deus, Deus é agradado (Hb. 11:6) e adorado como convém (Jo. 4:23, 24).

Mesmo que a eleição origina-se com Deus, incondicional e pessoalmente, não há razão nenhuma de qualquer pecador não salvo não se arrepender dos seus pecados agora. Apesar da obra eterna de Deus na eleição ser claramente uma verdade bíblica, também a responsabilidade do pecador a se arrepender diante de Deus confessando Cristo como Salvador é tão clara e bíblica. Não demore em ser resgatado dos pescados! Arrependa-se já!

A eleição é: Particular e preferencial

A escolha de Deus, por ser pessoal e individual, pode ser determinada também como sendo particular e preferencial. Isso quer dizer que entre todos os condenados, Deus, em amor, particularmente escolheu alguns para receber as bênçãos da salvação. Podemos entender essa particularidade examinando alguns casos de escolha que Deus fez, os quais são relatados pela Bíblia. Tal examinação de casos nos dará uma prova divina e segura que a eleição particular e preferencial é bíblica.

• Antes do dilúvio, a maldade multiplicara ao ponto que toda a imaginação dos pensamentos dos homens era só má continuamente. Todavia, um destes homens achou graça nos olhos de Deus. Lembramo-nos que este homem não merecia este favor de Deus, ou melhor, que ele era igual aos homens corruptos. Se este agraciado merecia o favor que Deus mostrou, não seria mais graça da parte de Deus e sim uma obrigação (Rm. 11:6). Deus não achou graça aos olhos de Noé mas Noé achou graça aos olhos de Deus. Quer dizer, entre todos os corruptos, uma escolha diferenciada foi feita para transformar este homem, Noé, e a sua família, em vasos de benção (Gn. 6:5-8).

• Entre os dois filhos abençoados de Noé, o Sem foi escolhido para ser na linhagem de Cristo (Gn. 9:26; Lc. 3:36) e não o filho Jafé – que era o mais velho (posição do erudito John Gill, Gn. 5:32; 11:10). Porque esta distinção foi feita?

• Abraão foi escolhido em vez de seus irmãos Naor ou Harã para ser o pai das nações (Gn. 11:26-12:9). Será que Abraão merecia essa preferência? Não, Abraão, junto com os da sua família, servia outros deuses fazendo ele tão abominável quanto os demais (Js. 24:2). Todavia, uma distinção foi feita e foi Deus quem fez. Entre todos os povos, dos quais ninguém mereceu tal atenção de Deus, um teve a preferência de Deus para ser um instrumento de benção (Dt. 7:6).

• Jacó, o enganador, foi escolhido a ser amado por Deus e a conhecer o arrependimento em vez do seu irmão Esaú que não era um enganador a quem Deus odiou (Hb. 12:16,17; Rm. 9:10-16). Se fossemos nós escolhendo, e especialmente se soubéssemos o futuro, não escolheríamos dar benção nenhuma a um homem enganador quanto Jacó e contrariamente a escolha divina escolheríamos as bênçãos para Esaú. Todavia, Jacó foi escolhido pela eleição e não Esaú (Sl. 135:4). Uma escolha preferencial foi feita por Deus.

• Efraim foi colocado adiante de Manassés mesmo que não tivesse direito (Gn. 48:17-20). Porque essa diferenciação foi feita? Mesmo que foi Israel que fez essa escolha preferencial, foi dirigido por Deus para cumprir o Seu decreto eterno.

• José, o 11o filho, recebeu uma porção maior da benção (Gn. 48:22). Porque não foi o filho mais velho que recebera tal benção? Que foi uma preferência é claro.

• O patriarca Moisés (Êx. 2:1-10), o salmista Davi (I Sm. 16:6-12), o profeta Jonas (Jn. 1:3) e outros também poderiam ser citados para com os quais Deus fez uma escolha particular e preferencial entre outros de igual caráter e situação de vida.

• O apóstolo Pedro foi escolhido entre os outros apóstolos para que os gentios ouvissem a palavra do evangelho da sua boca e cressem em Cristo (At. 15:7). Com certeza essa foi uma escolha de Deus, que era particular e preferencial.

• A escolha preferencial poderia ser entendida até pela consideração dos que não foram escolhidos desde a fundação do mundo “cujos nomes não estão escritos no livro da vida desde a fundação do mundo” (Ap. 17:8).

• Há uma razão, menos que a preferência ou discriminação de Deus, que causou o Evangelho de Cristo de ir eventualmente para Europa em vez de ir para Ásia (At. 16:6-10)? Porventura os da Europa tinham naturalmente mais fé do que os da Ásia?

• Alguns dos anjos, de todos os que foram criados, foram elegidos. Estes não caíram e permaneceram no abençoado ofício de ministrar as coisas santas diante de Deus e os Seus (I Tm. 5:21; Jd. 6; Hb. 1:13,14). Porque essa discriminação preferencial?

• Existe salvação para o homem pecador mas não para os anjos que caíram. O homem é um ser menor do que os anjos (Hb. 2:6,7), e sendo assim, logicamente teria menos preferência. Mas, é evidente que uma distinção foi feita soberanamente entre todos os seres criados que pecaram e ela foi feita para o bem do homem e não do anjo.

Como temos examinado pelos casos citados, essa distinção preferencial é puramente pela determinação divina e não pelo valor que qualquer um dos escolhidos tinham, ou teriam. Nenhum dos homens, naturalmente, tinham entendimento ou buscaram a Deus primeiramente (Sl. 14:2,3). A escolha particular de uns sobre outros, entre os quais nenhum merece uma discriminação favorável, revela que a eleição é particular, preferencial e, como logo veremos, graciosa. Considera a resposta natural dessa boa indagação de Paulo à igreja em Corinto que tendia para partidarismo entre os ministrantes da Palavra de Deus, “Porque, quem te faz diferente? E que tens tu que não tenhas recebido? E, se o recebeste, por que te glorias, como se não o houveras recebido?” (I Co. 4:7).

Pode ser que seja difícil para a mente humana entender por completo esse fato, mas a dificuldade para o homem de entender não determina que o fato seja menos uma característica de Deus ou uma verdade menos revelada da Palavra de Deus. Não seríamos os primeiros que duvidaram da retidão dessa escolha de Deus (I Sm. 16:6,7). Somente devemos ter o cuidado de não julgar Deus de injustiça (Rm. 9:14). Finalmente, é necessário que a lógica do homem submete-se à soberania de Deus e aceitar o fato de Ele fazer o que Ele quer com o que é dEle (Mt. 20:14,15).

Examinando os exemplos das escolhas preferenciais pela Bíblia podemos entender melhor as verdades sobre a causa da salvação anteriormente abordadas neste estudo. Pela natureza da eleição originando-se principalmente de Deus percebemos o que estudamos em primeiro lugar: Deus é a primeira causa da salvação. Pela natureza da eleição, uma doutrina bíblica, sendo pessoal e individual, podemos ter uma idéia clara da base da eleição pela presciência de Deus pois ela é baseada em quem Ele conhece com amor na eternidade e não nas ações do pecador em um tempo futuro. Pela natureza da eleição sendo particular e preferencial podemos compreender a causa da salvação sendo pela soberania de Deus pois ninguém merece ser preferido ou escolhido à salvação.

Você é um pecador entre outros? Deus não manda ao pecador algum determinar se é ou não é eleito por Deus. Deus manda que a mensagem de Jesus Cristo seja anunciada a todos os homens que se arrependam e confiam de coração no sacrifício de Cristo para a sua salvação. Confie já em Cristo pela fé!

A eleição é: Graciosa

A natureza da eleição de Deus também é descrita biblicamente como sendo graciosa. A definição da palavra graça em português é: 1. Favor dispensado ou recebido; mercê, benefício, dádiva. 2. Benevolência, estima, boa vontade. (Dicionário Aurélio Eletrônico, Ver. 3.0). Em grego, a palavra ‘graça’ significa: a influência divina no coração e a sua evidência na vida (#5485, Strongs). Pela 155 vezes essa palavra grega é usada no Novo Testamento (Concordância Fiel) não é surpresa que todos os ‘evangélicos’ crêem que a salvação é pela graça.

Muitas pessoas que freqüentam igrejas ‘evangélicas’ podem citar Ef. 2:8, 9 que diz: “Porque pela graça sois salvos, por meio de fé, e isto não vem de vós, é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie.” Todavia, é novidade para muitos que a própria eleição para a salvação, aquela ação de Deus que precede a própria salvação, também é pela graça. Muitos pensam que Deus foi influenciado na sua escolha por algo que o homem fez, faz ou faria. A verdade é que a eleição para a salvação não é baseada em nenhuma obra boa prevista do homem (pois no homem não habita bem algum, Rm. 7:18; Sl. 14:1,2; Rm. 3:23). A escolha de Deus do pecador para a salvação é somente pelo favor desmerecido e imerecido de Deus (II Tm. 1:9, “Que nos salvou, e chamou com uma santa vocação; não segundo as nossas obras, mas segundo o seu próprio propósito e graça que nos foi dada em Cristo Jesus antes dos tempos dos séculos”). O propósito da salvação pela graça é “Para mostrar nos séculos vindouros as abundantes riquezas da sua graça pela sua benignidade para conosco em Cristo Jesus.” (Ef. 2:7) Deus olhou pelos séculos sobre todos os condenados, e, em amor e graça, dos quais nenhum O procurava, colocou a sua influência divina em alguns (Jo. 15:16, “Não me escolhestes vós a mim, mas eu vos escolhi a vós”; I Jo. 4:10, “Nisto está o amor, não em que nós tenhamos amado a Deus, mas em que ele nos amou a nós, e enviou seu Filho para propiciação pelos nossos pecados.”; I Jo. 4:19, “Nós O amamos a Ele porque Ele nos amou primeiro.”) A beleza da Sua graça é observada na verdade que Deus não viu nada naturalmente mais atrativo ou bom nos que Ele escolheu do que naqueles que Ele não escolheu (Dt. 7:7). As obras de Deus para com os homens são feitas segundo o beneplácito da Sua vontade em amor e graça (Jr. 31:3; Ef. 1:5; Gl. 7,9,11).

Verificando o testemunho dos salvos pela Bíblia, ninguém louva a sua própria fé, a sua decisão inicial para Cristo, a sua oração eficaz, a sua intenção espiritual ou outra obra no passado ou no futuro como base da escolha de Deus nas suas vidas. O testemunho bíblico é sempre como declara o Apóstolo Paulo: “Mas pela graça sou o que sou” (I Co. 15:10; II Co. 3:5, “Não que sejamos capazes, por nós, de pensar alguma coisa, como de nós mesmos; mas a nossa capacidade vem de Deus”; Ef. 3:7,8 “Do qual fui feito ministro, pelo dom da graça de Deus, que me foi dado segundo a operação do seu poder. A mim, o mínimo de todos os santos, me foi dada esta graça de anunciar entre os gentios, por meio do evangelho, as riquezas incompreensíveis de Cristo”; II Tessalonicenses 2:13,14, “Mas devemos sempre dar graças a Deus por vós, irmãos amados do Senhor, por vos ter Deus elegido desde o princípio para a salvação, em santificação do Espírito, e fé da verdade; Para o que pelo nosso evangelho vos chamou, para alcançardes a glória de nosso Senhor Jesus Cristo.”) Na realidade, se a eleição fosse baseada na mínima ação que o homem fez, faz ou faria, a eleição não poderia ser determinada uma “eleição da graça” (Rm. 11:5) mas uma eleição “segundo a dívida” (Rm. 4:4).

Temos muita razão para louvar a Deus pela salvação das nossas almas pela graça. Essa graça de Deus salva todos que vem a Ele por Cristo Jesus. Se você se vê como separada de Deus por seus pecados a mensagem da Bíblia é para que se arrependa dos seus pecados e corra pela fé a Deus por Cristo. Verá que Ele ainda graciosamente salva o principal dos pecadores desde que venha por Jesus Cristo.

A eleição é: Justa

A natureza da eleição de Deus é descrita biblicamente como sendo justa. O apóstolo Paulo declarou, pela inspiração divina, que não há injustiça na parte de Deus (Rm. 9:14). A eleição é entendida como sendo justa por dois motivos. Primeiramente por que Deus não deve nenhuma ação positiva a homem nenhum e, em segundo lugar, Ele é soberano e portanto pode se compadecer em quem Ele quer (Rm. 9:15,16).

Alguns teólogos querem ensinar que, no mínimo, Deus deve uma ‘chance’ para todos os homens. Todavia, quando é considerada a condição terrível do homem pecador, uma ‘chance’ não é que o homem pecador necessita. Ele necessariamente precisa de uma ação positiva, regeneradora e graciosa de Deus para ser salvo. Uma ‘chance’, sem a plena capacidade em conjunto, em nada ajudaria os que são mortos em pecados. É pela eleição, sem nenhuma obrigação pesando sobre Deus para que Ele escolhesse quem Ele quer influenciar com a Sua operação regeneradora, que Deus dá a vida nova (não uma ‘chance’, II Ts. 2:13,14, “elegido desde o princípio para a salvação”). A salvação vem pelos meios divinos para com estes que Ele escolheu para que tenham a salvação. E quem tem direito de reclamar disso (Rm. 9:19-21)?

Deve ser considerado também que Deus tem direito e não uma obrigação para com os homens. Deus é o Criador, o homem é a criatura (Gn. 1:27; 2:7). Deus é tido como o oleiro e o homem como o barro (Rm. 9:21-24). Se Deus usa o Seu direito de fazer o que Ele quer segundo o beneplácito da Sua boa vontade, e escolhe alguns para conhecer as riquezas da Sua gloria, entre todos que somente mereciam a Sua ira, quem pode achar injustiça nisso?

A Eleição e a Proibição de ter Respeito ou Acepção de Pessoas

Uma das dificuldades em entender que a eleição é justa são as numerosas (no mínimo 17) citações pela Bíblia que toca no assunto que Deus não faz acepção de pessoas e/ou as instruções que nós não devemos fazer acepção de pessoas (Lv. 19:15; Dt. 1:17; 10:17; 16:19; II Cr. 19:7; Jó 34:19; Pv. 24:23; 28:21; Mt. 22:16; At. 10:34; Rm. 2:11; Gl. 2:6; Ef. 6:9; Cl. 3:25; Tg. 2:1,9; I Pe. 1:17).

Uma escolha diferenciada claramente mostra uma preferência. Contudo é clara a verdade bíblica que diz: “Ter respeito a pessoas no julgamento não é bom” (Pv. 24:23). Todavia, também é uma verdade bíblica que uma escolha pessoal, individual, particular ou preferencial, em misericórdia e graça, não há nenhum resquício de possibilidade em ferir a verdade de que Deus não faz acepção de pessoas.

Não há nenhuma ofensa a este princípio de justiça pois a proibição de ter acepção de pessoas refere-se não ao exercício de misericórdia e amor, mas ao exercício do julgamento e dando o que é justo. A eleição não é, de jeito nenhum, o exercício da justiça ou do julgamento de Deus. A eleição é o exercício do amor e da graça de Deus (Dt. 7:7,8, “Mas, porque o SENHOR vos amava”; Jr. 31:3; Ez. 16:8, “E, passando eu junto de ti, vi-te, e eis que o teu tempo era tempo de amores; e estendi sobre ti a aba do meu manto, e cobri a tua nudez; e dei-te juramento, e entrei em aliança contigo, diz o Senhor DEUS, e tu ficastes sendo minha.”). Contudo, a frase “porque não há no SENHOR nosso Deus iniqüidade nem acepção de pessoas” (II Cr. 19:7) é referente ao desempenho de julgamento e não se refere à aplicação preferencial do Seu amor e graça pela eleição.

Observe que a ordem de não fazer acepção de pessoas é muitas vezes o conselho dado como aviso importante aos juízes de Israel para que julguem com consciência e honestidade (Dt. 1:17; 16:19; II Cr. 19:7).

Nota que as referências bíblicas que enfatizam que Deus não faz acepção de pessoas associam-se, na sua plena maioria, com o assunto de julgamento (por exemplo: Lv. 19:15; Rm. 2:10-12; Ef. 6:9; Cl. 3:25 e I Pe. 1:17). Existem poucas referências que mencionam “acepção de pessoas” em outro ambiente que não é de julgamento (At. 10:34; Tg. 2:1,9). Essas passagens ensinam que não devemos fazer distinção entre todos os que igualmente merecem um tratamento positivo. Não devemos praticar uma preferência entre quem devemos entregar a mensagem de Cristo (At. 10:34), nem devemos preferir uma pessoa sobre outra quando todas merecem igualmente o bem (Tg. 2:1).

Enfatizamos que é uma verdade bíblica, que no julgamento divino, não há nenhuma acepção de pessoas, pois cada uma será julgada segundo as suas obras (Ec. 12:14; Ap. 20:13). Mas, na misericórdia, da qual boa ação ninguém tem direito ou merecimento, uma distinção de pessoas pode existir e existe. Ninguém merece uma distinção positiva pois todos merecem um julgamento justo pelos pecados que têm feito. Entre os salvos esse julgamento divino e justo dos seus pecados se faz pela pessoa e obra de Jesus Cristo. Os não-salvos conhecerão o julgamento divino e justo no lago de fogo.

Considere que a eleição não é uma escolha divina entre os bons e maus mas uma escolha entre todos que são maus, ninguém buscando a Deus (Rm. 3:10-18). Quem recebe a misericórdia são os que Deus, soberanamente e segundo o beneplácito da Sua vontade, escolheu. Nos exemplos bíblicos, quem já reclamou disso?

Vale uma repetição pois uma dúvida insiste em vir à tona, quando a eleição é ensinada: Deus é injusto em fazer distinção entre pessoas. É geralmente pensado que todas são merecedoras da atenção positiva de Deus. A dúvida é eliminada quando é entendida que, entre os pecadores, não há ninguém que merece qualquer atenção favorável de Deus (Is. 59:1,2; Rm. 3:10-23). É claro que todos os pecadores necessitam da misericórdia divina, mas também deve ser claro, não há ninguém que a merece.

Se, como alguns querem supor, entre todas as pessoas que mereciam uma atenção positiva, ou entre todas que clamavam em arrependimento e a fé pela salvação, fosse dada uma distinção preferencial, assim, sim, seria uma terrível injustiça da parte de Deus. Mas, quando todas são verdadeiramente inimigas e rebeldes (Rm. 8:6-8) e condenadas (Jo. 3:19), e ninguém está buscando a Deus (Sl. 14:1,2), a misericórdia pode ser estendida a um desses malfeitores em particular sem a mínima injustiça.

Resumindo: entre pessoas com merecimentos iguais, uma distinção preferencial seria injusta. Todavia, a eleição foi feita entre pessoas sem quaisquer merecimentos.

Concluindo deve ser mencionado o fato de Deus fazer uma escolha qualquer entre os pecadores não faz os pecadores não escolhidos a serem mais ímpios. A eleição também não faz os pecadores não elegidos mais condenados. Ninguém é condenado pelo fato de não ser escolhido. A condenação é dada por causa do homem pecar (Gn. 2:17; 3:6; Ez. 18:20; Rm. 6:23). Os pecadores não são culpados por não serem escolhidos mas por não obedecerem aos mandamentos de Deus (I Jo. 3:4). É o pecado, e não a eleição, que condena. A escolha que Deus faz, somente opera que uns pecadores são salvos, ou seja, que alguns tenham o fim justo dos seus pecados colocado em Cristo.

Todo pecador tem a responsabilidade de se arrepender dos pecados e crer no Filho de Deus, o Jesus Cristo, para ter a remissão dos pecados (At. 17:30). Deus fará a Sua obra da salvação nos que O buscam com todo o coração (Is. 55:6,7). Então a mensagem é: Busque o misericordioso Deus pelo Salvador enquanto é dia! Em Cristo, “A misericórdia e a verdade se encontraram; a justiça e a paz se beijaram”. (Sl. 85:10; Tg. 2:13, “a misericórdia triunfa do juízo”).

O Tempo da Eleição

Quando é que Deus decidiu exatamente quem receberia a Sua influência graciosa que não era segundo a capacidade nem à ação do pecador? Não obstante no que as pessoas podem discordar com o que já foi estudado até neste ponto, nisso quase todos são unânimes: a eleição foi determinada na eternidade passada, sim, até “antes da fundação do mundo” (Ef. 1:4)

Mesmo que haja uma ordem lógica e cronológica nos eventos em tempo real (Rm. 8:29,30),o próprio decreto daqueles eventos é eterno

(II Tm. 1:9).

Queremos entender que a ordenação a crer ou, o propósito divino para os elegidos a serem salvos, veio antes de nós termos a possibilidade de conhecer a Deus (Is. 45:5), antes da chamada à salvação (Rm. 8:29,30), antes da própria fé (At. 13:48; Jo. 10:16) e bem antes dos elegidos serem nascidos e antes que fizeram bem ou mal (Rm. 9:11). As Escrituras Divinas são muito claras que a eleição é desde a eternidade.

A imutabilidade de Deus é tocada neste assunto. Deus faz tudo segundo o Seu propósito (Rm. 9:11; II Tm. 1:9) que é segundo a Sua vontade (Ef. 1:11). O propósito e a vontade de Deus são integrantes dos atributos eternos de Deus. Deus nunca pode ter um novo plano ou propósito (At. 15:18, “Conhecidas são a Deus, desde o princípio do mundo, todas as suas obras”; Ef. 3:11, “eterno propósito”). Se fosse possível Deus ter um plano novo, este seria para melhorar aquele que veio antes, ou seria inferior ao que veio primeiro. Mas Deus é perfeito (Nm. 23:19; II Co. 5:21, “não conheceu pecado”), eterno (Dt. 33:27; Sl. 90:2, “de eternidade a eternidade, tu és Deus.”), soberano (Is. 46:10; Ef. 1:11, “faz todas as coisas segundo a Sua vontade”) e é imutável (Ml. 3:6, “Porque eu, o SENHOR, não mudo”; I Tm. 1:17, “Rei dos séculos”; Tg. 1:17, “não há mudança nem sombra de variação”). “Conseqüentemente, quando Deus salva um homem, Ele deve ter desejado e propositado sempre salvá-lo” (Simmons, p. 221, português).

Uma observação: A eleição é da eternidade, mas a salvação da alma está feita em tempo (II Tm. 1:9,10). A eleição não é salvação, mas para a salvação. Fomos elegidos “desde o principio para a salvação” (II Ts. 2:13). Pela operação do Espírito Santo no coração o elegido é trazido a ter fé na verdade que é declarada pela pregação em tempo oportuno (II Ts. 2:14; Tg. 1:18). Antes que o elegido fosse salvo, ele estaria entre os mortos em pecados pois estava sem a salvação (Ef. 2:1-3) mesmo sendo elegido. Aquele que foi escolhido na eternidade por Deus soberanamente será propositadamente operado pela Espírito Santo para agir com fé segundo a responsabilidade do homem em tempo em resposta à Palavra de Deus (At. 18:10; Rm. 10:13-17; Jo. 15:16; Ef. 2:10).

A responsabilidade de qualquer pecador não é de determinar se o Espírito Santo vai um dia lhe atrair a Cristo. O pecador é chamado a crer, de coração, em Cristo para ser salvo. Se não estiver em Cristo está com a ira de Deus sobre ti. A única maneira a ter paz com Deus é por estar em Cristo. Venha já a Ele!

A Base da Eleição - O Amor de Deus

Para os salvos, é uma benção tremenda saber que mesmo que amam o Senhor Deus por Cristo em tempo, o eterno Deus os amava na eternidade. Esse amor eterno também é um estímulo para os que ainda não são salvos. Estes são animados ao procurarem esse grande amor e misericórdia que ultrapassa a impiedade dos seus pecados (Rm. 5:20, “onde o pecado abundou, superabundou a graça”; Mt. 11:28; Is. 55:7).

À nação de Israel, Deus empregou o seu amor eterno para estimulá-la à obediência. Ele a mandou a observar ordens grandes e corajosas. O que devia motivar a sua obediência era o amor eterno e divino visto pela eleição (Dt. 7:7,8, “O SENHOR não tomou prazer em vós, nem vos escolheu porque a vossa multidão era mais do que a todos os outros povos .. mas, porque o SENHOR vos amava ..”). Nisto entendemos que o amor estimulou tanta a eleição quanto a nossa obediência. O profeta Jeremias nos lembra desse amor eterno qual é a base da operação de Deus quando diz: “Há muito que o SENHOR me apareceu, dizendo: Porquanto com amor eterno te amei, por isso com benignidade te atraí” (Jr. 31:3). Foi dito que Jacó foi escolhido “para que o propósito de Deus segundo a eleição, ficasse firme” e nessa condição de elegido, é dito: “Amei (observe que o verbo está no tempo passado) a Jacó” (Rm. 9:11,13; Ml. 1:2).

O elegido reage ao amor de Deus em vez de Deus reagir ao amor do elegido. O salvo tem um relacionamento amoroso com Deus justamente por causa do amor de Deus que agiu primeiro. Por isso o apóstolo João declara: “Nós O amamos a ele porque ele nos amou primeiro.” (I Jo. 4:19).

Muitas vezes o verbo “conhecer” é usado pelas Sagradas Escrituras para mostrar um relacionamento íntimo de amor. O marido ‘conhece’ a sua esposa (Gn. 4:17), os sodomitas ‘conhecem’ um ao outro (Gn. 19:5-8) e Deus ‘conhece’ o seu povo (Amos 3:2) que é chamado também pelo nome: “minhas ovelhas” (Jo. 10:14). Se o homem não for ‘conhecido’ por Deus nessa maneira íntima amorosa, esse não deve ter nenhuma esperança de gozar a presença eterna divina pela eternidade (Mt. 7:23). Em verdade, se alguém experimentar uma posição salvadora com Deus é por que Deus o amou, ou, o conheceu primeiro (I Co. 8:3). O amor de Deus para o pecador vem antes da predestinação, ou a eleição, pois a ordem bíblica é: conhecer (em amor), predestinar, chamar a salvação, justificar, e por último, glorificar (Rm. 8:29,30).

Pelo amor eterno de Deus podemos entender que o Seu amor é maior do que nossos pecados, fraquezas, tolices e desobediências. A Sua eleição é baseada no Seu amor somente. A eleição não é baseada, de maneira nenhuma, nas ações passadas, presentes ou futuras de qualquer homem. As pessoas são finitas e, em tempo, vem conhecer o Senhor Deus, mas a misericórdia e o amor de Deus sobre estes que eventualmente O temem é “desde a eternidade e até a eternidade” (Sl. 103:17). Antes do elegido existir como um ser humano, e, antes de ser temente a Deus, sim, quando ainda era morto em ofensas e pecados, o amor de Deus era “desde a eternidade” passada, para com o Seu povo e ficará “até a eternidade” (Ef. 2:1-5).

Por tudo depender do amor de Deus, a nossa eleição não é a única benção assegurada. A salvação eterna também é garantida. A obra que o Seu amor começou, o Seu poder em amor completará (Fp. 1:6; Rm. 8:35-39). Veremos mais deste ponto no último ponto dessas lições, ou seja, O Efeito Prático da Salvação.

Existe um outro atributo de Deus, além do Seu amor, para estimular-nos a morrermos às nossas conveniências e lógicas para O amarmos mais perfeitamente em obediência (II Co. 5:13-17)? Existe um outro atributo de Deus, senão “as riquezas da Sua benignidade, e paciência e longanimidade” (Rm. 2:4) que poderia levar o descrente ao arrependimento verdadeiro? Que o descrente venha a Cristo confiando pela fé nesse amor de Deus visto tão claramente em Cristo é o nosso ardente desejo. E que o Cristão santifique-se a imagem de Cristo mais e mais!

Os Reprovados (Os não elegidos)

É puramente natural pensar nas pessoas que não foram elegidas quando se ocupa no estudo da eleição.

Casos Bíblicos para Considerar

Por Deus fazer o ímpio para o dia do mal (Pv. 16:4) e odiar Esaú para que o propósito de Deus ficasse firme (Rm. 9:11-13); por Deus poder, na Sua soberania, ativamente fazer um vaso para honra e outro para desonra (Rm. 9:21) e por isso ser algo que Ele realmente fez (Rm. 9:13); por Deus endurecer os que não foram elegidos (Rm. 11:7) e destinar alguns para a ira (I Ts. 5:9) e para tropeçar na palavra (I Pe. 2:8); por Deus ocultar informações de alguns (Mt. 11:25,26) e por fazer alguns para serem presos e mortos para perecerem na sua corrupção (II Pe. 2:12), e, por existir alguns que antes eram escritos para o juízo (Jd. 4) cujos nomes não estão escritos no livro da vida desde a fundação do mundo (Ap. 13:8; 17:8) é claro que haja uma determinação eterna na parte de Deus para que alguns nunca conheçam a Sua graça salvadora.

Exemplo

Faraó é um exemplo dessa determinação prévia de Deus para que uma pessoa seja um objeto da sua ira. Antes de Faraó ser nascido, já era determinada as suas ações para com Israel (Gn. 15:13,14). Em tempo, foi declarado para Faraó que ele foi mantido para mostrar o poder de Deus nele e por ele o nome de Deus seria anunciado em toda a terra (Êx. 9:15,16; Rm. 9:15-18). Sabendo tudo isso, Faraó continuou no seu caminho ímpio. No julgamento pela sua impiedade, Faraó declarou-se pecador e Deus justo (Êx. 9:27). Na conclusão da libertação do povo de Deus, com Moisés testemunhando toda a operação de Deus tanto no endurecer o coração de Faraó quanto o seu julgamento, afirmou a santidade de Deus e que Ele é admirável em louvores (Êx. 15:11). Este cântico de Moisés será repetido no céu pelos que tem sabedoria quando a ira de Deus é consumada (Ap. 15:1-4).

Conclusão

Pelo exemplo de Faraó podemos entender que a soberania de Deus trata também das obras contrárias da justiça divina. Entendemos, pelo homem ser responsável a honrar Deus em tudo, o homem é ímpio e julgado justamente por Deus. Podemos concluir, depois de estudar o exemplo de Faraó, que Deus não causou o pecado de Faraó. O pecado, rebelião e a inimizade contra Deus veio do coração do Faraó como todo o pecado vem do coração do homem (Jr. 17:9; Ec. 7:29; Mt. 15:18-20).

Não podemos entender tudo sobre a graça e a reprovação, mas, na realização de diferenças feitas entre os homens (I Co. 4:7), todas delas sendo segundo a vontade de Deus, podemos concluir como Jesus declarou: “Sim, o Pai, porque assim te aprouve.” (Mt. 11:26).

Nunca entenderemos todos os pensamentos de Deus (Sl. 147:5; Is. 55:8,9), mas, podemos entender, nos assuntos da eleição e da reprovação, que Deus é soberano sobre tudo. Ele pode agir com o que é Dele como Ele quer (Dn. 4:34,35; Mt. 20:15; Ef. 1:11; Rm. 11:36) para Sua própria glória.

É uma coisa horrenda cair nas mãos de um Deus vivo (Hb. 10:31). Cristo foi dado para a salvação de todo aquele que se arrependa e manda os que estão cansados e oprimidos pelos seus pecados a virem a Cristo. A verdade repetida pela Palavra de Deus é: os em Cristo têm vida eterna com Deus. Pecador, venha arrependendo-se dos pecados crendo em Cristo de coração. Conheça a misericórdia de Deus por Jesus Cristo. Senão, conhecerá a sua justiça na ira eterna (Mt. 11:28-30; Jo. 3:16-19, 36).

A Imutabilidade de Deus Considerada

O propósito de Deus trata de tudo, tanto o agradável (II Tm. 1:9), quanto o desagradável (At. 4:25-28; Ap. 17:17). A condenação de pecadores não arrependidos é segundo este propósito eterno também (Ec. 3:1; Ef. 1:11; Is. 46:10,11). Se o propósito é eterno para a salvação, também o é para a condenação. Deus não muda os seus propósitos em reação às decisões do homem pois Deus não muda (Ml. 3:6; I Tm. 1:17; Hb. 13:5; 6:17, “imutabilidade do seu conselho”; Tg. 1:17) e os seus propósitos são eternos (Is. 14:24; Ef. 3:10,11, “Para que agora, pela igreja, a multiforme sabedoria de Deus seja conhecida dos principados e potestades nos céus, segundo o eterno propósito que fez em Cristo Jesus nosso Senhor,”; II Tm. 1:9). Tanto no homem que finda no céu quanto no homem que finda no inferno, o propósito eterno de Deus é cumprido (Js. 11:18-20; Is. 46:10,11). Se é justo para Deus fazer algo em tempo, também é justo para Ele fazer o mesmo na eternidade.

Não posso determinar qual é o propósito de Deus para com você, mas posso dizer que a ação divina para com você é manifestada através da sua rejeição ou confiança em Cristo. Se arrependendo e crendo pela fé em Cristo conhecerá a misericórdia de Deus. De outra maneira terá a Sua condenação.

Deus é o Autor do Pecado?

Por Deus fazer o ímpio para o dia do mal (Pv. 16:4), e fazer tudo segundo a Sua vontade (Ef. 1:11) não afirma que Deus é o autor da impiedade do homem, o responsável pela sua condenação pecaminosa e nem o responsável pelo homem pecador sofrer no inferno. O homem pecou no Jardim do Éden, e peca ainda hoje por querer (Gn. 3:6; Ec. 7:29). A condenação vem sempre pela desobediência (Ez. 18:20; Rm. 6:23; 9:20-33; Jo. 3:19). O homem é o único responsável judicialmente pelo resultado da sua ação pecaminosa. Sem dúvida, o decreto eterno de Deus inclui a queda do homem no pecado mas não foi o decreto eterno que provocou a queda. Pelo homem pecar veio a queda (Gn. 2:17; 3:1-6). Considera o fato dos homens ímpios que crucificaram Cristo, fazendo tudo que Deus já anteriormente determinava. Considera que as suas ações foram consideradas “contra o Senhor e contra o Seu Ungido” evidenciando a culpabilidade dos homens que cometeram essas ações (At. 2:23; 4:25-28). A culpa nunca é pela determinação divina mas sempre pela ação pecaminosa do homem (Ec. 12:14; Ap. 20:13).

Procurar entender além do que Deus revela é abusar da curiosidade (Rm. 9:19-24). É importante considerar a verdade que Deus não julga o homem conforme a sua capacidade, mas segundo a sua responsabilidade (Tg. 4:17). O homem não tem capacidade de não pecar, mas, sem a menor dúvida, ele tem a responsabilidade de não pecar (Gn. 2:17; Êx. 20, a Lei de Moisés; Marcos 12:29-31). Uma vez que o homem pecou, Deus é justo em condená-lo eternamente segundo a Sua justiça apesar de qualquer determinação prévia.

Deus é justo para com todos. Ele também é misericordioso para com todos que estão em Cristo Jesus. Se estiver fora desta misericórdia, venha a Deus por Jesus Cristo se arrependendo dos seus pecados. Deus é grande em perdoar os que confiam em Cristo (Is. 55:7, “Deixe o ímpio o seu caminho, e o homem maligno os seus pensamentos, e se converta ao SENHOR, que se compadecerá dele; torne para o nosso Deus, porque grandioso é em perdoar.”)

O Proveito de Estudar e Pregar a Eleição

O estudo da eleição dá a devida glória a Deus. No homem natural, sem a graça de Deus, não habita bem algum (Rm. 7:18) e não pode fazer nenhuma coisa boa que agrada a Deus (Rm. 8:8) sendo que a inclinação da carne é apenas morte (Rm. 8:7). O desejo do homem natural não busca Deus (Rm. 3:11) e a sua mente não entende as coisas de Deus (I Co. 2:14). Tudo que Deus requer para a salvação, o arrependimento e a fé, não vem do homem mas de Deus (Jo. 1:12,13; 6:29, 44; At. 16:14; Ef. 2:8,9). A eleição incondicional, pessoal, particular e preferencial atribui a Deus, e somente a Deus, toda e qualquer obra boa que o homem vem a fazer para agradar a Deus. Tanto a santificação do Espírito quanto a fé na verdade é atribuída a Deus (Ef. 2:8,9) e, por isso, somos incentivados pela Palavra de dar graças a Ele por eleger os Seus para a salvação (II Ts. 2:13). Devemos observar nesse ponto que na salvação, o homem tem uma responsabilidade de escolher o arrependimento e a fé, mas o nosso estudo não é a responsabilidade do homem mas a eleição divina. Na salvação, o homem tem uma responsabilidade que exercita em resposta à operação divina, mas na eleição, apenas Deus opera.

O estudo da eleição é conveniente por ser uma verdade revelada na Palavra de Deus. Toda a Escritura é inspirada e portanto, é proveitosa (II Tm. 3:16). Os ministrantes de Deus, que querem ter uma boa consciência, têm responsabilidade de “anunciar todo o conselho de Deus” (At. 20:27). Se a eleição existe na Bíblia é porque ela é proveitosa e, sendo parte do cânon, deve ser anunciada. Há assuntos que não são revelados a nós, e estes assuntos não são para nós anunciarmos ou estudarmos, mas, os que são revelados, como é o caso da eleição, são tanto para nós quanto para nossos filhos (Dt. 29:29).

O estudo da eleição prioriza a fé sobre o raciocínio do homem. É uma verdade que a eleição não é entendida facilmente. Se não estudássemos os assuntos da eleição por serem difíceis de entender, mostraríamos uma falta de fé na inspiração das Escrituras e uma confiança maior no raciocínio do homem. Quando consideramos mais a lógica do homem do que as declarações divinamente inspiradas, duvidamos que elas sejam proveitosas para o ensino, a correção e o aperfeiçoamento dos servos de Deus. O deixar de crer no que a Bíblia claramente revela por não seguir a lógica do homem, seria dar primazia à lógica humana e não à fé. A fé não se manifesta naquilo que se pode racionalizar mas naquilo que se crê apenas por ser revelado pela própria Palavra de Deus (Hb. 11:1, 6). Deus não pede que entendamos tudo que é revelado pelas Sagradas Escrituras, mas espera que os que querem O agradar, crêem naquilo que Ele revela, pela fé.

O estudo e a proclamação das doutrinas da eleição fazem parte da adoração verdadeira. A adoração que Deus aceita é aquela que é segundo o Seu Espírito e conforme a Sua verdade declarada. Deus já expressou qual é a maneira que convém adorá-lo: Em espírito e em verdade (Jo. 4:24). Do próprio coração do homem natural não emana verdade mas somente a perversidade e o engano (Jr. 17:9; Mt. 15:11, 18-20), mas a verdade de Deus é Cristo (Jo. 14:6) e é ministrada em nós pelo Espírito Santo (Jo. 16:13; I Co. 2:14-16). Se a verdade importa na adoração verdadeira, e se a verdade vem de Deus, o estudo da eleição só pode agradar a Deus pois ela é a declaração da verdade. O estudo da eleição é aceita por Ele como aquela adoração que Lhe convém. Se as verdades da eleição forem ignoradas e não estudadas, a adoração a Deus pela declaração da verdade será comprometida. Verdadeiramente, pela eleição, um grau imenso do amor de Deus, da Sua misericórdia, da Sua justiça e dos Seus atributos santos são entendidos, e, esse entendimento agrada a Deus.

O estudo da doutrina da eleição promove crescimento espiritual. A obra do ministrante que é chamado para anunciar todo o conselho de Deus pela Palavra de Deus, quando exercitado corretamente, promove conforto na alma, edificação em espírito e conformidade à imagem de Cristo (Ef. 4:11-16; I Tm. 4:14-16). Não o ensino da verdade, mas a falta do ensino dela destrói, desestabiliza e engana. Jamais aquela que instrui, reprova, corrige e ensina seria para a destruição de qualquer membro na igreja. Os rudimentos básicos das doutrinas bíblicas são o leite racional que promove crescimento (I Pe. 2:2). A doutrina mais avançada, que inclui a doutrina da eleição, é mantimento sólido e faz os sentidos que por ela é exercitada a crescerem para o discernimento tanto do bem como do mal. (Hb. 5:11-14).

O estudo da eleição produz evangelismo bíblico. Nem todos que dizem: “Senhor, Senhor” agradam o Senhor Deus mas somente os que fazem a vontade do Pai (Mt. 7:21). Nem tudo que pode encher uma igreja ou arrumar seguidores é de Deus (At. 5:35-37; II Tm. 4:3,4). A eleição direciona e impulsiona os ânimos evangelizadores ao uso dos meios bíblicos, quais são a pregação de Cristo (Rm. 10:17; II Ts. 2:13,14) e a oração zelosa (Tg. 5:16; II Tm. 2:1-10). Um entendimento da operação de Deus pela eleição faz com que o evangelista não se contenta naquilo que é meramente visível mas naquele crescimento que vem somente de Deus (I Co. 3:6,7). A pregação bíblica inclui a eleição (Mt. 11:25,26; Jo. 6:37, 44, 65; 10:26) e é uma boa mensagem pois destrói qualquer esperança que o pecador possa ter em si mesmo ou numa obra humana ou religiosa. Pela pregação da eleição o pecador é incentivado a clamar ao Deus soberano para ter misericórdia na face de Jesus Cristo (Rm. 2:4; Is. 55:6,7). Esta é evangelização bíblica (I Co. 2:1-5).

 

                   O Preço Pago na Salvação

 

Introdução

Se Deus, na eternidade, escolheu homens em particular para os salvar, os pecados destes devem ser pagos. É lógico que o assunto do preço pago na salvação siga o assunto da escolha que Deus fez na salvação.

A postura que devemos ter em relação aos pontos que seguem deve ser a mesma que temos neste estudo inteiro. Não devemos esperar entender o que a Bíblia ensina nessa área doutrinária dependendo somente da lógica humana. A lógica do homem é bem inferior aos princípios divinos (Pv. 14:12; Is. 55:8; Rm. 11:33; I Co. 1:19-25). Se esperarmos entender algo da Palavra de Deus devemos exercitar a mente de Cristo que o crente tem (I Co. 1:18; 2:14-16; Hb. 5:14). Devemos exercitar a fé pois somente por ela podemos aceitar o que a Bíblia ensina (Rm. 1:17; Hb. 11:1,6). Também qualquer tentativa de explicar o mistério do preço pago exclusivamente com lógica humana seria fútil e igual de transformar a luz em trevas.

 

Convém enfatizar novamente o primeiro ponto deste estudo: o desígnio da salvação, em todas as suas partes, é a glória de Deus na face de Jesus Cristo. Mesmo que os assuntos abordados nesta parte do assunto afetam o homem de várias maneiras, não é o homem visado em primeiro lugar. A gloria de Deus pela obediência de Cristo é visada primeiramente (Jo. 6:38,39).

Convém termos um temor adicional nesta parte do estudo pois estamos abordando um assunto que excede qualquer outra obra que pode ter no céu ou na terra. Múltiplas profecias de Gn. 3:15 a Malaquias 4:6 tratam repetidas vezes Àquele que viria pagar o preço do pecado. Por ter tanta ênfase pela profecia pelo Velho Testamento, uma atenção deve ser dada. Não foi somente no Velho Testamento que a atenção sobremaneira foi dada mas no Novo Testamento também. Pelo Novo Testamento sinais indiscutíveis foram apresentados na concepção (Lc. 1:30-35), no nascimento (Lc. 2:8-14), durante o crescimento (Lc. 2:46-52), e durante o ministério público deste Cristo que pagou o preço (Lc. 4:17-21). Também foram sinais abundantes na Sua morte (Lc. 23:44-47; Mt. 27:50-55), na Sua ressurreição (Lc. 24:1-7; I Co. 15:4-8), na ocasião da Sua ascensão (At. 1:9-11), pelo Seu ministério agora com o Pai (Hb. 7:25), e pelos ministrantes Teus na terra que pregam a Sua mensagem (Mc. 16:16,17). Nenhuma outra pessoa ou ser tem tanto destaque quanto aquela atenção dada pela Palavra de Deus à pessoa e a obra de Jesus Cristo. Por isso devemos ter um cuidado extra quando entramos neste assunto. Quando estudamos o preço pago estamos examinando a obra dAquele sobre Quem foi estabelecida a Sua igreja (Mt. 16:18), Aquele que tem todo o poder no céu e na terra (Mt. 28:18), que aniquilou quem tinha o império da morte (Hb. 2:14) e tem as chaves da morte e do inferno (Ap. 1:18). Por isso devemos dar a dignidade merecida a este assunto. Não existe outro tema como o tema deste estudo pois é a mensagem única para ser anunciada pelos séculos (Mt. 28:19,20; I Co. 2:1-5) e é aquela eternamente declarada nas alturas (Ap. 5:12). Por ter superioridade de tal medida sobre qualquer outra matéria, convém que tenhamos o temor de Deus em consideração neste estudo do preço pago na salvação.

No decorrer deste estudo definiremos a causa do preço a ser pago (o pecado), exaltaremos quem pagou o preço necessário (Cristo) e entenderemos para quem o preço foi pago (os eleitos).

A Causa do preço a ser pago

Entendendo melhor do pecado que levou Cristo a derramar o Seu sangue mais valor daremos pela salvação. Por muitos não entenderem a natureza do pecado, menos valor dão ao Salvador dos pecados. É importantíssimo entender o pecado pois fez que conviesse (ser próprio e útil - Lc. 24:26) o Filho de Deus “a entristecer-se e angustiar-se muito” (Mt. 26:37); ter as suas costas feridas, os cabelos da sua face arrancados e para Ele receber a afronta e cuspo dos atormentadores (Is. 50:6). A beleza do preço pago é vista somente quando é examinado por perto aquilo que fez com que fosse importante (um dever - Jo. 3:14,15) o Santo e Eterno Deus Pai ferir, oprimir, moer e desamparar o Seu Único e Amado filho (Sl. 22:1; Mt. 27:46; Zc 13:7; Is. 53:4,5). Somente percebendo a razão do desprezo constante dos pagãos, religiosos (Is. 53:1-3), das aflições e inimizade de Satanás (Gn. 3:15; Mt. 4:1-11) podemos admirar o preço que foi pago. Pode ser que algo diferente do que o sacrifício tão cruel do Filho de Deus fosse possível a Deus (“todas as coisas te são possíveis”, Mc. 14:36), mas nada menos do que a completa humilhação e a afronta da morte maldita na cruz poderia satisfazer o que era proposto pela vontade de Deus (Hb. 12:2; Mc. 14:36).

A opinião do homem sobre o preço que precisa ser pago pelo pecado é mínima. O preço necessário a ser pago é comparado, ao homem, a uma fonte doce na qual ele pode beber quando precisa refrescar-se do tormento que o pecado provoca à sua consciência (Gn. 3:11-13; 4:9; Rm. 2:14). Ele medita um pouco no mal que fez, e ele determina um ato, pensamento ou uma intenção mínima de retribuição para apaziguar a sua consciência. Para o homem, aquilo que causou o preço a ser pago na salvação foi apenas uma fraqueza moral que foi herdada de Adão. É um mal que pode ser resolvido facilmente por um jeito esperto agora ou no fim da vida. Infelizmente a opinião do homem sobre o preço necessário a ser pago pelo pecado não é a mesma dAquele que julga o pecado segundo as suas obras (Ap. 21:13).

As descrições claras do pecado que a Bíblia fornece manifesta a natureza maligna do pecado e aquilo que causou Cristo morrer. Na Bíblia o pecado é descrito como sendo nenhuma justiça ou bem (Sl. 14:1-3; 53:1-3; Rm. 3:10-18); toda a imundícia e superfluidade de malícia (Tg. 1:21). O pecado é descrito como um recém nascido abandonado na sua imundícia (Ez. 16:4,6); um corpo morto (Rm. 7:24), um enfermo com doenças abertas e imundas (Is. 1:5,6), a gangrena (II Tm. 2:17) e um sepulcro aberto (Rm. 3:13). O desprezo de Deus pelo pecado é compreendido em que a Bíblia descreve-o como tendo nenhuma verdade nele (Jo. 8:44), sendo comparado ao vomito de cães e à lama dos porcos (II Pe. 2:22) e até ao pano imundo de uma mulher menstruada (Is. 30:22; Lm. 1:17). A Bíblia abertamente diz que o pensamento do tolo é pecado (Pv. 24:9) nos dando a entender que o pecado é tolice. A Bíblia revela que qualquer coisa sem a fé é pecado (Rm. 14:23) nos ensinando que o pecado é o oposto da fé. A Bíblia ensina que o não fazer o bem que se sabe e deve fazer é pecado (Tg. 4:17) nos ensinando que a maldade do pecado é desobediência. Somos instruídos pela Palavra de Deus que o pecado é claramente descrito como sendo “iniqüidade” (I Jo. 3:4; 5:17) nos ensinado que o pecado é contra a lei de Deus. Para ninguém ter nenhuma dúvida sobre este assunto, o Apóstolo João diz, pela inspiração do Espírito Santo, que quem peca “é do diabo” (I Jo. 3:8) nos claramente convencendo que o pecado, em todas as suas considerações, é terrível, abominável e diabólico. Pelas descrições claras e marcantes da Palavra de Deus, entendemos bem o que causou um preço divino a ser pago para que a salvação fosse uma realidade.

O que é pecado e o que é que causou um preço a ser pago por ele pode ser melhor entendido pela observação dos frutos podres dele. Jesus disse: pelos frutos conhecerá a árvore pois “não pode a árvore boa dar maus frutos; nem a árvore má dar frutos bons” (Mt. 7:16,18). Tiago pergunta: “Porventura deita alguma fonte de um mesmo manancial água doce e água amargosa?” e também, “pode também a figueira produzir azeitonas, ou a videira figos?” Na face da evidente clareza da lógica, Tiago resume: “Assim tampouco pode uma fonte dar água salgada e doce?”. (Tg. 3:11,12). Na face de tais verdades podemos examinar os frutos podres e as obras vergonhosas do pecado e, com isso, entender melhor a sua natureza e o tipo de preço que foi pago por ele. As obras do pecado estão listadas varias vezes pela Bíblia (Gl. 5:19-21; Ap. 21:8, 27; 22:15) nos dando um entendimento da podridão do que é o pecado. Aquele ser que foi feito pela própria mão de Deus na Sua própria imagem (Gen. 1:27; 2:7), o superior de tudo que achava na terra (Hb. 2:7,8) é agora, sendo um resultado do pecado, um adúltero e homicida (II Sm. 11:4,17; 12:4,7) e aquele que acha alegria entregar o Filho Unigênito de Deus por dinheiro (Zc 11:12; Mt. 26:15). O pecado trouxe este ser glorioso a ser uma vergonha (Pv. 14:34) e ter nenhum traço da glória de Deus (Is. 64:6; Rm. 3:23, “destituídos estão da glória de Deus”). Aquela criação feita pela mão divina na imagem de Deus, que gozava da voz do SENHOR que passeava no jardim pela viração do dia (Gen. 3:8; Pv. 8:31), por causa de um só pecado (Gen. 3:6), tornou ser um inimigo abominável contra este mesmo benigno e poderoso Deus, chegando a negá-lO (Jó 21:14; Sl. 10:4; 14:1; Pv. 1:25; Rm. 1:21, 28) e se tornou impossibilitado a agradá-lO nem entender a Sua palavra (Rm. 8:6-8; I Co. 2:14). Aquela criação nobre em cujo coração foi escrita a lei de Deus (Rm. 2:14,15), agora, por causa do pecado, vive diante de Deus sem lei (Oséias 8:12; Rm. 1:21, 28) fazendo somente o que se acha correto aos seus próprios olhos (Dt. 12:8; Juízes 17:6; Pv. 21:2). O homem que o digno Deus fez à Sua própria imagem (Gen. 1:27) agora, pelo fruto do pecado, resiste o Espírito Santo (At. 7:51; Rm. 7:21-223; Gl. 5:17), é contra a soberania de Deus (Rm. 9:18-20; Ap. 16:21) e resiste à mensagem de Cristo (Dt. 32:15; Pv. 1:25; Jr. 32:33; At. 7:54; 13:50) como resiste até o próprio Cristo (Sl. 2:3; Mt. 27:20-26). Foi por causa do pecado que o homem, que Deus fez reto e bom, tornou a ser maldito e cheio de astúcias (Gen. 1:31; Ec. 7:29). O homem, por ser criado por Deus, tem um dever de temer, honrar, obedecer e dar glória a Deus (Ec. 12:13; Ap. 4:11) mas, agora, por causa do pecado, é servo de Satanás e da sua própria concupiscência (Jo. 8:44; Rm. 6:16; II Tm. 2:26). Em vez de dar ao Criador toda a honra que lhe é devida, o homem pecador anda em auto-suficiência (Gn. 11:4; Dn. 4:30; I Jo. 2:16, “soberba da vida”). Uma conseqüência do pecado na criação de Deus feita para dar glória a Ele é entendida pois, agora, essa criação anda em uma completa estupidez pois tal criação gloriosa de Deus ridicularize-se da mensagem da salvação (I Co. 1:23) e de tudo o que é santo (I Pe. 4:4). O efeito do pecado é visto em que aquilo que o Deus santo criou, mata os que eram santos (At. 7:54; 9:1,2) e menospreza as misericórdia e benignidade divinas (Rm. 2:4). O pecado trouxe o homem a desejar mais as trevas (Jo. 3:19) a podridão e a imundícia (II Pe. 2:22, vômito e espojadouro de lama) do que a gloriosa luz. Foi o pecado que fez aquele que foi feito para gozar a presença de Deus com a vida eterna chegar a conhecer a morte e a separação de Deus (Gen. 2:17; 3:22,23; Rm. 6:23) e causou que este homem tornasse uma afronta à santidade de Deus (Jd. 14,15). O que é o pecado é claramente entendido quando os efeitos do pecado são examinados. Estes efeitos deploráveis do pecado não são reservados para alguns dos homens mas afetam integralmente os homens do mundo todo (Rm. 3:23; 5:12). Se pelos frutos a árvore é conhecida, também pelas conseqüências que o pecado trouxe ao mundo, a natureza abominável do pecado é entendida.

O que é pecado e o que causou um preço a ser pago por ele pode ser entendido melhor pelo estudo do fim terrível do pecado no homem pecador. Aquilo que é contra a justiça e a santidade divina, aquilo que opera ativamente contra o onipotente Deus, pode apenas provocar o antagonismo deste justo e poderoso Deus (Ez. 18:24). É esse fim que o pecado gera: a ira do eterno e santo Deus. Aquele que é o amigo do mundo tornou-se automaticamente o inimigo de Deus (Tg. 4:4). É esse o fim do pecado: a “inimizade contra Deus” (Rm. 8:6). Aquele que resiste a justa autoridade de Deus será, sem misericórdia, reduzido a pó (Mt. 21:44; Lc. 20:18). Esse “pó” é nada mais do que uma afrontosa morte aos maus (Mt. 21:41). Quando o pecado é consumado, a morte é gerada (Tg. 1:15). Ninguém deve ser pego de surpresa pois o resultado, ou o fim, do pecado é conhecido desde o começo (Gen. 2:17, “no dia em que dela comeres, certamente morrerás.”). A lei avisou do perigo do pecado (Lv. 5:17, “E, se alguma pessoa pecar, e fizer, contra algum dos mandamentos do SENHOR .. será ela culpada, e levará a sua iniqüidade;”; Tg. 2:10, “Porque qualquer que guardar toda a lei, e tropeçar em um só ponto, tornou-se culpado de todos.”). Os profetas repetiram o aviso (Is. 3:10,11, “Ai do ímpio! Mal lhe irá; porque se lhe fará o que as suas mãos fizeram.”). O Novo Testamento não deixou o povo menos avisado (Rm. 6:23, “Porque o salário do pecado é a morte”; I Co. 15:56, “o aguilhão da morte é o pecado”). Somente os que negam o que declara a Bíblia, a testemunha pela natureza (Rm. 1:19,20) e da lei escrita no coração de todo homem (Rm. 2:14,15) estão em dúvida ainda hoje sobre o que merece todo pecado. A verdade resumida é: “A alma que pecar, essa morrerá” (Ez. 18:20). O homem tem responsabilidade em agradar o seu criador, o Supremo Deus, o infinito (Ec. 12:13). O pecado é contra este Deus. Deus é o eterno e infinito ser (Rm. 11:33-36). Por ser contra tal Deus, a morte é mais do que uma cessação de existência. A morte, o fim do pecado, é uma eterna e infinita separação de Deus. O primeiro pecado, praticado por Satanás, resultou em separação imediata da benção de ser aceita na presença de Deus com alegria (Is. 14:11-15; Ez. 28:17). Essa separação continua até hoje e será para toda a eternidade. Quando o homem pecou pela primeira vez ele foi lançado fora do jardim onde ele gozava da presença contínua e abençoada de Deus (Gen. 3:8, 23). Quando a época da graça se finda, entendemos pelas Escrituras o eterno fim do pecado. Para todo pecador que não tem os pecados lavados pelo sangue de Cristo, o seu fim é: ser lançado fora da presença misericordiosa de Deus no lago de fogo (Ap. 20:12-15). Este nunca poderá entrar na cidade celestial (Lc. 16:26; Ap. 21:27). Separado está da misericórdia e da benignidade de Deus, que agora está no mundo (Rm. 2:4; Is. 48:22, “Mas os ímpios não têm paz, diz o SENHOR.”). Essa separação é ter uma existência eterna conhecendo somente a ira eterna, a maldição e o juízo justo de Deus. A eterna e infinita ira de Deus é “sobre toda a impiedade e injustiça dos homens (Rm. 1:18; Ef. 5:6)”. A eterna e infinita maldição de Deus é para “todo aquele que não permanecer em todas as coisas que estão escritas no livro da lei, para fazê-las” (Gl. 3:10). O juízo de Deus é segundo a verdade sobre os que fazem abominação do pecado (Rm. 2:1,2). Pelo fim terrível do pecado no homem pecador podemos entender o que é o pecado e o que necessitou um preço a ser pago por ele.

Resumo: Tendo uma percepção clara do que é o pecado, e, entendendo que o homem voluntariamente se tornou um pecador, a salvação de tal pecado, em um único pecador, nunca pode ser vista como qualquer obrigação de justiça da parte de Deus. Contrariamente, a misericórdia e a graça de Deus, em Jesus Cristo, são exaltados por Ele salvar até um único pecador qualquer. Se você não conhece essa misericórdia e graça de Deus, olhe para Jesus Cristo. Deus salva todos os que venham a Ele pelo Seu Filho (Mt. 11:28-30; Jo. 5:24; 14:6; At. 4:12).

O preço pago pelo pecado

Pelo estudo das descrições do pecado, o seu fruto e o seu fim, podemos entender o que o pecador merece. Aos pecadores, Deus não deve a Sua misericórdia, a Sua graça, o Seu perdão ou a Sua presença bondosa e eterna. O pecado merece somente a justiça divina. Todo o pecado merece aquela justiça de Deus que julga o pecador à morte e à maldição eterna. É a justiça de Deus que prescreve que o pecador seja separado da Sua presença misericordiosa eternamente (Gn. 2:17; Ez. 18:20; Rm. 6:23; Jó 36:17, “o juízo e a justiça te sustentam”).

Entendendo que o pecado não é apenas um defeito na personalidade humana ou somente uma simples insuficiência de esperteza espiritual, o preço que deve ser pago pelo pecado tem que ser muito mais do que somente uma ‘ajuda, ‘chance’, ou ‘jeito’ divino para o pecador. Pela estudo da Bíblia podemos entender melhor, não somente o que é que causou um preço a ser pago pelo pecado mas o próprio preço pago. Entenderemos esse preço pelo estudo de II Co. 5:21.

“Àquele” – característicos da pessoa dada como preço do pecado, são apontados pela palavra “aquele” usada em II Co. 5:21. Não foi qualquer pessoa dada como preço do pecado mas um em particular. Os títulos daquele que foi dado como sacrifício pelo pecado revela muito: “o Leão da tribo de Judá, a raiz de Davi, que venceu” (Ap. 5:5; Is. 11:1,2), o “Rei dos reis, e Senhor dos senhores” (Ap. 19:16), o “Raboni” (Jo. 20:16), o “Cordeiro de Deus” (Jo. 1:29). Quem pagou o preço do pecado é determinado pela simbologia da pedra rejeitada que Deus colocou por “cabeça de esquina” (At. 4:11). Este é comida espiritual (Jo. 6:54, 63) e água viva (Jo. 7:37,38). “Aquele’ que foi dado é nada menos do que o eterno “Verbo” (Jo. 1:1; Jo. 8:58), Quem é “um” com o Pai (Jo. 10:30), o “Deus conosco” (Mt. 1:23), o “SENHOR” (Jeová) do Velho Testamento revelado no Novo Testamento (Joel 2:28-32; At. 2:16-21; 16:31). O preço pago pelo pecado não foi um preço qualquer. O preço pago foi o próprio Deus, na pessoa de Jesus Cristo (Jo. 1:18; Jd. 25).

O sacrifício dado pelo pecado deve ser homem/Deus. Isso é representado pela Bíblia de maneiras diferentes: um parente (Lv.. 25:25-27) e um remidor bem chegado (Rute 3:12; 4:7,8). Cristo é este sacrifício homem/Deus (Gl. 3:20; I Tm. 2:5,6; I Co. 15:21; Hb. 2:11,17, “semelhante aos irmãos”) que pode morrer no lugar do homem e satisfazer todos os requisitos divinos. Somente Cristo é o representante qualificado dado no lugar do homem, o verdadeiro parente e o remidor bem mais chegado. A representação de Cristo sendo o “último Adão” (Rm. 5:14; I Co. 15:45; Hb. 2:11-15) indica somente Ele o único que pode ser o sacrifício ideal pelo pecado do homem. Além dEle, não há outro (At. 4:12; I Co. 3:11).

“que não conheceu pecado” – a divindade de Cristo é apontado por este frase: “que não conheceu pecado” em II Co. 5:21. Cristo é sem pecado. Ele é o “Santíssimo” (Dn. 9:24; Is. 53:9; Lc. 1:35; Hb. 7:26; 9:13,14; I Pe. 2:22,23), aquele em quem “não há pecado” (I Jo. 3:5), o “Justo” (I Pe. 3:18; I Jo. 2:1). Pela qualidade de Cristo ser imaculado (I Pe. 1:18,19), Ele é chamado “Luz (Jo. 8:12; 9:5; 12:46), a Verdade e a Vida (Jo. 11:25; 14:6; I Jo. 5:12). A Sua qualidade de divindade é apontada por Ele ser o “filho de Deus” que não nasceu, mas foi dado (divindade). O que nasceu foi o “menino” (humanidade, Is. 9:6). A divindade de Cristo é entendido por Ele ser ‘eterno’ (Lc. 1:32,35; Jo. 1:1; Ap. 21:6, “o Alfa e o Ômega”; 22:16), um atributo divino. Cristo não foi criado mas é o Criador (Cl. 1:16,17; Jo. 1:3). Outros atributos de Cristo que revelam a Sua divindade são: onipotência (Sl. 2:9; Mt. 28:18; Jo. 10:18), onisciência (Mc. 2:8; Jo. 2:24,25; 16:30) e onipresença (Mt. 18:20; 28:20). Por Cristo não conhecer pecado, Ele é exaltado (Sl. 89:27; Dn. 7:14; At. 2:36; Cl. 1:18,19; Fp. 2:7-11; Hb. 7:26; Ap. 19:16) e designado como soberano (Jo. 3:35; 13:3; 17:2; At. 10:36, “o Senhor de todos”; I Co. 15:57; I Pe. 3:22). O preço que foi dado pelo pecado foi o próprio Deus na pessoa de Jesus Cristo. Cristo é o único nome dado entre os homens pelo qual devamos ser salvos (At. 4:12; I Co. 3:11). Se misturamos a salvação com qualquer outra obra, angélica ou humana, ou com outra pessoa alguma, a não ser unicamente a pessoa de Cristo, desprezamos “Aquele que não conheceu pecado” que o Pai deu (Jo. 3:16).

“o fez pecado” – a humanidade de Cristo é apontada por esta frase: o fez pecado (II Co. 5:21). Mesmo que Cristo foi gerado pelo Espírito Santo (Mt. 1:20), ele nasceu de mulher, sob a lei (Is. 9:6, ”um menino nos nasceu”; Lc. 2:7,11; Gl. 4:4). Cristo tinha uma mãe humana e também irmãos na carne (Mt. 13:55,56; Lc. 8:19) e cresceu em estatura e conhecimento como qualquer outro menino (Lc. 2:40,52). Ele submeteu-se aos seus pais humanos (Lc. 2:51), caminhou (Jo. 4:3-6) e se cansou pelo caminho (Jo. 4:6). Cristo mostrou-se humano por ter fome (Mt. 4:2), sentir sede (Jo. 19:28), experimentar tristeza (Jo. 11:33), a ira (Mt. 21:12; Jo. 2:17), o desprezo (Mt. 13:57) por chorar (Jo. 11:35) e por alegrar-se no Espírito Santo (Lc. 10:21). Por ser homem Cristo foi tentado em tudo (Hb. 4:15) e foi limitado no conhecimento das coisas de Deus (Mt. 24:36; Mc. 13:32). A prova maior que Cristo foi homem é entendida em que Ele foi feito pecado (II Co. 5:21; Is. 53:4-6), em conseqüência de tal, foi pendurado corporalmente na cruz (Mt. 27:38, 42; Jo. 19:31), furado por lança (Jo. 19:34; 20:27) da qual ferida saiu água e sangue (Jo. 19:34). O sofrimento de Cristo foi até a morte (Fp. 2:7,8; Jo. 19:30) depois da qual, foi sepultado (Jo. 19:38-42). O preço pago pelo pecado não foi pouco, mas foi a vida do próprio Filho de Deus, o homem, Cristo Jesus.

Ai daquele que rejeita tal sacrifício pelos pecados. Se você ainda não é salvo, não espere por outro maior sacrifício ser dado pelos pecados. Não há maior sacrifício do que o filho dado por Deus e o menino nascido por mulher que é chamado Jesus Cristo. Venha a Ele já.

Por quem este preço foi pago

“por nós” – por quem o preço do pecado foi pago é entendido pelas palavras “por nós” de II Co. 5:21. Cristo é “aquele” que representa os “seus”. Os pecadores são feitos pecadores por serem em Adão (Rm. 5:12). Os salvos são feitos santos por estarem em Cristo, antes da fundação do mundo (Rm. 5:19; Ef. 1:4). Como Adão representa todos os homens, sem a exceção de nenhum, assim Cristo representa todos “os que são de Cristo”, sem exceção de nenhum (I Co. 15:22,23; II Co. 5:14,15). A obra de Cristo foi uma substituição legal para os seus em particular (Hb. 2:11).

A Bíblia claramente mostra por quem o preço pelo sacrifício do Divino/humano Cristo Jesus foi pago usando várias terminologias específicas. Quem foi os alvos para receber as bênçãos do sacrifício de Cristo são os por quem Deus decidiu compadecer-se e pelos quais Ele quis ter misericórdia (Rm. 9:15,16). Estes crêem no Evangelho por serem os que são “ordenados para a vida eterna” (At. 13:48). Estes ordenados ou, como temos já visto, os escolhidos ou os elegidos, são anteriormente determinados por Deus (Ef. 1:4; II Ts. 2:13) e, são nomeados “povo seu” (Tt. 2:14), “seu povo” (Mt. 1:21, Sl. 110:3 – os judeus), “os seus” (Jo. 13:1 – seus discípulos) ou “meu povo” (Êx. 8:23; II Co. 2:15,16 – os judeus). São particularmente por estes que Cristo veio salvar (Mt. 1:21). Os homens que serão salvos são chamados “ovelhas”, e são estas ovelhas somente pelas quais Cristo deu a Sua vida (Jo. 10:11,14-16; Is. 53:4-6,8). Estes homens que hão de crer, que são os do mundo que o Pai deu a Cristo, são pelos quais Cristo se santificou e orou particularmente e ainda ora (Jo. 17:6, 9, 11, 19, 21; Hb. 7:25). Estes, por quais Cristo se deu, em outras passagens são chamados “amigos” (Jo. 15:13,14), “meus irmãos” (Hb. 2:12) e os “filhos que Deus me deu” (Hb. 2:13; I Jo. 3:1) enfatizando ainda mais a relação particular que têm os que foram dados pelo Pai ao Filho. São estes mesmos que são os “chamados” (Hb. 9:15) que foram conhecidos intimamente e predestinados antes (Rm. 8:28-30). Estes predestinados, uma vez salvos pela mensagem da pregação da Palavra de Deus e pela obra do Espírito Santo, quando ajuntados em obediência pública, são chamados o “corpo de Cristo” ou a Sua “igreja” (Ef. 5:23, 25). É neste sentido de coletividade dos que serão salvos e ajuntados no céu que entendemos um sacrifício particular pois é dito que é “Ele próprio o salvador do corpo” (Ef. 5:23) e que pela igreja “a si mesmo se entregou por ela” (Ef. 5:25). É determinado que fosse por estes ajuntados biblicamente que “Ele resgatou com seu próprio sangue” e não os de fora do Seu ajuntamento [o ajuntamento futuro no céu de todos os salvos de todas as épocas e os ajuntamentos de representantes atualmente na terra] (At. 20:28). Foi o propósito de Cristo cuidar particularmente o Seu “pequeno rebanho” (Lc. 12:32). Um propósito que Ele efetua na salvação pelo Seu sangue e na santificação pelas Suas igrejas (Ef. 4:11-16). Estes, quem o Pai concede vir a Cristo (Jo. 6:65), pela obra do Pai e do Espírito Santo (Jo. 6:45; Is. 54:13) e pela Palavra de Deus (Rm. 10:17; I Pe. 1:23) são os que recebem Cristo pela fé (Jo. 1:12). Estes mesmos “que crêem no Seu nome” são, os mesmos que passivamente “o receberam” (Jo. 1:12), os que nasceram espiritualmente da vontade de Deus (Jo. 1:13) e não pelo esforço nenhum do homem (Rm. 916). Por estes Cristo se santificou (Jo. 17:19). Não há dúvida nenhuma que Cristo foi feito pecado por certas pessoas em particular (II Co. 5:21). Foi por somente estes Ele morreu (Rm. 5:8; Tt. 2:14) e todos os pecados que Ele levou sobre si serão verdadeiramente cobertos no dia do julgamento (Hb. 9:12; Ap. 5:9).

Exatamente o que Cristo fez “por nós” é entendido por palavras várias pela Bíblia, tais como redenção, propiciação, salvação e expiação. Um estudo detalhado sobre cada uma destas palavras, considerando as suas naturezas, qualificações, contextos e usos, ensinará claramente tanta a natureza da obra salvadora de Cristo quanto por quem a Sua obra foi feita.

Obra Federal

A obra de Cristo “por nós” é uma obra federal ou representante. Como na aliança do Velho Testamento era englobado o povo de Deus pelas promessas, os eleitos são representados por Cristo na Sua obra de salvação (Gl. 2:20, “Já estou crucificado com Cristo”). Como o primeiro Adão representava todo homem na humanidade (Rm. 5:12; I Co. 15:47), assim o Segundo Adão representa todos os salvos (I Co. 15:22,23, “os que são de Cristo”). Por Cristo ser feito “semelhante aos irmãos” (Hb. 2:17) “contado com os transgressores” (Is. 53:12) e uma “alma vivente” (I Co. 15:45), Ele, junto com Seu povo, identificou-se como uma unidade diante da ira de Deus. Por Cristo representar todos os seus é dito que os seus são “crucificados com Cristo” (Gl. 2:20), mortos com Ele (Rm. 6:8), sepultados com Ele (Rm. 6:4), vivificados com Ele (Cl. 2:13), ressuscitados juntamente com Ele (Ef. 2:6) e os fez assentar nos lugares celestiais Nele (Ef. 2:6). A obra que Cristo fez, verdadeiramente representa “nós”.

Obra Vicária

A obra de Cristo “por nós” também foi vicária ou, em substituição (I Pe. 3:18, “o justo pelos injustos”). Cristo não fez algo simplesmente bom para o benefício de outro, mas Ele tornou a ser, no próprio lugar, exatamente o que o outro era (Gl. 4:4; Fp. 2:7). Cristo, sendo feito como nós diante da lei (Gl. 4:4) ficou sujeito à pena da justiça de Deus. Cristo, sento feito “pecado por nós” (II Co. 5:21) foi sujeito à morte. Sendo feito “semelhante aos irmãos” (Hb. 2:17) a Sua obra absolveu “nós” da lei do pecado e da morte (Rm. 8:3,4). Deus moeu Cristo pois Ele era “o castigo que nos traz a paz” (Is. 53:4-6). Portanto, não há mais nenhuma condenação para os que estão em Cristo (Rm. 8:1). A obra de Cristo para a salvação verdadeiramente foi em substituição “por nós”.

Obra Penal

A obra de Cristo “por nós” foi penal. Cristo, como representante de “nós” e sendo “feito pecado por nós” teria que sofrer as conseqüências do Seu povo (Is. 53:4-8, “pela transgressão do meu povo ele foi atingido”; Mt. 1:21, “Ele salvará o seu povo dos seus pecados”; João 17:9, Eu rogo por eles; não rogo pelo mundo, mas por aqueles que me deste, porque são teus.”). Entendemos isso pela Sua morte. Cristo foi obediente em tudo (Fp. 2:7), e, portanto, não deve ser castigado. Cristo foi sem pecado (II Co. 5:21), e, portanto, não deve morrer. Cristo é justo (I Pe. 3:18), e, portanto, não deve ser desamparado pelo Pai. Todavia, Cristo foi castigado, morto e desamparado por Ele ser “feito pecado” pelos Seus (Lv.. 16:21; Is. 53:6,12; Hb. 9:28). Pela vitória de Cristo sobre o pecado e a morte, os Nele são feitos justos diante de Deus (Rm. 8:1,2). Verdadeiramente, a obra salvadora de Cristo foi penal “por nós”.

Obra Sacrificial

A obra de Cristo “por nós” foi sacrificial (I Co. 5:7,”..Cristo, nossa páscoa, foi sacrificado por nós”). Cristo foi a expiação do próprio pecado (Is. 53:10) e, isso, voluntariamente (Jo. 10:18; Hb. 7:27). Cristo fez essa obra sacrificial como o Pai propôs (Rm. 3:25) pela obra do Espírito Santo (Hb. 9:14; Is. 61:1). Essa obra sacrificial de Cristo foi uma obra redentora, uma compra de um rebanho em particular com Seu próprio sangue (At. 20:28; I Co. 6:19,20). Também foi uma obra sacrificial como sacerdotal. Como os sacerdotes no Velho Testamento ministravam diante de Deus para homens em particular, Cristo ministrou diante de Deus para todo os Seus (Hb. 9:11-15, 25-28; 10:12-18). Não há dúvida nenhuma que a obra de Cristo como salvador “por nós” foi sacrificial.

Portanto, todos em Cristo são feitos, mais cedo ou mais tarde, justos diante de Deus. A todos os homens (sem a exceção de nenhum) deve ser declarado publicamente e zelosamente a mensagem do Evangelho que Cristo é o Salvador de todos os pecadores arrependidos e crentes Nele (Jo. 3:16). Portanto, se você é convencido dos seus pecados e entenda que merece a ira e o julgamento de Deus, a mensagem é: Venha a Deus pela fé na obra completa de Cristo. Por Cristo, Deus é grande em perdoar (Is. 55:7). Venham, tome de graça da água da vida, todos que querem (Ap. 22:18), todos que tenham sede (Is. 55:1-3), e, todos que sejam oprimidos e cansados dos seus pecados (Mt. 11:28-30).

Objeções

Existem as pessoas que dizem que Cristo morreu por todo e qualquer homem no mundo sem nenhum exceção. Creio que há versículos que aparentemente ensinem essas doutrinas. Todavia, se o que eles aparentem for correto, todos os versículos já citados como prova que Cristo veio morrer e salvar por alguns em particular, ficarão sem explicação alguma. Os versículos que aparentam fornecer um entendimento para uma expiação geral para toda humanidade por Cristo podem ser entendidos melhor se o contexto de cada um fosse levado em consideração e não apensas o que aparentam ensinar.

II Pe. 3:9 é um versículo usado geralmente para provar que Deus quer que todos os homens de todo lugar no mundo e todos os tempos venham ao arrependimento. Se o próprio versículo fosse lido com calma e sem uma emoção exaltada, seria entendido por quem Deus é desejoso. O desejo de Deus é para “conosco”, os a quem Pedro escreve sua epístola (“aos que conosco alcançaram fé igualmente preciosa”, II Pe. 1:1). São estes em particular que Deus não quer perder e pelos quais Ele é desejoso que venham ao arrependimento.

Adicionalmente, com II Pedro 3:9, podemos estabelecer o fato que a palavra “todos” não significa a absoluta totalidade das pessoas que podem existir. Existe na definição do pronome indefinido “tudo” no Dicionário Eletrônico Aurélio o sentido: 4. Todas as pessoas de quem se trata; todos: "e os amigos sem nome (tantos), / em alegria companheira, / tudo se junta, oferecendo-se, / numa rosa, a Manuel Bandeira." (Carlos Drummond de Andrade, José & Outros, p. 111). Os léxicos do grego permitem o mesmo (#3956, individualmente, cada um, ou, coletivamente, uns de todos, Strong’s). Esse sentido cabe bem com o “todos” de II Pedro 3:9. O “todos” trata com os “alguns” que tem ligação com aqueles representados com o pronome “conosco”. Quer dizer, Deus tem os Seus entre quais alguns são salvos já e outros que ainda não são. Os que ainda não são, Deus não quer que nenhum destes se percam senão que todos venham a arrepender-se.

O versículo I João 2:1,2 que parece enfatizar uma expiação geral, em verdade não ensina isso. O apóstolo João está escrevendo aos judeus e ele relata a verdade que a salvação por Cristo não é somente entre os judeus mas para “todo o mundo”. Quer dizer: os gentios podem ser salvos também. O apóstolo João, pela revelação em Apocalipse, revela que de “todo o mundo” há salvação, sim, ‘uns de todos’ (Strong’s) ou, quer dizer, “homens de toda tribo, e língua, e povo, e nação” (Ap. 5:9). O versículo Romanos 3:9, usa os dois, “tantos judeus como gregos” no sentido de “todos” da mesma forma de I João 2:1,2. Na verdade, poucas são às vezes, entre as 1,234 usos da palavra ‘todos’ no Novo Testamento (#3956 no Strong’s, Concordância Fiel), que a palavra “todos” significa a totalidade das pessoas. Geralmente o próprio texto torna evidente a sua limitação.

João 3:16 é um outro versículo usado por muitos para estabelecer o pensamento que Deus ama igualmente todos os homens e se empenha de igual forma a salvar todos eles de igual forma. Essa premissa fundamenta-se na suposição que quando a palavra “mundo” é usada, quer significar ‘todo mundo’ sem nenhuma exceção. Uma consideração de João 1:10 revelará três maneiras diferentes de usar essa única palavra (o “mundo” a terra em oposição ao céu; o “mundo” como o universo; o “mundo” apontando aos homens que não creram nEle). A palavra “mundo” pode ser usada para representar o universo (At. 17:24), a terra (Jo. 13;1; Ef. 1:4), o sistema mundano (Jo. 12:31; I Jo. 5:19), toda da raça humana (Rm. 3:19), toda a humanidade exceto os crentes (Jo. 5:24; 15:18; Rm. 3:6), e os gentios em contraste com os judeus (Rm. 11:12). A palavra “mundo” também pode ser usada para representar os crentes (Jo. 1:29; 3:16,17; 6:33; 12:47; I Co. 4:9; II Co. 5:19). Portanto, quando a palavra “mundo” for aplicada para ensinar a doutrina, deve ser levado em consideração esses usos também. O estudo bíblico não deve ser baseado numa suposição criada da lógica humana.

Em resumo, é necessário lembrar o que a doutrina declarada pelas palavras “eleição” e os seus derivativos, juntamente com as evidências múltiplas e bíblicas que apontam a uma expiação particular ensina quando é determinado os significados das palavras “todos” e “todo o mundo”. Com o estudo bíblico será entendido que Cristo, que não conheceu pecado, foi feito pecado a todos a quem o Pai anteriormente deu a Cristo, e somente estes.

O efeito do preço pago

“para que Nele fôssemos feitos a justiça de Deus” – Os por quem Cristo pagou o preço dos pecados são verdadeiramente feitos a “justiça de Deus” (II Co. 5:21). Como Cristo foi feito igual aos seus “irmãos” (Hb. 2:17) os “Seus” são feitos membros do “seu corpo, da Sua carne, e dos Seus ossos” (Ef. 5:30). Deus é satisfeito pelo trabalho da alma de Cristo (Is. 53:11). Sendo “por nós” quem Cristo trabalhou e ainda intercede (Rm. 8:33,34), estes mesmos serão todos junto com Cristo à direita de Deus. Não há nenhum elegido, por quem Cristo morreu, que não se apresentará justo diante de Deus um dia. Os que são chamados (Rm. 8:28,29) são os mesmo que são perdoados (Sl. 85:2-10; Is. 1:18), reconciliados (II Co. 5:20), sarados (I Pe. 2:24; Is. 53:4-7, 11), lavados (Ap. 1:5; I Pe. 1:18,19) e regenerados (Tt. 3:5). Pelo poder de Deus estes são desejosos a virem a Cristo (Sl. 110:3) e serão feitos vivos (I Jo. 5:12; Ef. 2:1; Jo. 5:24) e justificados (Is. 53:11; Rm. 3:24-26; 8:1; 10:4; Fp. 3:9) quando vêm a Cristo. Todo o que o Pai tem dado a Cristo, virá a Cristo eventualmente (Jo. 6:3, 39, 45) e serão estabelecidos (II Tm. 1:7), conservados (Jd. 1, 24, 25; Jo. 10:27,28), feitos agradáveis a Deus (Ef. 1:6) protegidos (I Jo. 2:1) e, sem a menor dúvida, glorificados (Jo. 6:44; 17:2; Rm. 8:30). A certeza disso é tão firme quanto a vontade de Deus (Jo. 6:38; Sl. 115:3; 135:6). Não há limitação nenhuma para a vontade de Deus (Dn. 4:35). Os que estavam longe, estão agora pertos (Ef. 2:13; Hb. 7:25); os que eram filhos da ira praticando todo e qualquer pecado, são agora, em Cristo, feitos filhos de Deus (Ef. 2:2; I Jo. 3:2; Rm. 8:14,15); os que eram inimigos agora são embaixadores da verdade (Rm. 8:6-8; II Co. 5:20) pela obra de Cristo. O que aconteceu no passado com os “em Cristo” continuará a acontecer para os “seus” que ainda não nasceram pois “todo o que o Pai” deu a Cristo “virá a Mim” (Jo. 6:37, 39; 17:2; Mt. 24:24).

Que Deus tenha misericórdia dos Seus e trazer todos os estes a Cristo para salvação (II Ts. 2:13). É o nosso desejo e oração que estes mesmos creiam e sejam trazidos a tais posições de benção espiritual em lugares celestiais por Cristo. Também é o nosso desejo que todos estes salvos vivam em todo o santo trato e piedade diante de um mundo em trevas por ter tal salvação (II Tm. 2:19).

 

                     A Chamada à Salvação

 

I Pedro 1:20

“O qual, na verdade, em outro tempo foi conhecido, ainda antes da fundação do mundo, mas manifestado nestes últimos tempos por amor de vós;”

O fato que Cristo, o Filho de Deus, tornou-se homem, representando os eleitos, no lugar deles, com a própria pena que recairia sobre eles, e dando a Sua vida em sacrifício por eles não faz com que estes sejam automaticamente salvos. Estes têm um “tempo de amor” que particularmente acontece em seu tempo oportuno segundo o calendário divino (Ez. 16:8). Os por quem Cristo morreu precisam ser trazidos a ouvir a mensagem de Cristo, terem os corações vivificados para que possam entender a mensagem e necessitam receber a fé para que possam crer em tal Salvador eficaz que é apresentado pelo Evangelho. O processo que transforma o eleito em um ouvinte com entendimento e fé será tratado nessa seção do estudo: os Meios que Deus usa, ou A Chamada à Salvação.

 

É fato que os eleitos de Deus serão chamados (Rm. 8:29, 30). Em ordem cronológica, o que veio primeiro foi o conhecimento de Deus dos Seus que determinou a sua predestinação. Seguindo essa fase da obra da salvação vem a própria chamada de Deus ao pecador elegido para que ele venha à salvação.

Deus Usa Meios para Cumprir a Sua Vontade

O que Deus decretou na eternidade, em seu tempo propício, por Seus meios, acontecerá

Os que Deus elegeu não são salvos no ato da sua eleição simplesmente por serem elegidos. Estes serão salvos em um tempo futuro em conseqüência dos meios que Deus determina. A eleição não é a própria salvação mas conduz “para a salvação” (II Ts. 2:13). Não há nenhuma dúvida que a eleição resultará na salvação de todos os elegidos em seu tempo propício. Essa eleição à salvação acontecerá pela operação dos meios que Deus ordena.

É claro que Deus usa meios para completar, em tempo real, o que Ele determinou na eternidade passada. Um exemplo dos meios usados para fazer a Sua vontade é a própria morte de Cristo. É dito que Cristo “foi morto desde a fundação do mundo” (Ap. 13:8). Esta ação foi completada na eternidade passada na mente de Deus. Mas, em tempo propício, no mundo, diante dos homens, Cristo foi preso, crucificado e morto pelas mãos de injustos (At. 2:23; 4:27,28). Também, a obra de eleição foi feita na eternidade, mas o seu efeito, a própria salvação, somente é vista em tempo por conseqüência da operação e a cooperação dos meios divinamente programados (I Pe. 1:20,21). Mesmo que as Suas obras da eleição foram acabadas “desde a fundação do mundo” (Hb. 4:3), elas vêm a ser realizadas entre os homens em tempo por meios estabelecidos por Deus (Rm. 10:13-15).

Os meios da chamada de Deus na salvação podem ser diferenciados se forem contemplados os alvos da chamada (os salvos ou os não salvos), o efeito da chamada (a convicção somente ou a regeneração) e a maneira que a chamada é dada (interna ou exteriormente). Os meios que Deus usa para trazer os Seus a Ele freqüentemente cooperam entre si. Por crermos que Deus antecede qualquer obra humana, listamos primeiro os meios internos. Estes meios internos são às vezes nomeados “a chamada interna”. A chamada interna ou os meios internos são aquelas obras invisíveis que Deus opera suave e eficazmente no coração dos Seus.

Os Meios Internos ou A Chamada Interna

Os meios internos são aqueles meios invisíveis empregados por Deus no interior do homem antes mesmo que o homem perceba qualquer ação nele em prol da sua salvação.

A Graça de Deus – II Tm. 1:9

Por necessidade é importante listar a graça em primeiro lugar destes meios que Deus usa na chamada da salvação pois Deus é a primeira causa de qualquer boa obra (I Tm. 1:17). A graça é aquele maravilhoso atributo de Deus que é manifesto quando Deus derrama bênçãos em quem não as merece. Pela Palavra de Deus, pode ser observado que haja dois tipos de graça: a comum que é dada a todos os homens mas não salva ninguém e a especial que opera eficazmente nos eleitos trazendo-os seguramente à salvação por Jesus Cristo.

A Graça Comum ou Geral

A graça comum é manifesta a todos (Sl. 136:25; 145:9; At. 17:24-26) incluindo bênçãos ao estrangeiro dando-lhes pão e vestimenta (Dt. 10:17-19), à natureza suprindo todas as suas necessidades (Sl. 104:11-22; Lc. 12:6; Mt. 6:28-30). A graça comum estende tanto aos justos e injustos como aos bons e maus juntamente dando-lhes sol, chuva e tudo para viver bem (Dt. 29:5; Mt. 5:43-45; Lc. 6:35; 16:25). Essa graça comum é dada aos homens em geral dando-lhes um governo civil que é um instrumento de Deus (Rm. 13:3,4; I Pe. 2:14). A graça comum faz parte das coisas minuciosas (“até os cabelos da vossa cabeça estão todos contados”, Lc. 12:7) até as coisas impossíveis de medir, a preservação do mundo e tudo que nele há (Neemias 9:6; Cl. 1:16,17). Conjuntamente com estas bênçãos Deus também dá a mensagem de salvação a muitos que nunca serão salvos (Mt. 13:19-22; At. 14:15-17; Rm. 2:4; I Tm. 4:10). Essa graça comum pode ser resistida (Mt. 23:37) e é resistida por todos que vão ao inferno. Que essa graça geral não é salvadora é entendida pela observação que os maus continuam mal depois da manifestação de tal graça mesmo que tal graça e bênçãos sejam maravilhosas (Rm. 2:4).

A Graça Especial ou Particular

A graça especial de Deus é exercitada para com aqueles que Deus ama particularmente (Dt. 7:7,8; 9:6; Jr. 31:3; Ef. 1:5; 2:4, “Mas Deus, que é riquíssimo em misericórdia, pelo seu muito amor com que nos amou,”). A graça especial de Deus age em casos além da salvação também. Essa graça particular é revelada em vários casos pela Palavra de Deus. Não existe outra explicação, a não ser a graça especial, que enviou Elias à viúva de Sarepta de Sidom e Eliseu ao leproso Naamã, o siro (Lc. 4:25-27; I Reis 17:8-13; II Reis 5:1-17). Essa graça especial é gloriosamente notada nos que Ele chama particularmente à salvação (Sl. 65:4; Rm. 8:28,29; I Co. 1:24; Gl. 1:15,16). Pela graça particular Deus escolheu: salvar os homens e não os anjos (II Pe. 2:4), abençoar Israel em ser o Seu povo e não qualquer outra nação existente naquela época (Gn. 12:1-3), levar o evangelho a Macedônia e não a Ásia (At. 16:6-10), aos pobres e não aos ricos (Tg. 2:5), aos simples e não aos cultos (Mt. 11:25,26) e aos demasiadamente ímpios e não aos justos (Mt. 21:32). A graça especial de Deus pode ser resistida mas não eficazmente pois é sempre eficaz em trazer todos os seus à salvação plena (Jo. 6:44, “.. e eu o ressuscitarei no último dia”; 10:27, “As minhas ovelhas ouvem a minha voz, e elas me seguem;”; I Jo. 4:19; At. 13:48; Ef. 2:4-5, 8-9; II Ts. 2:13). Por Deus pensar favorável para com os Seus antes de operar qualquer outra obra dEle, listamos primeiro a Sua graça entre as obras internas. Entendemos que somente os “seus” podem vir a Cristo (Jo. 1:12,13; 6:44, “Ninguém pode vir a mim, se o Pai que me enviou o não trouxer”; 6:65, “..ninguém pode vir a mim, se por meu Pai não lhe for concedido.”) e estes venham por serem capacitados pela Sua graça especial (II Co. 3:5, “a nossa capacidade vem de Deus”; Gl. 1:15; Ef. 2:8,9). “O teu povo será mui voluntário no dia do teu poder;” (Sl. 110:3)

A Graça Preveniente e a Providência

I Co. 4:7, “Porque, quem te faz diferente?”

Gl. 1:15, 16, “desde o ventre de minha mãe me separou”

A graça de Deus, além de ser categorizada em comum ou especial, pode também ser listada como preveniente ou a providência. A graça especial é pela qual Deus escolhe os Seus. A graça preveniente e a providência, em respeito ao assunto da salvação, são aspectos da graça pelas quais Deus traz eficazmente os Seus a Ele.

A graça preveniente é aquela graça “que nos induz à prática do bem (falando-se da graça divina) ou aquela que chega antes” (Dicionário Eletrônico Aurélio). A graça preveniente é aquela forma da graça de Deus que é exercitada para com os eleitos guardando-os de certos males e pecados antes e também depois que sejam salvos.

A providência é “A suprema sabedoria com que Deus conduz todas as coisas” (Dicionário Eletrônico Aurélio). No assunto particular da salvação, é o exercício da graça soberana que tem o aspecto específico de operar em particular com tudo ao redor dos eleitos controlando todos os aspectos das suas vidas antes e depois da sua salvação, segundo o eterno propósito de Deus. Ela influência-os ao ponto que seja feito tudo o que é necessário para que estes atendam voluntariamente à chamada de Deus com fé em Cristo e que sejam obedientes à vontade de Deus continuamente até o último dia (Ef. 1:11; Fp. 1:6; 2:13).

Pela graça da providência, Abraão e Sara foram levados ao Egito, mas, foi pela graça preveniente que as suas ações foram guardadas para não serem destruídos (Gn. 20:4-6). José foi levado à casa de Faraó pela graça da providência usando a falta de entendimento dos seus sonhos pelos pais (Gn. 37:10), a inveja e a ira dos seus irmãos (Gn. 37:11, 18-25), a mentira da mulher de Potifar (Gn. 39:13-20), o favor diante dos olhos do carcereiro-mor (Gn. 39:21) e o esquecimento do copeiro-mor do rei (Gn. 40:21-23). Todavia, foi a graça preveniente que guardou José de pecar com a mulher de Potifar (Gn. 39:2-12), do desespero nos longos anos na prisão (Gn. 39:23) e é o que levou José a conhecer o significado dos sonhos do rei (Gn. 41:16). Posteriormente, José deu testemunho que isso tudo foi orquestrado pela mão de Deus (Gn. 45:5). A operação de Deus pela providência, para os que têm olhos para enxergar, é muito maior que qualquer milagre pois opera nos milhões de acontecimentos diários para trazer a Sua vontade eterna ser feita.

“O Poderoso, que formou todas as coisas, paga ao tolo, e recompensa ao transgressor” - Pv. 26:10.

Podemos perceber a mão de Deus trazendo os seus à salvação pela graça da providência nos casos do eunuco em Gaza (At. 8:25-40), da Lídia (At. 16:13-15) e do próprio Apóstolo Paulo (Gl. 1:15,16; At. 9:1-19). Porém foi a graça preveniente que fez o eunuco desejar ir à Jerusalém para adoração, a Lídia querer estar onde a oração costumava ser feita e fez Paulo considerar a pregação de Estêvão. A ação de Deus que opera na vida de todos ao redor dos eleitos é chamada por alguns a ‘providência’ (Sl. 136:5-12). A ação de Deus que restringe as ações do homem escolhido é chamada por alguns a ‘graça preveniente’ (Sl. 76:10).

Que a graça da providência opera na salvação é entendida por Paulo declarar que desde a ventre da sua mãe ele foi separado e chamado pela graça (Gl. 1:15,16). Essa separação foi segundo o propósito eterno de Deus, mas feita pela providência em tempo. A revelação do Filho de Deus a Paulo aconteceu em tempo (At. 9:1-6) assim como aconteceu a sua chamada pública ao apostolado (At. 13:1-3). Depois de muitas experiências Paulo testemunha dizendo que tudo isso foi a graça que operou nele (I Co. 15:10).

Observação

A providência não opera em oposição à liberdade nata do homem em fazer uma escolha qualquer nem cancela a sua responsabilidade pessoal quando é exercitada a sua vontade (Gn. 2:17; Ez. 18:20, “a alma que pecar, essa morrerá”; Gl. 6:7,8). O simples fato que Deus julga o homem pelas suas ações prova que o homem é responsável por elas. “A providência é entendida na sua operação quando são induzidas ações específicas ou o homem é colocado em situações que influenciam ou controlam-no nas suas ações” (Boyce, p. 224, o uso de vespões - Êx. 23:28; profetas mentirosos - I Reis 22:20-22; a cólera do homem - Sl. 76:10; mãos de injustos - At. 2:23; os reis da terra - 4:27,28; Ef. 1:11, “opera todas as coisas segunda a Sua vontade”; Fp. 2:13).

Se você estiver sem Cristo e deseja mesmo ser salvo Nele, peça que Deus te salva pela Sua mão poderosa tendo misericórdia pela sua alma, levando-te a crer em Cristo Jesus o único Salvador revelado pelas Escrituras. Verá que tal ação é sua responsabilidade. Verá também que a salvação é pela Sua graça. Venha já e provai a grandiosa graça de Deus (Is. 55:6-7)!

A Obra do Espírito Santo

Os eleitos são como todos os outros também (Ef. 2:1-3). Portanto os eleitos, como qualquer incrédulo, são cegos no entendimento (I Co. 1:18; 2:14; II Co. 4:4 Ef. 4:18) não podendo ver o reino de Deus (Jo. 3:3); surdos de coração, não podendo ouvir a Palavra de Deus (Jo. 8:43,47); adormecidos no conhecimento (Ef. 5:14), não podendo ser atenciosos a vinda de Cristo (Mt. 25:2,3; Is. 56:8-12). Portanto os eleitos, antes de serem salvos, são espiritualmente mortos (Ef. 2:1,5; Cl. 2:13; Ap. 3:1) não podendo reagir pelas suas próprias forças à mensagem da vida. Se qualquer homem pecador chegar à fé verdadeira, este precisará de uma obra de Deus na sua vida. Essa obra divina é feita pela graça de Deus através de uma operação do Espírito Santo.

O Espírito Santo claramente opera nos corações dos homens mesmo que essas obras não são sempre nitidamente observadas por todos os homens. Essas obras do Espírito Santo são o despertar, iluminação, a convicção e a regeneração.

O Despertar

“No despertar do pecador, o Espírito de Deus impressiona a mente sobre a realidade da eternidade e do juízo. O pecador torna-se consciente de que está perigosamente sob a ira de Deus. Os assuntos espirituais tornam-se importantes” (Crisp, p. 45).

Por causa da obra do Espírito Santo em despertar não ser sinônimo de regeneração o despertar nem sempre resulta na salvação da alma. A impressão na mente do pecador que ele está sob a ira de Deus pode ser somente momentânea como nos exemplos do jovem rico (Mc. 10:17-22) e do poderoso Félix (At. 24:25-26) e simbolizada na ocasião da sementeira sobre pedregais e entre espinhos na parábola do semeador (Mc. 4:16-19).

O despertar do Espírito Santo pode trazer à salvação quando outras obras de Deus são presentes. Pelo filho pródigo tornar a si e entender a sua situação, entendemos a presença da obra eficaz do despertar do Espírito Santo (Lc. 15:17-24). Uns exemplos que ensinam que o despertar pode trazer à salvação são: os gentios em Antioquia da Písidia (At. 13:42-48) e os verdadeiros salvos (Ef. 2:5). Por Abraão praticar a adoração dos Deuses falsos e depois veio a seguir o verdadeiro Deus entendemos que ele foi despertado da sua condição velha (Gn. 12:1-3; Js. 24:15; Is. 51:1,2). O despertar do Espírito Santo é claramente entendido pela visão de Ezequiel do vale dos ossos secos (Ez. 37:5-10).

Em todos estes casos citados, se foi uma obra eficaz ou não, os pecadores foram levados a serem conscientes da realidade terrível de uma eternidade sem Cristo. O ensinar de Cristo ao coração é obra do Espírito Santo (Jo. 14:26;15:26). Chamamos essa consciência de uma realidade de juízo, a obra do despertamento.

Se você conhece essa obra de despertar no seu coração, peça que Deus seja misericordioso em trazer você a confiar em Cristo e que te salva por Seu poder.

Se você já foi salvo, lembrai da misericórdia de Deus em vivificar-te pela Sua graça. Louvai-O com uma vida santa de obediência da Palavra de Deus em amor pela salvação. Seja uma testemunha limpa aos outros que ainda estão dormindo (Ef. 5:14).

A Iluminação

O pecado prende nos laços do diabo (II Tm. 2:26; Hb. 3:13) e o coração do homem é depravado (Jr. 17:9; Pv. 28:26). Por essas razões o pecador precisa ser iluminado ao perigo do pecado e da gravidade de uma eternidade sem a salvação. É somente o Espírito Santo que provoca essa iluminação e nunca é produzida pelos homens por mais sinceros ou bem intencionados que sejam. Os homens não elegidos em geral podem receber um grau de iluminação ao ponto de serem movidos a temer as conseqüências eternas do pecado (At. 26:28; Hb. 6:4-6; 10:20, 32, 33). Todavia são somente os elegidos que são “renovados para o conhecimento” (Cl. 3:10; Hb. 10:38,39) ao ponto de serem capacitados a crerem no Evangelho (Jo. 10:27; At. 2:42, “de bom grado receberam a palavra”; 13:48).

A Convicção

O despertar e a iluminação revelam o perigo do pecado, a convicção aponta a causa do perigo. Quando assim o Espírito Santo opera nos Seus, o homem é convencido do seu pecado, a justiça de Deus e o juízo de Deus sobre toda a impiedade (Jo. 16:8-11).

Pela obra eficaz e completa do Espírito Santo na convicção, os por ela atingidos, reconhecem as suas culpas (Sl. 51:4; Lc. 15:18; 18:9-14; At. 2:37, “compungiram-se em seus corações” no grego #2660 furar completamente; agitar violentamente, Strong’s; At. 16:29); deixam o seu egoísmo (Is. 64:6; Lc. 18:9-14) e são guiados a crerem em Cristo somente (II Co. 7:10; Mc. 9:24). Pode ser que os atingidos pela convicção não venham à salvação (At. 26:28; Mt. 19:21,22). Pode ser que essa obra da convicção não seja agradável (Rm. 8:15), mas é necessária (Mt. 5:3-6).

A Regeneração

A regeneração é absolutamente necessária para a salvação (Jo. 3:3,5). A mudança radical na alma do homem o capacita a entrar no reino de Deus, é o que chamamos regeneração.

A Origem da Regeneração

A regeneração não é da vontade humana (Jo. 1:12,13; Rm. 9:16). É verdade que o homem, pela força de sua vontade, pode se reformar, mascarando assim as evidências da sua natureza pecaminosa. Pode ser também que o homem reprime as manifestações visíveis do seu coração ímpio. Todavia o homem não tem capacidade de dar início a uma natureza radicalmente diferente daquela que lhe é própria (Rm. 8:6-8). Se não tiver uma renovação da própria natureza, da qual é fonte de todas as ações morais (Pv. 4:23), o homem, mesmo se fazendo ‘bom’ diante de si e diante dos homens, não pode escolher a santidade nem desejar a salvação verdadeira (Jr. 13:23, “pode o etíope mudar a sua pele, ou o leopardo as suas manchas? Então podereis vós fazer o bem, sendo ensinados a fazer o mal.”; João 5:40, “não quereis vir a mim para terdes vida”; I Co. 2:14, “o homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus .. não pode entendê-las porque elas se discernem espiritualmente”; Jo. 6:63, “a carne para nada aproveita”). Tal escolha seria contra a sua própria natureza pecaminosa. A regeneração é pela vontade de Deus, não do homem (Fp. 2:13).

Devemos enfatizar que o homem, no estado natural, nem pode cooperar positivamente com qualquer influência divina que possa ser aplicada por meio da verdade antes que a nova natureza seja nascida de Deus. O homem natural, que sempre procura benefícios próprios pela religião, verdadeiramente não vê em Deus, ou na genuína santidade, nada desejável. Mesmo que um homem religioso buscasse a santidade e a verdade divina, tal busca não viria de um desejo sincero para glorificar somente a Deus (Rm. 1:18, “detêm a verdade em injustiça”; 1:25, “honraram e serviram mais a criatura do que o Criador”; 3:18, “Não há temor de Deus diante de seus olhos.”) Qualquer busca de aparência de santidade seria para agradar-se a si mesmo em uma maneira ou outra (I Jo. 2:16, “tudo o que há no mundo, a concupiscência da carne, .. dos olhos e a soberba da vida, não é do Pai, mas do mundo.”; Jo. 3:19, “os homens amaram mais as trevas do que a luz”; Mt. 23:37, “quantas vezes quis eu ajuntar os teus filhos .. e tu não quiseste!”). Por causa da impiedade da natureza do homem, não se pode esperar que ele coopere para dar início à santidade verdadeira no seu coração.

Há os que dizem que uma apresentação favorável de várias verdades pode causar a nova natureza no homem. Pensam alguns que os fatos importantes da Bíblia podem ser mecanicamente impressos na mente do homem a ponto de comove-lo a ter um novo coração. Todavia, a vontade do homem, expressada pelas decisões da mente, não é independente do seu próprio coração. Do coração vem as ações e não são as ações que modificam o coração (Mt. 15:19; Mc. 7:21-23; Gn. 6:5; Pv. 4:23; Rm. 3:10-18; Gl. 5:19-21). Não mudamos o coração pela mente, mas mudamos a mente por termos um novo coração. Mudando a natureza do homem é o único meio para o homem ter uma disposição nova para amar a verdade (Ez. 36:26; Jo. 3:3, “aquele que não nascer de novo não pode ver o reino de Deus.”).

Quando existe a obra do Espírito Santo de regeneração, existe uma nova natureza que tanto deseja quanto pode ser santa e obediente a Deus por Jesus Cristo (Tt. 3:5-7; Fp. 4:13; Jo. 3:3-5) – Bancroft, p. 227. Essa mudança radical na alma do homem que o capacita a entrar no reino de Deus é o que chamamos “a regeneração” e ela é do Espírito Santo somente. Você a tem?

Os Nomes da Regeneração

Essa obra instantânea do Espírito Santo que faz o eleito ter uma disposição santa tem vários nomes pela Bíblia. É biblicamente chamada “a regeneração” (Tt. 3:5), “nascer de novo” (Jo. 3:3) ou ser “nascido do Espírito” (Jo. 3:6). Toda parte do homem é afetada pela regeneração. As afeições são renovadas, a mente é iluminada para o entendimento do reino espiritual e o estilo da vida passou a ser novo (II Co. 5:17).

A Natureza da Regeneração

A natureza da regeneração é entendida pelas palavras bíblicas usadas para simboliza-la:

1. Criação – Ef. 2:10

2. Novo nascimento – João 3:3

3. Renovação – Cl. 3:10

4. Nova natureza – II Co. 5:17

5. Novo coração – Ezequiel 36:26

6. Ressurreição – Ef. 2:1,5

7. Uma árvore boa – Mt. 7:17

8. Resplendor com luz – II Co. 4:6

9. As Leis de Cristo escritas no coração – Hb. 8:10

10. Translado – Cl. 1:13

 

O Fruto da Regeneração

O Espírito Santo faz uma nova disposição no coração do homem. Até este momento, o homem é passivo. Com a nova disposição no coração o homem torna a ser ativo. A nova natureza nascida pela obra do Espírito Santo evidencia-se. Chamamos as evidências dessa natureza o “fruto” da regeneração. O fruto da regeneração é a fé (I Jo. 5:4,5; Hb. 12:2; I Pe. 1:3), o arrependimento (II Tm. 2:25), amor a Deus (I Jo. 4:19), o amor aos outros (I Jo. 4:7; 3:14) e a perseverança (Fp. 1:6; I Jo. 5:4,5).

Observação

Nem todos os que são despertados, iluminados ou trazidos à convicção vêm eficazmente a Cristo (Mt. 20:16, “muitos são chamados, mas poucos escolhidos”; At. 7:51, “vós sempre resistis ao Espírito Santo”; Jo. 10:26, “Mas vós não credes porque não sois das minhas ovelhas”). Todavia, todos os que são regenerados vêm eficazmente a Cristo para todo o sempre (Jo. 10:27-29, “As minhas ovelhas ouvem a minha voz, e eu conheço-as, e elas me seguem”; Fp. 1:6, “aquele que em vós começou a boa obra a aperfeiçoará até ao dia de Jesus Cristo”; I Ts. 5:24, “Fiel é o que vos chama, o qual também o fará”). Os regenerados passam pelas outras obras de despertar, a iluminação e a convicção.

Pensando nessas verdades, ninguém deve estar satisfeito de ser convicto da sua condição pecaminosa ou de ser despertado a ponto de considerar o juízo eterno. Tudo isso não é salvação mesmo que pode ser envolvido no processo de salvação de todos os salvos. O que é necessário para a salvação é a regeneração. Portanto, clame a Deus que Ele tenha misericórdia das almas e que as modifiquem a ponto que manifestem o arrependimento dos pecados e a fé em Cristo!

Os Meios Externos

A Chamada Externa

Todos os meios, sejam internos ou externos, são controlados por Deus Quem é sobre tudo (Is. 45:7). Não minimizando o poder de Deus nem da Sua soberania, os meios externos são da responsabilidade do homem. Os meios externos, da responsabilidade do homem, devem ser empregados com todo o esforço que biblicamente podemos enquanto imploramos que Deus use os Seus meios internos, que são da Sua responsabilidade, nos corações de todos daqueles a quem pregamos (Ez. 37:1-10).

Deve ser enfatizado que Deus não é limitado em nada (Dn. 4:35, “não há quem possa estorvar a sua mão, e lhe diga: Que fazes?”). Se de pedras Deus quisesse suscitar filhos a Abraão, Ele poderia (Mt. 3:9; Lc. 3:8) pois nada há que a Deus seja demasiado difícil (Jr. 32:17). Porém, o que Deus manda ao homem fazer, é o que o homem é responsável a fazer. O homem é mandado a pregar a Verdade, orar que Deus abençoa a Sua Palavra e viver uma vida exemplar diante todos. Se não houver obediência no que somos responsáveis a fazer, não veremos as bênçãos de Deus no nosso ministério (Ez. 33:6-8; II Co. 4:3,4; At. 20:26,27).

A Pregação da Palavra de Deus

Deus quer usar a pregação da Sua Palavra na chamada dos seus eleitos à salvação. Dessa vontade somos confiantes pelo exemplo de Cristo e dos Seus discípulos, pelo Seu mandamento aos discípulos e pelo raciocínio inspirado na Bíblia (II Ts. 2:13, 14).

Cristo é o próprio Verbo que Deus usa para chamar os Seus eleitos à salvação (Jo. 1:1,14; II Co. 4:6). Cristo pregava toda parte da Palavra de Deus no Seu ministério publico (Mc. 2:2, “e anunciava-lhes a palavra”; Lc. 5:1; 24:27, 44, “de mim estava escrito na Lei de Moisés, e nos profetas e nos Salmos”; Jo. 12:48, “a palavra que vos tenho pregado”; 14:24, “a palavra que ouviste não é minha, mas do Pai que me enviou.”; 15:3, “Vós já estais limpos, pela palavra que vos tenho falado.”). Como Cristo é feito “Espírito vivificante” (I Co. 15:45) Ele vivifica os Seus pela Palavra de Deus (I Pe. 1:23-25; Tg. 1:18). O exemplo do próprio Cristo em usar a Palavra de Deus na sua evangelização é uma forte lição para nós.

Os discípulos também nos dão exemplo do uso da Palavra de Deus discípulos eram “ministros da Palavra” (Lc. 1:2) anunciando “o evangelho de Deus” em todo lugar que foram (I Ts. 2:2; At. 8:4; 11:19; 14:7; 20:27, “todo o conselho de Deus”). Não foram “palavras persuasivas de sabedoria humana” que compunha o conteúdo das pregações (I Co. 2:4) mas a mensagem de Jesus Cristo “segundo as Escrituras” (I Co. 2:1-5; 15:3-4). A pregação da Palavra de Deus basta. Pela pregação da Palavra de Deus os discípulos alvoroçaram o mundo (At. 17:6), testemunharam de Cristo (At. 1:8) e pelo o Espírito Santo usando a Palavra pregada, todos quantos estavam ordenados para a vida eterna creram (At. 13:48). Se queremos ter o poder de Deus operando entre nós, devemo-nos restringir ao uso exclusivo da Palavra de Deus. Ela é o poder de Deus para a salvação (Rm. 1:16).

O mandamento de Cristo para que os seus preguem é prova que Deus quer usar a pregação da Palavra de Deus na chamada dos seus eleitos à salvação. Cristo mandou os seus a pregarem o evangelho a toda a criatura (Mt. 28:18-20, “vos tenho mandado” – Jo. 14:26; 15:15; Mc. 16:15; Lc. 24:47). Essa comissão aos que formaram a igreja primitiva é a comissão de todos os do mesmo tipo de igreja, que querem ser obedientes ainda hoje (Mt. 28:20, “até a consumação dos séculos”; II Tm. 2:2; 4:2-5). Devemos sempre nos relembrar que Cristo é declarado pela pregação e é a pregação que Deus usa para salvar os Seus (I Co. 1:21-24; Tt. 1:3). Não devemos pensar, nem um pouco, que são nossas invenções, idéias, promoções ou transpirações que devemos aprimorar para a declaração da Palavra de Deus, mas contrariamente é exclusivamente a pregação da Palavra de Deus que somos mandados a pregar. Se quiser ver os ‘seus’ virem a Cristo, pregue a Palavra.

O raciocínio inspirado da Bíblia prova que Deus quer usar a pregação da Palavra de Deus na chamada dos seus eleitos à salvação. É a palavra que testifica de Cristo (Jo. 5:39) e que leva a vida ao terreno antes preparado por Deus (Mt. 13:23; I Co. 3:6). Não há fé sem ouvir a Palavra de Deus (Rm. 10:13-14, 17; Ef. 1:13, “depois que ouvistes a palavra da verdade”; Tg. 1:18). Quando o rico se interessava que os seus cinco irmãos não viessem ao inferno, a Palavra de Deus foi dada como suficiente para isso (Lc. 16:29). Ela é superior até de um ressuscitado voltando ao mundo (Lc. 16:30,31). Há uma incumbência para pregarmos o evangelho, não somente pelo mandamento de Cristo, mas pelo perigo pessoal e social da verdade ser encoberta se ela não for pregada (I Co. 9:16; II Co. 4:3).

Os que querem usar a doutrina da eleição para não pregar aos que nunca ouviram não estão manejando bem a palavra da verdade. A eleição não é salvação mas “para a salvação” e essa salvação é pela fé na verdade que é apresentada pela Palavra de Deus (II Ts. 2:13, 14, “para o que pelo nosso evangelho vos chamou”; Rm. 10:13-14, “como crerão naquele de quem não ouviram? e como ouvirão, se não há quem pregue?”). Não precisamos entender como Deus usa a Sua Palavra para dar vida. Somente devemos entender a nossa responsabilidade em prega-la a toda a criatura e pedir que Deus nos dê o Seu crescimento por ela (I Co. 3:6).

A oração dos Santos

É verdade que haja meios que funcionam somente em conjunto com os outros meios e nunca sozinhos. A oração é útil na aplicação da Palavra de Deus pelo Espírito Santo nos corações dos homens segundo a vontade de Deus. A oração é um meio tão importante quanto necessário. É tanto uma obra divina quanto uma responsabilidade do homem (Ez. 37:9,10).

A Bíblia claramente afirma que Deus usa as orações dos Seus santos na chamada dos seus eleitos à salvação. A oração é útil na aplicação da Palavra de Deus ao coração dos que Deus chama. Somos animados a orar pelo exemplo de Cristo e dos seus discípulos e pelos mandamentos inspirados pelo Espírito Santo na Palavra de Deus. A oração nunca pode mudar Deus pois Ele não muda (Ml. 3:6; Tg. 1:17) mas ela verdadeiramente é um meio eficaz que Deus estimula e usa para fazer a Sua vontade (Mt. 7:7-11; Lc. 18:1-8; Ef. 1:11; Rm. 8:26).

O efeito que a oração tem como meio no chamamento dos eleitos à salvação é entendido pelo uso de oração por Jesus. Mesmo que Jesus é Deus e portanto onisciente e onipotente Ele freqüentemente foi encontrado na prática de oração. Nas suas orações Ele expressava os desejos do Seu coração juntamente clamando que tudo seja segunda a vontade do Pai (Mt. 26:39). Entre outras razões, por orar, Jesus também orava pelos que, no momento da oração, não eram salvos. Ele orou pelos que iriam ouvir o Evangelho e seriam salvos (Jo. 17:9-11, 20, “E não rogo somente por estes, mas também por aqueles que pela sua palavra hão de crer em mim;”). Se Jesus ocupava-se na oração intercedendo pelos transgressores (Is. 53:12; Hb. 7:25), podemos ser animados a empregar tal meio também a orarmos pelos que amamos e ainda não são salvos. Podemos sinceramente implorar pela salvação dos transgressores. Se a oração não fosse um meio pelo qual Deus chama os seus eleitos à salvação não teria propósito nenhum essa oração de Jesus por aqueles que ainda seriam convertidos pela Palavra de Deus. Não sabemos quem são os eleitos mas sabemos que a oração é um meio usado por Cristo a interceder pelos transgressores para que sejam salvos. Podemos ser como Cristo quando empregamos este meio eficaz orando pela salvação dos transgressores, de todos aqueles que o Pai deu a Cristo.

O uso de oração pelos discípulos nos ensina que Deus usa a oração dos santos para chamar os seus eleitos à salvação. O apóstolo Paulo também ocupava-se no exercício deste meio. Ele orou pelos incrédulos para que fossem salvos (Rm. 10:1-3, “Irmãos, o bom desejo do meu coração e a oração a Deus por Israel é para sua salvação.”). Muitos destes por quem Paulo orou não vieram a Cristo, mas a sua oração era correta mesmo assim. Não foi somente um único apóstolo que praticava compaixão pela oração pelos incrédulos mas também os irmãos em Coríntios se exercitaram na oração em prol dos recipientes do evangelho. Paulo agradeceu aos irmãos de Corinto pela ajuda em orar pelos ministros do Evangelho no seu trabalho de evangelização (II Co. 1:11). As suas participações na missão dele pela oração e sacrifício financeiro foram a esperança dos missionários que muitos outros, que naquele momento ainda não eram salvos, chegariam à fé. A participação dos irmãos na obra missionária pela ajuda dada pelas orações e ofertas missionárias era uma esperança forte que novos convertidos dariam gratidão pelas suas participações. Também entendemos que a ajuda no evangelismo que a oração da igreja em Filipos trouxe, foi um estímulo ao apóstolo Paulo (Fp. 1:19). Entendendo a ajuda que a oração foi para o Apóstolo Paulo e que motivava uma esperança viva que outros ainda creriam em Cristo, podemos ser resolutos em orar pelo sucesso do evangelho. Nunca devemos nos esquecer da verdade que diz: “a oração feita por um justo pode muito em seus efeitos.” (Tg. 5:16). É um estímulo orar saber que pelas obras de pregação e de oração tornemos a ser “cooperadores de Deus” (I Co. 3:9).

Pela Bíblia ser a revelação perfeita de Deus, os que querem glorificar a Deus são estimulados a obedecer aos mandamentos dela. Os mandamentos aos santos a orarem sem cessar (I Ts. 5:17) e fazerem orações e intercessões por todos os homens (I Tm. 2:1-3) nos exemplificam a importância da oração na chamada dos eleitos à salvação. A igreja em Tessalônica foi animada pela instrução a rogar pelos evangelistas no seu trabalho para que a Palavra de Deus pregada tivesse efeito (II Ts. 3:1). A mesma instrução foi dada aos irmãos em Colossos (Cl. 4:2-4). Se estes exemplos das instruções às igrejas neo-testamentárias para que orassem pelo desempenho positivo do evangelho entre os incrédulos foram incluídos na Bíblia, as igrejas hoje que querem ser iguais àquelas igrejas podem receber instrução no seu dever de orar. Não seja displicente nas suas orações pelos seus familiares, colegas e até pelos que não conhece pessoalmente. As suas orações é um instrumento que Deus usa para efetuar a fé na Sua Palavra no coração de alguém para que venha a Cristo.

A Vida exemplar diante todos

A presença do Espírito Santo na vida do Cristão faz que ele seja uma testemunha (At. 1:8). Este testemunho pode ser realizada em duas maneiras: na pregação da Palavra de Deus, e, por uma vida diária em submissão à Palavra de Deus. Nem todos os Cristãos são vocacionados pastores e doutores (Ef. 4:11; I Co. 12:29), mas cada Cristão indistintamente é uma testemunha de Cristo pela sua vida de obediência à Palavra de Deus. Essa vida obediente à Palavra de Deus pode ser usada por Deus no chamamento do Seu povo à salvação (II Co. 2:14, “por meio de nós”).

Essa testemunha pela vida cristã no mundo é simbolizada biblicamente como Sl. e luz (Mt. 5:13-16; Rm. 13:11-14). A utilidade da vida cristã em conservar virtudes no mundo é representada pelo Sl. (Mt. 5:13). O efeito de mostrar publicamente o poder de Cristo sobre o pecado é manifesto pelo símbolo de luz (Mt. 5:14,15). Nisto somos instruídos que a obediência à Palavra de Deus é útil e eficaz em testemunhar de Cristo. A testemunha da Palavra de Deus pela vida do Cristão glorifica Deus “diante dos homens” (Mt. 5:15,16; II Ts. 1:11,12). Essa testemunha viva da Palavra de Deus é usada para enfatizar o que diz as Escrituras de Cristo diante os não salvos. A vida pública do Cristão é um meio que Deus usa para chamar o Seu povo à salvação. Portanto, “vede prudentemente como andeis” (Ef. 5:13-16).

A importância de uma vida pública no chamamento dos pecadores à salvação é reforçada pelo Apóstolo Pedro. No caso de mulheres cristãs tendo maridos não crentes, estes podem ser ganhos a Cristo meramente pelo comportamento delas (I Pe. 3:1-4). A vida casta, no temor de Deus, é um fator importante na evangelização e na chamada à salvação destes maridos descrentes.

Deve ser enfatizado que não é isoladamente a moralidade ou a retidão da vida que é o maior destaque nessa área. A moralidade e uma vida reta somente têm efeito positivo quando representam submissão à Palavra de Deus. A própria Palavra de Deus é o meio principal que Deus usa na chamada do Seu povo à salvação. Juntamente com a Palavra de Deus, sem dúvida, a vida submissa a Ela manifesta eficazmente e é usada por Deus na chamada à salvação. É impossível separar a utilidade de uma vida em obediência à Palavra de Deus da própria eficácia e poder das Escrituras. É indisputável o fato: se vivermos a Palavra de Deus, Cristo é pregado; se não somos obedientes a Palavra de Deus, Cristo não é pregado. Por causa dessa convivência de verdades, existem exortações abundantes para que o Cristão vigie bem o seu testemunho (Jo. 13:35; 15:8; Rm. 13:11-14; Fp. 2:15,16; I Pe. 2:11,12).

A sua vida pode ser a única Bíblia que muitos lêem. Viva em submissão constante à Palavra de Deus, para que Cristo seja manifesto e Deus glorificado no mundo

(I Pedro 4:14-19).

A Eficácia da Chamada à Salvação

Os meios internos (a graça e a obra do Espírito Santo) e os meios externos (a Palavra de Deus sendo aplicada pela pregação, a oração intercessora e pela testemunha de uma vida Cristã) são eficazes para que os escolhidos venham em tempo oportuno ao arrependimento dos seus pecados e à fé em Cristo Jesus. A chamada particular é eficaz.

Por causa da graça particular de Deus estando para com aqueles a quem Ele amou particularmente na eternidade, estes virão seguramente a Ele em tempo. Estes eleitos serão conduzidos pela graça preveniente e induzidos pela graça proveniente a voluntariamente atenderem à chamada de Deus com fé em Cristo. Exemplos disso são o Eunuco (At. 8:25-40), Lídia (At. 16:13-15), o apóstolo Paulo (Gl. 1:15,16; At. 9:1-19) e os gentios de Antióquia de Pisídia (At. 13:48). A obra da graça particular é uma obra certeira. Por isso Jesus declarou: “Todo o que o Pai me dá virá a Mim; ..” (Jo. 6:37, 45). Existem os que resistem à operação geral de Deus (At. 7:51) mas quem pode estorvar a mão do Onipotente na graça particular (Dn. 4:35; Is. 46:10)?

Pela regeneração ser feita pela obra do Espírito Santo, o eleito virá sem dúvida ao arrependimento e à fé em Cristo, o fruto da regeneração. A regeneração concede uma nova natureza espiritual que quer e pode ser obediente à chamada pela Palavra de Deus a Jesus Cristo (Tt. 3:5-7; Fp. 4:13; Jo. 3:3-5).

A Palavra de Deus é eficaz na chamada do eleito. Ela é o martelo que esmiúça a penha, o coração do pecador (Jr. 23:29). Não há dúvida nenhuma que ela pode efetuar seguramente o que ela foi enviada a fazer (Is. 55:11; Rm. 1:16, “o poder de Deus para salvação”).

Pelos exemplos de Cristo, dos apóstolos e pelos mandamentos da Palavra de Deus, entendemos que pela oração, o propósito da Palavra de Deus é realizada nos corações dos escolhidos. “A oração feita por um justo pode muito em seus efeitos”, (Tg. 5:16). As orações dos Cristãos ministradas pelo Espírito Santo segundo a vontade de Deus, são eternamente lembradas (Ap. 5:8; 8:3,4). Na plenitude dos tempos, essas orações serão respondidas para a glória de Deus.

A testemunha pública do Cristão é eficaz em pregar Cristo também. A vida do Cristão é como uma cidade edificada no monte que não pode ser escondida (Mt. 5:13-16; I Pe. 4:14-19). A vida dos santos é um instrumento de Deus para ministrar a todos as verdades da Palavra de Deus até mesmo a própria salvação dos escolhidos (I Pe. 3:1,2; At. 7:58; 22:20).

Entendendo que a origem da nossa fiel testemunha (Fp. 4:13), a oração eficaz, a obra da regeneração (Jo. 6:63) e a graça salvadora (II Tm. 1:9) é Deus, podemos enfatizar que aquele em quem tais obras são feitas, virão a Cristo verdadeiramente (Jo. 6:37, “Todo o que o Pai Me dá virá a Mim; ..”). Naqueles em que Deus opera as Suas obras com a intenção de salvação manifestarão tais obras pelo arrependimento dos seus pecados e pela fé em Cristo Jesus (At. 13:48; Rm. 11:29).

Deus já te convenceu do seu pecado e da sua necessidade da misericórdia de Deus para ser salvo? Já recebeu a Sua chamada a Cristo? Saiba que Cristo é o Salvador dos pecadores (I Tm. 1:16). Se ouvir a chamada, venha se arrependendo dos seus pecados com fé na pessoa de Cristo quem é revelado pelas Escrituras. Se estiver com sede e quer beber da fonte da água da vida (Cristo), venha já (Is. 55:1-3; Ap. 21:6; 22:17). Se os seus pecados estão ti oprimindo, peça que Deus seja misericordioso em salvar mais um pecador (Mt. 11:28-30). Verdadeiramente todos os que venham a Deus por Cristo serão atendidos gloriosamente (Jo. 6:35-37, “.. e aquele que vem a Mim não terá fome .. nunca terá sede .. de maneira nenhuma o lançarei fora.”). Deus é grande em perdoar (Is. 55:6,7) e a Sua palavra é pura (Pv. 30:6).

 

                    A Salvação Realizada

A chamada particular efetivada pelos meios bíblicos tanto invisíveis (a graça e o Espírito Santo) quanto visíveis (a Palavra de Deus, a oração e a vida exemplar) cumpre o desígnio da vontade de Deus naqueles que Ele escolheu: a salvação eterna de uma alma.

Os termos bíblicos que descrevem a realização desse acontecimento são vários. Os vários termos descrevem em maiores detalhes como a aquisição da salvação na alma do pecador é realizada. Os termos são: a regeneração, a conversão que inclui o arrependimento e a fé, a justificação, a adoção, a santificação e a glorificação. Não incluímos nesta lista os outros termos associados com a salvação como a eleição ou a predestinação. Não incluímos esses termos por essas obras de Deus não participarem do ato do momento da salvação. A eleição e predestinação verdadeiramente são obras de Deus que precedem o ato da salvação. Contudo, não estamos focalizando-nos naquilo que precede a salvação da alma mas as obras de Deus no próprio ato da salvação da alma. Tudo o que já estudamos até este ponto são preparativos “para a salvação” (II Ts. 2:13). Agora queremos entrar na realização gloriosa do ato dessa salvação na alma do pecador.

 

Por causa da facilidade de confundirem tanto os termos quanto o que eles significam, convém um entendimento particular de cada termo. Procuraremos colocar os termos na ordem lógica que acontecem mesmo que essas obras acontecem simultaneamente na realização da salvação.

A Regeneração

I Pedro 1:3

No aspecto divino, a regeneração logicamente vem primeira na lista pois sem o pecador possuir uma nova natureza, o homem é impedido de conhecer qualquer outra benção de Deus. É necessário a regeneração ser primeira no processo da realização da salvação pois sem ela ninguém pode entrar no reino de Deus (Jo. 3:3-5). O homem natural é morto nos seus pecados e por isso não entende nada espiritual (I Co. 2:14), não deseja nada de Deus (Jo. 3:19; 5:40) e não pode agradar a Deus em nada (Rm. 8:6-8). O homem pecador precisa receber vida espiritual para cumprir as suas responsabilidades declaradas pela Palavra de Deus. Quem é vivificado são os mortos (Ef. 2:1,5; Cl. 2:13). Pelo fato de somente os filhos de Deus ter as outras bênçãos de Deus (Rm. 8:16,17; Cl. 2:13), a regeneração é a primeira.

Pontos positivos e negativos que esclarecem a regeneração: A regeneração não é eliminação da velha natureza. Pelo pecado habitar na carne, a velha natureza existe enquanto o Cristão possui o tabernáculo de pó chamado o corpo (Rm. 7:14-25; Gl. 5:17).

A regeneração é o começo de uma nova natureza. Com a operação da regeneração o Cristão possui uma nova natureza (Cl. 3:10,11) no qual o Espírito Santo habita (I Co. 6:19). Esta nova natureza é chamada de o “homem interior” e tem prazer na lei de Deus (Rm. 7:22).

A regeneração não é a mera aquisição de filosofias religiosas. O homem inventa filosofias conforme a sua própria mente. As filosofias e vãs sutilezas são segundo as tradições do homem e dos rudimentos do mundo (Cl. 2:8; I Pe. 1:18). Por originarem do homem, naturalmente invalidam os mandamentos de Deus (Mt. 15:3-6). As filosofias religiosas do homem são vaidades (At. 14:13-15) e consideradas meras superstições (At. 17:22,23).

A regeneração é a aquisição de uma nova natureza criada por Deus em Cristo. A nova natureza que é adquirida na regeneração renova-se em santidade e justiça dia a dia para ser mais como Cristo (Rm. 8:29; Cl. 3:10,11; Tt. 3:5-7).

A regeneração não é um processo longo que vai aperfeiçoando o homem com meios humanos e eclesiásticos até uma provável aceitação diante de Deus.

A regeneração é um ato instantâneo de Deus pelo Espírito Santo na alma do elegido (Jo. 1:13; 3:8). Essa obra purifica a alma completamente pela verdade de Jesus Cristo (II Pe. 1:2-4). Este ato instantâneo capacita o elegido a entender, desejar e obedecer a Palavra de Deus em arrependimento e fé.

A Conversão

I Ts. 1:9

A Conversão definida: Conversão é aquela mudança voluntária na mente do pecador em que ele deixa o pecado e volta para Cristo. O termo ‘arrependimento’ é o elemento primário da conversão, O termo ‘fé’ é o segundo elemento da conversão. Podemos dizer que existe uma conversão inicial e única no eleito regenerado que resulta na sua justificação diante de Deus (Is. 6:10; Mt. 18:3; At. 3:19), e que existe uma conversão subseqüente e constante no eleito regenerado que resulta na sua santificação diante dos homens (Lc. 22:32; I Jo. 1:9; Tg. 5:20).

No aspecto humano e também lógico, a conversão, que inclui o arrependimento e a fé, segue e é resultante da obra divina de regeneração. A conversão é a primeira manifestação da nova natureza no homem regenerado. Por ser a primeira ação feita do lado humano, alguns preferem dizer que é o primeiro na lista de acontecimentos na realização da salvação. Mas, pela conversão ser o resultado de uma obra divina anterior, colocamos a conversão em segundo lugar na lista de acontecimentos lógicos na realização da salvação.

A Necessidade da Conversão Seguir a Regeneração

• A conversão envolve uma negação do pecado. O homem natural pode modificar a sua vida e impedir que as manifestações do pecado sejam evidentes na sua vida pública, mas ele não pode negar o seu amor pelo pecado (Jr. 13:23; 17:9; Pv. 27:22; Mt. 19:25,26). O homem natural pode não gostar das conseqüências do pecado mas, mesmo assim, o próprio pecado continua sendo desejado e prazeroso para ele. a verdade é: Se não nascer de novo, ninguém pode entrar no reino de Deus (Jo. 3:5).

• A conversão é agradável a Deus. O carne não é sujeita à lei de Deus nem pode agradar a Deus (Rm. 8:7,8). O que é nascido da carne agrada unicamente a carne (Jo. 3:6) e a carne somente ceifa corrupção (Rm. 7:5; Gl. 6:7,8). Sem a fé vir primeiro, um fruto do Espírito Santo, é impossível para qualquer homem agradar a Deus (Hb. 11:6).

• A conversão é uma “boa” coisa. No homem natural, sem uma obra prévia e regeneradora espiritual, não existe “bem algum” habitando nele (Rm. 7:18). Do homem natural não podemos esperar uma obra boa. As suas obras de justiça nem são aceitáveis diante de Deus (Mc. 7:21-23; Is. 64:4; Gl. 5:19-21). Assim como Jó pergunta e responde pela inspiração do Espírito Santo: “Quem do imundo tirará o puro? Ninguém.” (Jó 14:4) nós também podemos resumir. Não há possibilidade do homem converter-se, sem Deus primeiramente o vivificar.

• A conversão é uma submissão à lei de Deus. O homem não regenerado vive segundo o príncipe das potestades do ar, do espírito que agora opera nos filhos da desobediência (Ef. 2:2,3). A mente do incrédulo é entenebrecida, pela ignorância que há neles e querem por isso entregar-se, não a Deus, mas à dissolução (Ef. 4:18,19). O não regenerado jamais pode sujeitar-se à lei de Deus pois a inclinação da sua carne é inimizade contra Deus (Rm. 8:7). Não é o homem natural que deseja nem é capaz de sujeitar-se a Deus, mas é o regenerado por Deus operar nele tanto o querer quanto o efetuar segundo a Sua boa vontade (Fp. 2:13) que quer e pode agradar a Deus (Jo. 15:5; Fp. 4:13)

• A conversão envolve o entendimento de coisas espirituais. A velha natureza do homem não pode discernir coisas espirituais. Qualquer fato espiritual, para o homem não crente, é loucura e um escândalo (I Co. 1:23; 2:14). O entendimento da obra salvadora de Cristo, uma pessoa espiritual, e o convencimento do pecado, da justiça e do juízo são obras do Espírito Santo nos que Deus quer ensinar essas verdades (Jo. 16:7,8; Mt. 11:26,27). O que antecede entendimento espiritual é uma obra divina que é eficaz a fazer o homem pecador conhecer Cristo. Essa obra prévia é a regeneração.

• A conversão envolve a fé. Do Espírito Santo vem a fé (Gl. 5:22). Os que crêem tem o poder de crer manifestando a fé que foi dada previamente por Deus (Fp. 2:13). O poder que ressuscitou Cristo dos mortos é o mesmo poder que Deus opera nos que crêem em Cristo (Ef. 1:19,20). Portanto, o poder de crer é antes da ação da fé. Nisso entendemos que a conversão é causada pela obra divina de regeneração.

• A conversão é um ressurreição espiritual. “A conversão está representada em Ef. 2:4-6 como uma ressurreição espiritual, que diz: ‘Mas Deus, que é riquíssimo em misericórdia, pelo Seu muito amor com que nos amou, estando nós ainda mortos em nossas ofensas, nos vivificou juntamente com Cristo (pela graça sois salvos), e nos ressuscitou juntamente com Ele e nos fez assentar nos lugares celestiais, em Cristo Jesus;’. O ressuscitar aqui representa a conversão. Assim, a questão que estamos considerando quanto ao que acontece primeiro, o vivificar ou o ressuscitar. Não pode haver dúvida razoável que o vivificar é o primeiro num sentido lógico.” (T. P. Simmons, p. 339). Veja Cl. 2:12.

• A conversão envolve a ação de vir a Cristo. O que impede um pecador de vir a Cristo é a sua condição de estar morto em pecado. Isso impede que ele queira vir a Cristo (Jo. 5:40). Por causa do pecador estar morto no pecado ele não vem à luz mas a odeia (Jo. 3:19). O pecador não precisa de uma chance ou uma ajuda geral de Deus, um pregador sorridente, um culto animado ou uma estória emocional (Jo. 8:43). Ele precisa de uma nova vida para poder vir a Cristo com arrependimento e fé. É Deus Quem traz os Seus a Cristo, dando-os vida (regeneração). Tendo vida, venham a Cristo (conversão). Se Ele não trouxer, ninguém pode vir a Cristo (Jo. 6:44, 65; 12:37-40). Pela conversão envolver a ação de vir a Cristo, sabemos que Deus age antes em trazer os Seus em amor (Jr. 31:3).

A Manifestação da Conversão

O Arrependimento

A manifestação da conversão é pelo o arrependimento e a fé. O arrependimento é uma manifestação da conversão. Porém nem todo o arrependimento é evangélico. Pelo Novo Testamento existem três palavras gregas diferentes traduzidas “arrependimento” em português. Duas dessas palavras não estão envolvidas na doutrina da salvação. Somente uma dessas palavras é o arrependimento associado com a salvação.

O primeiro desses usos da palavra “arrependimento” é usado no Novo testamento para mostrar imutabilidade (#278, Strong's). Somente duas referências no Novo Testamento usam a palavra arrependimento para significar imutabilidade. Estas referências são II Co. 7:10, “da qual ninguém se arrepende” e Rm. 11:29, “os dons e a vocação de Deus são sem arrependimento”.

O segundo uso da palavra “arrependimento” é usado no Novo Testamento para mostrar remorso pelas conseqüências do pecado (#3338, Strong's). Existem cinco referências bíblicas do Novo Testamento que usa essa palavra grega traduzida arrependimento. Essas referências são: Mt. 21:29, “Mas depois, arrependendo-se, foi”; Mt. 21:32, “nem depois vos arrependestes para o crer.”; Mt. 27:3,"arrependido”; II Co. 7:8, “não me arrependo”, “já me tivesse arrependido”; Hb. 7:21,“.. Jurou o Senhor, e não se arrependerá”.

O terceiro uso da palavra “arrependimento” é o usado no Novo Testamento para mostrar horror pelo pecado (#3340 e #3341, Strong's). A maioria das referências bíblicas no Novo Testamento (58 vezes) que usa a palavra “arrependimento” é de uma dessas duas palavras gregas. O significado desse uso evangélico da palavra arrependimento é compunção, contrição, um reverso de decisão e de pensar diferentemente ou reconsiderar. As referências bíblicas são: (#3340) Mt. 3:2; 4:17; 11:20,21; 12:41; Mc. 1:15; 6:12; Lc. 13:3,5; 15:7,10: 16:30; 17:3,4, 7, 10; 10:13; 11:32; At. 2:38; 3:19; 8:22; 17:30; 26:20; II Co. 12:21; Ap. 2:5, 16,21,22; 3:3, 19; 9:20,21; 16:9,11 e (#3341) Mt. 3:8, 11; 9:13; Mc. 1:4; 2:17; Lc. 3:3,8; 5:32; 15:7; 24:47; At. 5:31; 11:18; 13:24; 19:4; 20:21; 26:20; Rm. 2:4; II Co. 7:9, “contristados para o arrependimento”; 7:10, “a tristeza segundo Deus opera o arrependimento para a salvação”; II Tm. 2:25; Hb. 6:1,6; 12:17; II Pedro 3:9. Este terceiro uso da palavra a “arrependimento” é o uso evangélico, ou, o arrependimento envolvido na salvação.

O arrependimento evangélico é diferenciado dos primeiros dois usos da palavra em três maneiras: o pecado é reconhecido, o pecado é lamentado e aborrecido, e o pecado é abandonado. Esses três elementos se vê na salvação de Zaqueu (Lc. 19:1-6). Pela pregação da Palavra de Deus o Espírito Santo convence da natureza do pecado e da sua culpa.

O senso evangélico do arrependimento é entendido quando o pecado é reconhecido. Quando o pecado é visto como rebelião contra Deus, contra a Sua santidade, e como uma ofensa a Deus, o senso evangélico do arrependimento é manifesto. Quando o pecado é reconhecido o elemento intelectual do arrependimento está em ação (Rm. 2:4). A pregação da Palavra de Deus e o ministério do Espírito Santo convencem o pecador do fim do seu pecado e impressiona que tal pecado é contra Deus.

O senso evangélico do arrependimento é entendido quando o pecado é lamentado e aborrecido. Quando a tristeza divina do pecado é presente e é lamentada a sua situação de ser fora de Deus o senso evangélico do arrependimento é entendido. Quando o pecado é lamentado e aborrecido o elemento emocional do arrependimento está na ação. A nossa pregação deve incluir uma chamada à tristeza pela culpa de ter pecado e por não ter abandonado o pecado (Lc. 24:47).

O senso evangélico do arrependimento é entendido quando o pecado é abandonado. Nessa fase do arrependimento evangélico a conduta do pecador arrependido muda (Mt. 3:8; Lc. 3:8, “obras dignas de arrependimento”; II Co. 7:11). Quando o pecado é abandonado o lado volitivo ou voluntário do arrependimento está em ação. A chamada do evangelho é para uma ação e não particularmente para uma decisão intelectual. Essa ação de abandonar o pecado é baseada na convicção e na obra prévia de Deus no coração do homem pela Palavra de Deus.

O arrependimento evangélico é também interno. O arrependimento evangélico começa na mente e no coração, e por ser interno na mente, as ações evidenciam a mudança (II Tm. 2:25,26, “desprender-se dos laços do diabo.”).

O arrependimento evangélico é também um dom de Deus (At. 5:31, “Deus .. para dar a Israel o arrependimento e a remissão dos pecados”; 11:18, “Na verdade até aos gentios deu Deus o arrependimento para a vida”; Rm. 2:4, “a benignidade de Deus te leva ao arrependimento”; II Tm. 2:24,25).

Devemos entender que o arrependimento evangélico, aquele que faz parte da salvação, não é penitência. A penitência, segundo os católicos, faz parte do arrependimento. A penitência envolve a punição dos pecados passados pelo jejum e por outros exercícios que possam expressar exteriormente um remorso interno (confissão, rezar, autoflagelação, observar quaresma, etc.).

O arrependimento verdadeiro é uma mudança interna que não é imposta por castigos externos. O fruto do arrependimento não é o próprio arrependimento! O fruto do arrependimento verdadeiro é fé na obra suficiente de Cristo no lugar do pecador (At. 5:31, “o arrependimento e a remissão dos pecados”; 20:21, “a conversão a Deus, e a fé em nosso Senhor Jesus Cristo”; Hb. 6:1, fazem parte dos rudimentos da doutrina do arrependimento e da fé em Deus; II Tm. 2:25). O sacrifício de Cristo basta para salvar o pecador (Rm. 4:7,8; 10:4, “Porque o fim da lei é Cristo para justiça de todo aquele que crê.”; Hb. 10:14, “com uma só oblação aperfeiçoou para sempre os que são santificados.”; I Jo. 1:7, “o sangue de Jesus Cristo, seu Filho, nos purifica de todo o pecado.”). Atos temporais do homem nunca podem expiar nenhum pecado (Jó 14:4; Is. 40:6; 64:6). A Bíblia é silenciosa sobre o homem expiando o seu próprio pecado mas abundante em exemplos de Cristo ser o substituto suficiente pelos pecados (Is. 53:10,11; II Co. 5:21).

A Fé

“Como a descrença era preeminente do pecado do primeiro Adão assim também a fé é preeminente da redenção pelo segundo Adão. A fé é interligada com cada ação e condição da salvação. É pela fé que os homens entram numa união vital com Cristo, pela fé que são justificados, pela fé que adoram corretamente, pela fé vive o cristão, pela fé a sua santificação progride e, pela fé ser o meio de vencer o mundo e de ter a esperança no futuro, ela é o meio pelo qual o Cristão torna mais e mais identificado com Cristo no seu reino espiritual agora e no porvir” (Boyce, p. 385).

A fé é crença e confiança. É crença pois crê em fatos e em declarações ou a sinceridade de uma pessoa. É confiança pois confia na veracidade do fato, da declaração ou da pessoa. A crença está num fato, numa declaração ou numa pessoa, mas, a confiança evidencia-se em tomar digno aquele fato, declaração ou pessoa como base das ações. O fruto do Espírito Santo, a fé, faz que creiamos em Deus por Cristo e confiamos na sua palavra a ponto de obedecê-la.

Como tudo descrito como evangélico é da verdade, também toda e qualquer fé não é a verdadeira. Existem imitações da fé verdadeira. Existe muita fé falsa. Há os que têm a sua fé em espíritos, em idolatria, em filosofias, em sinais, em emoções, em coincidências, na astrologia, etc. A fé verdadeira porém é dom de Deus (Ef. 2:8,9), pelo Espírito Santo (Gl. 5:22) e é única (Ef. 4:5). As imitações da fé verdadeira incluem a fé histórica, a fé intelectual, a fé implícita , e a fé temporária. Para melhorar nosso entendimento desse fruto do Espírito Santo queremos examinar um pouquinho as imitações da fé verdadeira.

A fé histórica é uma simples crença que existiu um homem chamado Cristo no passado. Os demônios crêem em Deus, sabem que ele existiu e existe, mas esta crença não é salvadora (Tg. 2:19), pois não tem confiança nos fatos. Em Atos 8:13-24 temos o caso de Simão, o mágico. Ele creu e foi batizado, mas, com o tempo, revelou que não tinha “parte nem sorte nesta palavra”, pois o seu coração não era reto diante de Deus. O mesmo pode ser dito der Judas. Um soldado presente na hora da crucificação de Cristo ficou empolgado pelos fatos históricos e declarou: “que verdadeiramente este era Filho de Deus” (Mt. 27:54). Esta poderia ser uma declaração baseada somente na fé histórica. Há muitos hoje também que aceitam Cristo como uma pessoa boa na história, mas devemos entender que este tipo de fé não tem valor salvador.

A fé intelectual é parecida com a fé histórica e com a fé verdadeira. A fé intelectual reconhece que os fatos bíblicos são verdadeiros. A fé intelectual não tem dúvida que Cristo nasceu de uma virgem, era o Filho de Deus, morreu no lugar dos pecadores, ressuscitou, foi ao céu e voltará novamente à terra pois a bíblia manifesta estes fatos e tudo é lógico. As multidões clamavam na ocasião da entrada de Cristo em Jerusalém: “Hosana ao filho de Davi; bendito o que vem em nome do Senhor. Hosana nas alturas!” (Mt. 21:1-11). Porém, quando Cristo foi crucificado “todo o povo” disse: “o seu sangue caia sobre nós e sobre nossos filhos.” (Mt. 27:25). Aparentemente a fé da multidão era uma crença intelectual somente, pois, se fosse uma fé verdadeira confiariam em Cristo para a salvação e não pensariam que Ele fosse digno de crucificação. A mesma coisa pode ser dita dos muitos dos judeus que creram nEle em Jerusalém. Tinham uma fé que gostou das palavras de Cristo mas não no significado delas, pois, quando entenderam o que ele quis dizer “pegaram pedras para lhe atirarem” (Jo. 8:30-59). Na hora de Jesus curar, saíam muitos demônios que clamavam: “Tu és o Cristo, o Filho de Deus.” (Lc. 4:41). Porém, apesar da declaração e crença, estes não foram convertidos. É manifestado que eles tinham somente um reconhecimento intelectual e não uma fé verdadeira.

A fé implícita é melhor definida pelo ditado: “fé na fé”. A fé implícita crê simplesmente para crer. É crer em algo sem nenhuma prova. Os católicos dizem que a fé deve ser na igreja, ou melhor, simplesmente crer nas suas doutrinas pela autoridade dela mesma e não por causa do reconhecimento de nenhuma verdade (Boyce, p. 389). Seria a mesma coisa dos evangélicos dizerem: “crê na Bíblia somente para a salvação” sem primeiramente ensinar o que ela diz. O cristão verdadeiro não crê em Cristo simplesmente por crer nEle, mas, por Ele ser revelado ao seu coração pelo Espírito Santo e assim, confia na Sua obra revelada pelas Escrituras como suficiente para o tornar aceitável diante de Deus.

A fé temporária é uma fé enganosa. Essa fé recebe intelectual e alegremente os fatos históricos da verdade. Essa fé entendemos pela parábola do semeador (Mc. 4:1-20). É simbolizada pela semente que caiu sobre pedregais (Mc. 4:5, 16, 18). A parábola nos ensina que a terra não era boa. Isto quer dizer que esta semente não caiu em um coração regenerado. Com o tempo é entendida que essa fé era falsa por ser temporária. Essa fé enganosa é evidenciada por não continuar a confiar em Cristo nem ter uma crescente devoção e serviço a Ele. A fé temporária é manifestada como falsa por não crescer na graça e conhecimento de Cristo. Logo torna cansativo o amor à Palavra de Deus, e torna pesada a responsabilidade de obedecer e ouvi-la para os com essa fé traiçoeira. O amor do povo de Deus e a santidade de Deus que pede uma crescente distância do pecado não é uma realidade nos que conhecem apenas essa fé pérfida.

A fé verdadeira e salvadora, apesar da mente participar dela, é do coração também (Rm. 10:9, 10). É um conhecimento experimental da verdade de Deus e do poder de Cristo. Esta fé não é uma empolgação emocional ou um mero convencimento mental, mas é o dom de Deus no coração dos Seus (Mt. 16:16, 17; Jo. 6:37, 64-69; Ef. 1:19, 20) que leva o Cristão a confiar inteiramente nas Suas palavras para tudo que precisa para ser apresentado agradável diante de Deus. É manifestada por um arrependimento e repúdio ao pecado e um amor por tudo que agrada o Salvador.

A fé verdadeira tem o pai, na qualidade de Deus, como objetivo dela. Creia e confia que Deus é santo e um juiz justo que julgará o mundo por Jesus Cristo (At. 17:31). Sabe e espera na sua misericórdia e amor manifestos no seu Filho (Rm. 5:8). A fé verdadeira confia que Deus pode e vai assegurar a salvação final do Seu povo (Fp. 1:6; I Pe. 1:5).

A fé verdadeira tem Deus, na qualidade de Pai, o seu alvo. A verdadeira fé descansa no Pai que nos amou primeiro (II Ts. 2:16; I Jo. 4:19) e nos adotou como filhos (I Jo. 3:1, 2; Rm. 8:17). A fé verdadeira põe a sua confiança no Pai como Aquele que nos deu a graça (Tg. 1:17) e grandíssimas e preciosas promessas (II Pe. 1:4; II Co. 1:20).

A fé verdadeira tem a pessoa e obra de Cristo como o seu alvo. A fé verdadeira tem por certo a divindade de Cristo (At. 8:37, “creio que Jesus Cristo é o Filho de Deus”) sem esquecer que Cristo também é homem e nos representou completamente levando em Si os nossos pecados na Sua morte para nossa salvação (II Co. 5:21). A fé verdadeira aceita completamente o desejo amoroso de Cristo que pecadores arrependidos venham a Ele para o seu descanso espiritual (Mt. 11:28-30).

A fé verdadeira olha a Cristo (Is. 45:22; Jo. 3:14, 15), venha a Cristo (Is. 55:1; Mt. 11: 28; Jo. 6:37, 44, 45, 65), ponha o seu refúgio nEle (Hb. 6:18), come e bebe dEle (Jo. 6:51-58) e recebe Ele (Cl. 2:6).

A fé verdadeira tem evidências importantes. Essas evidências de uma fé verdadeira incluem a purificação do coração (At. 15:9, “purificado seus corações pela fé”; Mt. 5:8, “Bem aventurado os limpos de coração”; I Pe. 1:22). O coração onde reside a fé verdadeira se limpa de todos os seus ídolos impuros para servir o Santo (I Ts. 1:9, “e como dos ídolos dos convertestes a Deus, para servir o Deus vivo e verdadeiro”); obediência em amor (Gl. 5:6, “à fé que opera pelo amor”). Pela fé verdadeira o cristão agrada a Deus, resiste ao diabo e mortifica a carne, tudo isso não como um pesado mandamento, mas, pelo amor (I Jo. 5:3, “Porque este é o amor de Deus: que guardemos os seus mandamentos; e os seus mandamentos não são pesados.”); vitoriosa (I Jo. 5:4, “e esta é a vitória que vence o mundo, a nossa fé.”). Sendo “nascido de Deus” o cristão verdadeiro tem uma mente de iluminada e por isso sabe que o mundo é vão e que as coisas espirituais são as únicas que podem satisfazer completamente (Lm. 3:24).

Considerando essas verdades, podemos entender que a fé verdadeira não é uma mera aceitação mental de história ou de fatos importantes. É o fruto do Espírito de Deus (Gl. 5:22) no coração dos Seus. Esta fé não se manifesta somente em conhecimento intelectual e declarações verbais, mas manifesta-se em obras de obediência à Palavra de Deus em amor (Gl. 5:6; Ef. 2:10; Tg. 2:17; I Ts. 1:9). Aquele que tem essa fé verdadeira pode declarar de seu coração como Pedro: “Sim, Senhor, creio que tu és o Cristo, o Filho de Deus, que havia de vir ao mundo.” (Jo. 11:27; Mt. 16:16; Mc. 8:29); como o eunuco: “creio que Jesus Cristo é o Filho de Deus” (At. 8:37); como Natanael: “Rabi, tu és o Filho de Deus: tu és o Rei de Israel.” (Jo. 1:49), e, como Paulo pregava de Cristo que este “é o Filho de Deus” (At. 9:20). Essa fé verdadeira e salvadora vem pela Palavra de Deus tanto no Velho Testamento (Gl. 3:8; Hb. 4:2) quanto no Novo Testamento (Rm. 10:11-17).

Se você conhece essa fé verdadeira, tem muitos motivos para louvar ao Senhor eternamente, pois o que Ele começou, aperfeiçoará até o dia de Jesus Cristo (Fp. 1:6). Temos motivos para perseverar na fé cristã e lutar contra o pecado, pois essa fé vence o mundo (I Jo. 5:4). Temos motivo para avançar na causa de Cristo com confiança e obediência, pois Aquele que nos chamou, também fará o que Ele prometeu (Hb. 10:23; I Ts. 5:24; Mt. 16:18). Os que conhecem a fé verdadeira têm uma mensagem viva e transformadora vinda de Deus para pregar com ousadia ao mundo em trevas.

Observação: o arrependimento e a fé são graças inseparáveis. Onde uma é mencionada a outra é compreendida. “Quando um homem é vivificado para a vida, não pode haver um lapso de tempo depois dele arrepender-se, nem pode haver qualquer antes que ele creia. De outra maneira teríamos a nova natureza em rebelião contra Deus e em incredulidade. Assim não pode haver ordem cronológica em arrependimento e fé.” (T.P. Simmons, p. 351).

A Justificação

Romanos 3:24-26

Por causa do pecador ser regenerado por Deus, ao qual manifestou-se na sua conversão, não existe nada nele que o impede de ser declarado judicialmente justo diante de Deus. Quando tratamos da salvação e falamos da parte dela chamada justificação tratamos dessa posição judicial do pecador convertido diante do tribunal divino (At. 13:38, 39).

O significado da justificação é a absolvição de culpa do pecador regenerado e convertido. É a libertação do poder do pecado e da sua condenação pela graça e da vontade de Deus por Cristo (William Rogers). É “o meio pelo qual o pecador é aceito por Deus” (Abraham Booth, Reign of Grace, citado por A. W. Pink).

O autor dessa justificação é Deus (Rm. 8:33, “.. É Deus quem os justifica.”; 3:24-26, “Sua justiça .. para que Ele seja justo e justificador ..”; Tg. 1:17, “Toda a boa dádiva e todo o dom perfeito vem do alto, descendo do Pai das luzes ..”). A obra da justificação é uma obra da trindade. O Pai decretou o meio e o método (Rm. 3:22, “a justiça de Deus”; II Co. 5:19, “.. Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não lhes imputando os seus pecados; ..”). O Filho é o mediador da justificação (I Co. 6:11, “ .. Mas haveis sido justificados em nome do senhor Jesus ..”Fp. 3:9, “não tendo a minha justiça que vem da lei, mas a que vem pela fé em Cristo ..”). O Espírito Santo é quem faz a obra de convencer da justiça e de revelar Cristo. Ele traz a fé pela qual o cristão é justificado (I Co. 6:11, “ .. Mas haveis sido justificado .. pelo Espírito do nosso Deus”; Jo. 16:8, “E, quando ele vier, convencerá o mundo do pecado, e da justiça e do juízo.”). Observando biblicamente quem é o autor da justificação podemos entender claramente que a justificação não vem de homem algum.

Os alvos da justificação são os pecadores. São os condenados que precisam ser declarados justos diante de Deus (Mt. 9:12, 13, “.. Não necessitam de médico os sãos, mas, sim, os doentes .. Eu não vim a chamar os justos, mas os pecadores, ao arrependimento.”). O juízo veio sobre todos os homens para a condenação, assim também por um só ato de justiça veio a graça sobre todos os homens para a justificação de vida (Rm. 5:18). Os que confiam em si mesmos, crendo que são justos pela suas obras de justiça não são os que são verdadeiramente justificados, porém, os que reconhecem o principal dos pecadores (Lc. 18:9-14. “Ó Deus, tem misericórdia de mim, pecador! .. Este desceu justificado para sua casa ..”; I Tm. 1:15, “Cristo Jesus veio ao mundo, para salvar os pecadores, dos quais eu sou o principal”). Os alvos da justificação são os pecadores que são predestinados e chamados por Deus (Rm. 8:30). Se queremos ser justificados diante de Deus entendemos que não é necessário apresentá-lO à nossa própria justiça, mas, como pecadores buscar Sua justificação.

A natureza dessa justificação é maravilhosa. A justificação do pecador diante do tribunal de Deus não é um processo, como é a chamada para a salvação ou a santificação do cristão diante dos homens. É um ato instantâneo e quando ocorre, está completo. “Não admite graus ou fases” (T. P. Simmons, p. 353). Quando o publicano foi convertido, ele desceu para sua casa já justificado (Lc. 18:14). A justificação é eterna. A firmeza da verdade da eternidade da justificação é entendida pela pergunta de Deus, “Quem intentará acusação contra os escolhidos de Deus? É Deus quem os justifica.” (Rm. 8:33). Pelo preço da justificação ser paga inteiramente por Cristo “uma vez” (Hb. 10:10) o cristão resgatado por Cristo “tem a vida eterna, e não entrará em condenação, mas passou da morte para a vida” (Jo. 5:24). Pela base da condenação do pecador, o pecado, ser eliminado por Cristo, a justificação diante de Deus por Cristo é tida como eterna. A justificação é graciosa. Mesmo que a justificação é revelada exteriormente aos outros mediante as obras (Tg. 2:20-26) a obtenção da justificação diante de Deus nunca é pelas obras de homem algum (Rm. 3:20; 4:2-8; Tt. 3:4,5). Então, se não é pelas obras, é pela graça (Rm. 11:6). Deus não deve a salvação ao inimigo dele mas, sim, o juízo. Se Deus quer justificar alguém na base da obra meritória de Cristo isso é um desejo e um ato plenamente movido pela Sua graça. A justificação é pela imputação (Rm. 4:6). A justificação é dada a nós pela obra de um outro ao ponto que nós somos livres de qualquer dívida (Rm. 5:18,19; Fp. 3:8,9; II Co. 5:21). A justificação é dada pela fé. A fé é um efeito da justificação e não uma causa. Por sermos regenerados, temos o dom do Espírito Santo que é a fé (Gl. 5:22). Por isso confiamos em Cristo como nosso Salvador. A graça vem primeira e causa a fé a operar em nós para nossa justificação (Ef. 2:8). Percebendo então a natureza gloriosa dessa justificação somos incentivados a louvar Deus por uma “tão grande salvação” (Hb. 2:3). E sendo justificados por uma justificação tão maravilhosa somos incentivados a procurar aplicar-nos “às boas obras” (Tt. 3:7,8) para a glória de Deus pelo Salvador.

As bênçãos da justificação são múltiplas. Temos a emancipação da culpa e do poder do pecado (I Jo. 1:7; Hb. 10:12-14; Rm. 8:1; Gl. 3:13). Pela justificação temos a bênção de ter paz com Deus (Is. 53:5; Rm. 8:1). Por não termos mais a culpa do pecado não é impedido mais a nosso comunhão com Deus e temos plena aceitação da nossa pessoa com Deus e a possibilidade de uma adoração verdadeira (Ef. 1:6; Hb. 10:19-22; Jo. 4:24). Por sermos absolvidos de culpa somos abençoados na terra e pela eternidade (Rm. 8:28; I Co. 2:9; Ap. 1:5,6) pois a justificação e a glorificação andam juntas (Rm. 5:8, 10; 8:30).

Um resumo (BANCROFT, Elemental Theology, p. 206):

1. Somos justificados judicialmente por Deus, Romanos 8:33.

2. A causa eficiente da justificação é a graça, Romanos 3:24.

3. Somos justificados meritória e manifestamente por Cristo (meritoriamente pela sua morte, Rm. 5:10 manifestamente pela sua ressurreição Rm. 4:25).

4. Somos justificados instrumentalmente pela fé, Romanos 5:1.

5. Somos justificados evidentemente aos outros pelas obras, Tiago 2:14-24.

A Adoção

Romanos 8:12-17

“Esta benção da graça é ainda mais grandiosa do que a justificação. Embora um juiz possa absolver totalmente a alguém que esteja sendo acusado de crime, não pode, contudo, conferir ao que foi absolvido nenhum dos privilégios que o filho tem. Mas o crente em Jesus Cristo tem o privilégio de poder considerar Deus não apenas como um juiz e justificador, mas como um Pai amoroso com quem se reconcilia. O problema de como colocar o pecador justificado na família de Deus foi resolvido (Jr. 3:19). Uma vez distante, ele agora é trazido para perto de Deus mediante o sangue de Cristo, e tornado o membro da família de Deus (Ef. 2:13, 19)” - Dagg, p. 220.

Os significados da adoção. Existem duas maneiras de entender a palavra “adoção”. Uma é do ponto de vista do mundo natural, ou seja, alguém que de uma família é desejado e colocado legalmente numa outra. Um exemplo disso é Moisés quando a filha de Faraó o adotou (Êx. 2:10; Hb. 11:24). Por nós estarmos uma vez nos laços do diabo (II Tm. 2:26) e por natureza filhos da ira (Ef. 2:3) em qual situação éramos estrangeiros e sem Deus do mundo (Ef. 2:12), pode ser dito que somos, pela obra de Cristo na cruz, e a operação do Espírito Santo em nossos corações com o fruto da fé, tirados de uma família e feitos filhos de Deus legalmente com todas as bênçãos de Cristo (Rm. 8:16,17).

Uma outra maneira de entender a adoção é pelo ponto de vista da lei Romana, ou seja, o filho nascido numa família Romana, numa certa idade, seria legal e formalmente adotado diante da lei. Essa cerimônia faz que o filho seja colocado na posição de um filho legítimo e, assim, tendo todos os privilégios de filho. A participação do filho não o trouxe como integrante da família (pois ele já estava na família), mas o reconheceu como filho diante da lei Romana. Um exemplo disso entendemos pelo escrito de Paulo em Gálatas 4:1-7. Por nós sermos tornados pela regeneração “filhos de Deus” agora, pela adoção, tornamos legal e formalmente um filho com todas as bênçãos do Pai (Bancroft, p. 240).

A adoção é diferente do que a justificação. Muitos acham que a adoção é a mesma coisa da justificação. Existem várias razões que enfatizamos que a adoção é distinta da justificação mesmo que sejam inter-relacionados.

• Existem duas palavras distintas na Palavra de Deus: justificação e a adoção. Se essas duas palavras fossem iguais no significado seriam listadas nos dicionários como sinônimos.

• As duas doutrinas, justificação e adoção, falam de mudança de relacionamentos com Deus, mas, os relacionamentos não são iguais. Na justificação, Deus, como rei e juiz, torna de olhar ao pecador como um cidadão e de um justo. É um relacionamento judicial baseada na justiça de Cristo. Na adoção, Deus, como pai, torna de olhar ao salvo como filho. É um relacionamento familiar baseada no amor (I Jo. 3:1).

• A justificação é do Pai somente na qualidade de rei e juiz. A adoção é tanto do Pai quanto do Filho (Jo. 1:12).

• Pela justificação tornarmos de ter paz com Deus (Rm. 5:1; 8:1,2). Pela adoção tornarmos a ter um relacionamento de amor com Deus (Rm. 8:15).

• Pela justificação a pena e o poder do pecado são eliminados. Pela adoção a presença do pecado na vida do cristão é tratada com a correção paternal (Hb. 12:5-11).

A origem da adoção não vem do homem mas de Deus. O homem não convertido e justificado não tem direito diante de Deus para ser adotado. O homem não pode pensar que ele tem direito natural diante de Deus por ser criado superior de toda a criação natural. Se o homem tivesse direito por ser originalmente criado à imagem de Deus, todo e qualquer homem teria direito à adoção. O homem regenerado e feito vivo espiritualmente também não tem direito diante de Deus de ser adotado. O homem regenerado e convertido não é mais condenado, mas, mesmo assim, não tem direito ao amor de Deus. O amor de Deus pelo cristão não é por merecimento nenhum. Por isso a adoção não é um direito do homem espiritual.

A origem da adoção é um dom de amor de Deus àqueles que têm a união com Cristo, o Unigênito filho. A verdade é que a adoção vem, não de qualquer direito de homem algum, mas pelo “beneplácito de Sua vontade”, a vontade de Deus (Ef. 1:5). A adoção é merecida somente pela obra de Cristo e dada em amor a todos que venham a Cristo pela fé (Jo. 1:12). A adoção é herdada no começo da carreira cristã quando ainda não há mérito nenhum pelas obras da obediência do cristão (I Co. 1:26-29).

A natureza da adoção é revelada em que ela é uma escolha de Deus a aceitar os que eram estrangeiros e peregrinos “como concidadãos dos santos, e da família de Deus” (Ef. 2:19). A adoção faz com que o cristão participe da natureza santa divina, pela união com Seu Próprio Filho (Jo. 17:21-23; II Pe. 1:4, “participantes da natureza divina”).

O tempo da adoção é de eternidade a eternidade: A adoção é eterna na sua conceição (Ef. 1: 4,5, “antes da fundação do mundo .. E nos predestinou para filhos de adoção por Jesus Cristo”). A adoção começa literalmente no ato da salvação (Jo. 1:12; Gl. 3:26, “todos sois filhos de Deus pela fé em Cristo Jesus”). A adoção é futuramente eterna pois ela passa pela morte e a transformação do corpo, pela eternidade (Rm. 8:23, “e esperando a adoção, a saber, a redenção do nosso corpo”; II Co. 5:10; I Jo. 3:1-3, “agora somos filhos de Deus, e ainda não é manifestado o que havemos de ser”). É entendida que a adoção é eterna pois ela não depende da obra de nenhuma criatura mas completamente da obra santa do Criador (I Co. 1:30; Rm. 9:11; 11:5,6).

As bênçãos da adoção são inúmeras e gloriosas. Por sermos adotados na família de Deus temos: o nome da família (I Jo. 3:1, “chamados filhos de Deus”; Ef. 3:14,15); a identidade da família (Rm. 8:29, “a imagem de seu Filho”); o amor da família (Jo. 13:35, “nisto todos conheceram que sois meus discípulos, se amardes uns aos outros”; I Jo. 3:14); o espírito da família (Rm. 8:15, “recebestes o Espírito de adoção de filhos”; Gl. 4:6), e, a responsabilidade da família (Jo. 14:23, 24, “Se alguém Me ama, guardará a Minha palavra”; Jo. 15:8). Outras bênçãos ainda poderiam ser listadas, quais são:

1. A confraternidade íntima com Cristo e Deus (Gl. 4:7, “já não és mais servo, mas filho”; Jo. 15:15). Essa relação íntima é percebida pelos termos com qual o filho adotivo chama Deus de Pai: “Aba Pai”. Cristo chamou Seu Pai pelo mesmo título (Mc. 14:36) e o filho adotivo situa-se na mesma posição do Unigênito Filho de Deus para com o Pai, e assim também O chama pelo mesmo título amoroso (Rm. 8:15; Gl. 4:6).

2. A presença verdadeira e segura do Espírito Santo - Romanos 8:16. Romanos 8:15 não quer dizer que somente recebemos uma adoção espiritual mas ensina que recebemos o próprio “Espírito de adoção” que indica uma nova natureza espiritual e possessão do próprio Espírito Santo (Matthew Henry, V. III, p. 963.

3. A orientação do Espírito Santo (Rm. 8:4, 14; Gl. 5:16). O mesmo Espírito que nos convenceu do pecado, e da justiça e do juízo (Jo. 16:8) é o mesmo que continua conosco assegurando-nos na fé, pois temos muita oposição interna e externa dessa confiança de sermos filhos de Deus.

4. Uma consciência real da posição nossa com Deus (Rm. 8:15, “Aba Pai”; Gl. 4:6). A expressão, “Aba Pai”, é uma expressão reservada, entre os judeus, para ser usada somente por pessoas livres. Nenhum escravo poderia chamar o seu senhor, “Aba”, ou a sua senhora, “Imma”. O uso dessa expressão por Paulo relata o privilégio livre e familiar que temos para com Deus pela adoção (Haldane, p. 358). A consciência dessa posição real desfruta um acesso aberto para com o Pai (Ef. 3:12, “temos ousadia e acesso com confiança”; Hb. 10:19-23).

5. Somos herdeiros de Deus e co-herdeiros com Cristo (Rm. 8:17; I Pe. 1:3-5, “herança incorruptível, incontaminável, e que não se pode murchar, guardada nos céus para vós”; Ap. 21:7, “herdará todas as coisas”; I Co. 3:21-23, “tudo é vosso, e vós de Cristo, e Cristo de Deus”).

6. As bênçãos indizíveis da glória futura (I Jo. 3:2, “ainda não é manifestado o que havemos de ser .. Seremos semelhantes a ele; porque assim como é o veremos”).

7. A correção paternal (Hb. 12:5-11) e cuidado constante e amoroso (Mt. 6:32, “vosso Pai celestial bem sabe que necessitais todas estas coisas”; Lc. 12:27-33; Jo. 17:22,23, “E eu dei-lhes a glória que a mim me deste, para que seja um, como nós somos um .. E que os tens amado a eles como Me tens amado a Mim”;Jo. 16:27).

Seria bom diferenciar a adoção dos homens e a adoção de Deus. O homem escolhe um filho adotivo e pensa nas suas qualidades reais ou supostas que podem ser agradáveis e meritórias, porém Deus, na adoção do seu povo, produz as qualidades por Si mesmo naqueles que Ele escolhe. O homem pode dar os seus bens e o seu próprio nome a quem ele adota, mas ele não pode mudar a descendência de quem ele adota, nem transformá-lo na sua própria imagem; porém Deus, faz com que os que Ele adota não só participam do Seu nome e das Suas bênçãos celestiais, mas da Sua própria natureza, mudando e transformando-os à Sua própria imagem (Haldane, p. 357).

Concluindo o estudo, entendemos como a adoção é graciosa e gloriosa. Tanto mais que estudamos o assunto da salvação, percebemos melhor o grande amor que tem nos concedido o Pai que fôssemos chamados filhos de Deus (I Jo. 3:1). Os que têm tais bênçãos, tanto pelo conhecimento delas quanto pela operação da nova natureza, estarão incentivados a serem puros como Aquele que os chamou a tais bênçãos é puro (I Jo. 3:3, qualquer um que nele tem esta esperança purifica si a si mesmo, como também ele é puro). As bênçãos dadas pela adoção vão muito além de um dever sem motivação, de uma religião com cerimônias, tradições, filosofias ou emoções forçadas. Essas qualidades não têm nenhuma posição abençoada para com Deus pois dependem das ações e intenções do homem e nem um pouco da obra graciosa de Cristo. Se você se acha somente uma pessoa religiosa o aviso é: deixe as suas obras de justiça que visa ganhar a graça e a misericórdia de Deus. Lança-se aos pés de Deus clamando a Ele pela Sua salvação que vem somente por Cristo.

A Santificação - Hebreus 12:14

O que significa

A palavra “santificar”, como usada na Bíblia, significa principalmente “separar algo para um uso especial”. Um exemplo disso é a santificação do sábado, uma separação do sétimo dia dos demais dias da semana para um propósito especial (Êx. 20:8-11; Dt. 5:12-15).

Mas a santificação não é apenas uma separação. Significa também uma separação para a santidade (Nm. 6:5-8; Hb. 7:26; II Tm. 2:19-21). A palavra “santificação” também tem a idéia de purificação ou de uma lavagem (Hb. 9:13-14; Ef. 5:26).

O léxico de Thayer’s consta o significado da palavra “santificar”: dar o reconhecer por venerável, honrar, separar de coisas profanas e dedicar-se a Deus; consagrar; purificar (Simmons, p. 361).

Como o pecado nos culpou e nos sujou na nossa natureza, Deus, por Cristo, na salvação nos justifica, tirando a culpa; nos adota, oficializando nossa posição de filho; e nos santifica, nos dando uma natureza santa (Rm. 5:17; 6:19). A justificação tira a nossa culpa legal diante de Deus. A adoção nos dá uma relação familiar. A santificação nos faz andar moralmente limpos diante de Deus e dos homens. Na justificação recebemos o título da inocência. Na adoção é nos dado o título da nossa herança. Na santificação somos feitos capazes de desfrutar e usufruir daquela herança (Fp. 4:13; I Co. 1:30; 6:11; I Jo. 1:9).

Definindo melhor, a santificação é aquela operação que muda o nosso caráter e a nossa conduta. Ela opera em nós um amor a Deus, uma capacidade para adorá-lo corretamente e nos qualifica para participar das bênçãos no céu. A santificação faz com que sejamos feitos conforme a imagem de Cristo, que é o propósito da salvação (Rm. 8:29).

O tempo da santificação

A santificação é tanto imediata quanto um processo. A santificação é imediata quando focalizamos na posição do cristão, pela salvação, diante de Deus. A santificação é um processo quando consideramos a posição do cristão, pela salvação, diante dos homens. Queremos tratar do tempo da santificação primeiramente diante de Deus.

Diante de Deus

Na hora da salvação, o regenerado, que mostra a sua nova vida pela conversão, é justificado diante do juiz e adotado na família de Deus. Imediatamente e eternamente é lavado de todo seu pecado. Essa santificação é imediata e entendida de duas maneiras.

Primeiramente o cristão, pela santificação, é legalmente puro. Cristo é a nossa santificação judicial (I Co. 1:30, “Mas vós sois dele, em Jesus Cristo, o qual para nós foi feito por Deus sabedoria, e justiça, e santificação, e redenção:”). Cristo se entregou a si mesmo para purificar os seus (Ef. 5:25,26, “.. Cristo amou a igreja, e a si mesmo se entregou por ela, para a santificar, purificando-a com a lavagem da água, pela palavra,”). Por causa de Cristo entregar o seu próprio corpo para os pecadores arrependidos, os crentes são santificados eternamente diante de Deus (Hb. 10:10, “na qual vontade temos sido santificados pela oblação do corpo de Jesus Cristo, feita uma vez.”; Hb. 13:12, “E por isso também Jesus, para santificar o povo pelo seu próprio sangue, padeceu fora da porta.”). O cristão, pela morte de Cristo, não tem mais nenhum pecado entre ele e Deus. Por nós sermos lavados pelo sangue de Cristo, Deus não enxerga mais condenação (Jr. 31:34, “e nunca mais me lembrarei dos seus pecados”; Rm. 5:1, “Tendo sido, pois, justificados pela fé, temos paz com Deus, por nosso senhor Jesus Cristo;”). Aos lavados pelo sangue de Cristo, não há mais sujeira de pecado (I Co. 6:11, “E é o que alguns têm sido; mas haveis sido lavados, mas haveis sido santificados, mas haveis sido justificados em nome do Senhor Jesus, e pelo Espírito do nosso Deus.”; Ap. 1:5; 7:14). Os que são salvos por Cristo não têm mais maldição (Gl. 3:13, “Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se maldição por nós; porque está escrito: Maldito todo aquele que foi pendurado no madeiro;”). Não existindo mais condenação, sujeira ou maldição no salvo para com Deus, entendemos que o cristão é legalmente puro. Pela santificação legal somos postos numa posição santa diante de Deus.

Em segundo lugar, o cristão, pela santificação, é moralmente puro. Pela regeneração, o espírito do homem foi feito vivo para com Deus. Este espírito novo no homem é a nova natureza criada nele pelo Espírito Santo trazer o salvo a estar em Cristo (II Co. 5:17, “nova criatura é”). Essa nova natureza não pode pecar (I Jo. 5:18). Essa nova natureza tem prazer na lei de Deus: A declaração moral de Deus (Sl. 1:2; 40:8; 119:72; Rm. 7:22). Tendo essa nova natureza o santificado é feito como Cristo (Jo. 4:34, “Jesus disse-lhes: a minha comida é fazer a vontade daquele que me enviou, e realizar sua obra”), e, por Cristo, estes cumpram toda a lei moralmente (Rm. 2:29). Essa nova natureza é alimentada pela Palavra de Deus (I Pe. 2:2), e pelo Espírito (Ef. 3:16), e pela qual o santificado “vê” Deus (Mt. 5:8). Pela santificação o Cristão é feito santo imediatamente, em sua natureza, diante de Deus.

Diante dos Homens

Diante de Deus, o salvo não tem mais maldição, porém, diante dos homens, o cristão cresce na santificação (Pv. 4:18, “mas a vereda dos justos é como a luz da aurora, que vai brilhando mais e mais até ser dia perfeito”). Para entender melhor a santificação diante dos homens convém entender o que ela não é em comparação ao que é.

Devemos entender que esta santificação diante dos homens, não é o melhoramento da carne. Mesmo que haja no processo da santificação diante dos homens uma manifestação cada vez menor da carne, a própria carne não melhora. A carne sempre tem o pecado habitando nela (Rm. 7:14-24). A carne sempre cobiça contra o Espírito (Gl. 5:17). O pecado da carne manifesta-se, mas, pela santificação, aprendemos mortificar a carne, porém a carne nunca fica livre do pecado. A impiedade essencial da carne é sempre latente (Simmons, p. 365).

A santificação diante dos homens também não é uma eliminação gradual do pecado na alma. Moralmente, o cristão já é puro diante de Deus alegrando-se, pelo homem interior, na lei de Deus (Rm. 7:22). A alma não tem mais pecado pois ela foi salva pelo sacrifício suficiente de Cristo. É a carne que continua com o pecado.

O processo da santificação diante dos homens também não é a interrupção total dos ataques de Satanás. Enquanto Satanás puder, ele lutará contra tudo o que está em prol da glória de Deus. Temos que ainda lutar “contra os principados, contra as potestades, contra os príncipes das trevas deste século, contra as hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais” (Ef. 6:12; I Pe. 5:8, “o diabo, vosso adversário, anda em derredor, bramando como leão, buscando a quem possa tragar;”). Pela santificação não tornamos um alvo menos importante ao Satanás. Pode ser que o contrário é verdadeiro.

O processo da santificação diante dos homens é a alma do cristão fortalecendo-se mais na santidade (Hb. 10:14). “E vos vestistes do novo, que se renova para o conhecimento, segundo a imagem daquele que o criou” (Cl. 3:10). A alma fortalecendo-se mais e mais na santificação, é cumprido o propósito da salvação de nos transformar à imagem de Cristo (Rm. 8:29). Pela santificação somos mais e mais vistos como “irmãos” de Cristo (Hb. 2:11).

A santificação diante dos homens é prática. O processo da santificação acontece no interior do cristão pelo Espírito Santo porém revela-se externamente diante do mundo pela vida cristã. Pela pregação de Cristo entendemos que a santificação exterioriza-se pelo viver da vida cristã publicamente (Hb. 12:14, “Segui a paz com todos, e a santificação, sem a qual ninguém verá o senhor;”; Mt. 5:14-16, “Vós sois o sal da terra; .. Vós sois a luz do mundo; .. Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem o vosso Pai, que está nos céus”). A santificação diante dos homens não é uma opção mas uma conseqüência normal daquela nova natureza nascida no cristão.

A santificação diante do homem é experimental. O próprio cristão reconhece a obra da santificação na sua vida. O próprio cristão nota as mudanças nos seus desejos para com Deus, à Palavra de Deus, à oração, à santidade e à obediência (II Co. 3:18, “Mas todos nós, com rosto descoberto, refletindo como um espelho a glória de Deus, somos transformados de glória em glória na mesma imagem, como pelo Espírito do Senhor”; Rm. 1:17, “porque nele se descobre a justiça de Deus de fé em fé, como está escrito: mas o justo viverá da fé”). O Cristão não pensa que já alcançou toda perfeição mas reconhece que felizmente não é o que era e ainda deseja mudar mais (Fp. 3:12-14).

A santificação diante dos homens é incompleta. O cristão sempre crescerá até o dia perfeito onde não há mais pecado presente, ou seja no céu (Pv. 4:18; Fp. 3:12). Nesta vida terrestre, com o pecado na carne e mesmo com uma crescente manifestação na vida da nova natureza com as suas vitórias sobre a carne, nunca chegaremos à perfeição completa. Essa perfeição completa-se somente na glorificação.

Os Meios da Santificação

Diante de Deus

A santificação diante de Deus vem por Deus mesmo. “Toda a boa dádiva e todo o dom perfeito vem do alto, descendo do Pai das luzes” (Tg. 1:17). Foi Deus que começou a boa obra em nós (Fp. 1:6; Ef. 1:3).

A santificação diante de Deus vem pela obra do Espírito Santo. (I Co. 6:11; II Ts. 2:13; I Pe. 1:2).

A santificação diante de Deus tem a morte de Cristo como base pela qual o Espírito Santo opera (I Co. 6:11; Gl. 3:13; Ap. 1:5; 7:14).

A santificação diante de Deus tem a fé como o meio pelo qual a alma se purifica (At. 15:9; 26:18; I Pe. 1:22).

A santificação diante de Deus tem na Palavra de Deus um meio pelo qual a fé opera (Rm. 10:17).

Diante dos Homens

A santificação do cristão diante dos homens vem de Deus (Jo. 17:17; I Ts. 5:23).

A santificação diante dos homens vem pela obra do Espírito Santo (Rm. 15:16). Ele nos guia (Rm. 8:14), nos transforma (Rm. 12:2; II Co. 3:18), nos fortifica (Ef. 3:16), e, faz-nos ter o fruto que agrada Deus (Gl. 5:22).

A santificação diante dos homens tem a vitória de Cristo sobre o pecado, a morte e sobre Satanás como a base pela qual o Espírito Santo opera (I Co. 6:11; 15:55-57; Gl. 3:13; Ap. 1:5; 7:14).

A santificação diante dos homens tem a Palavra de Deus como instrumento que Espírito Santo usa (Jo. 17:17). A Palavra de Deus promove a obediência, previne e purifica-nos do pecado, nos reprova do pecado e causa-nos a crescer na graça (I Tm. 3:16,17; Sl. 119:9, 11, 34, 43, 44, 50, 93, 104; Hb. 5:12-14; I Pe. 2:2).

A santificação diante dos homens tem a fé como meio pelo qual a palavra de Deus é eficiente (Gl. 5:22; Rm. 10:17).

A santificação diante dos homens tem a nossa própria obediência como meio para nos santificar (Rm. 6:19). Como o exercício físico desenvolve o apetite para o alimento, pelo qual recebemos os elementos para produzir crescimento, o exercício espiritual desenvolve apetite para a Palavra de Deus, pela qual recebemos os elementos para o crescimento na graça (Sl. 1:2,3). A nossa obediência envolve a oração, a freqüência à igreja onde Deus tem o Seu ministério pelos seus ministrantes (Ef. 4:11,12), a observação das ordenanças do batismo e da ceia, o castigo e também as providências de Deus (a tribulação, a nossa personalidade, os nossos relacionamentos, as circunstâncias da vida, etc.). Essas coisas promovem a nossa santificação diante dos homens, não porque eles em si têm virtude, mas, como os outros meios, trazem-nos ao encontro com a verdade divina. Estando na presença do Divino somos fortalecidos a termos uma apreciação elevada de Deus e uma obediência mais completa. Essas atividades mostram as glórias de Deus em Cristo pela nossa vida. Deve ser lembrado: Os atos da obediência não têm graça neles separadamente, mas são meios pelos quais conhecemos melhor a Deus, e O conhecendo melhor, somos santificados diante dos homens.

Os Frutos da Santificação

A santificação do cristão não é algo estático ou neutro. A santificação produz evidências no interior do próprio cristão e também exteriormente diante o mundo.

A santificação na vida do cristão produz interiormente uma consciência real da impureza latente na carne. Muitos são os santos na bíblia que lamentaram da sua impiedade mostrando-nos a realidade que por mais santo que sejamos mais impuros nos sentimos (Jó 38:1,2; 40:3,4; 42:5,6; Is. 6:3-5; Ef. 3:8; Fp. 3:12-15).

A santificação na vida do cristão produz interiormente um desgosto crescente ao pecado. Com o processo da santificação, o cristão torna mais e mais como Cristo. Aquilo que o Senhor odeia, o cristão santificado também odeia. Por isso o cristão odeia olhos altivos, a língua mentirosa, as mãos que derramam sangue inocente, o coração que maquina pensamentos perversos, pés que se apressam a correr para o mal, a testemunha falsa que profere mentiras, e aquele que semeia contendas entre irmãos (Pv. 6:16-19; Zc. 8:17). Pelo processo da santificação o cristão cresce mais no temor de Deus. O temor de Deus é odiar o mal, a soberba e a arrogância, o mau caminho e a boca perversa (Pv. 8:13). Quanto mais estamos conformados a Cristo mais odiamos o mal (Sl. 97:10). O crescimento no entendimento dos mandamentos do Senhor Deus faz com que o cristão odeia qualquer evidência de falso caminho (Sl. 119:104). Com a santificação, o cristão vê o pecado verdadeiramente pelo que é: inimizade contra Deus (Rm. 8:6; I Jo. 3:4).

A santificação na vida do cristão produz interiormente um crescimento na graça e maior apreço das coisas celestiais (Pv. 4:18; Sl. 119:101-113). Aquilo que Deus ama, o cristão santificado também ama. Por isso ele dedica-se mais e mais à oração, à Palavra de Deus, aos cultos públicos de adoração, à conformidade a Cristo no lar, nos pensamentos, nos estudos, no emprego, e na vida particular. Verdadeiramente o padrão moral de Deus é o que o cristão santificado ama mais continuamente (Sl. 119:113, “amo a tua lei”).

A santificação na vida do cristão produz boas obras exteriormente diante do mundo (Ef. 2:10). Com uma nova natureza, o cristão torna-se a ser o sal da terra e a luz do mundo pelas suas boas obras (Mt. 5:13-16). Essas obras são boas, não por causa da sinceridade do cristão mas porque elas vêem do coração regenerado (Mt. 12:33; 7:17,18; Jo. 15:5); do amor para realizar a vontade de Deus (Dt. 6:2; I Sm. 15:22; Jo. 14:15; I Jo. 5:3); do desejo de glorificar somente a Deus (Jo. 15:8; Rm. 12:1; I Co. 10:31; Cl. 3:17,23); de um coração cheio de gratidão (I Co. 6:20; Hb. 13:15) e, de uma fé verdadeira (Tg. 2:14,17,20-22). Como o cristão, quando ainda estava na carne, usou os seus membros para toda a imundícia, agora, com a nova natureza, usa os seus membros para servir à justiça para santificação (Rm. 6:19; 12:1,2).

Reconhecendo que os frutos da santificação são muito além do que o homem pode produzir pelos esforços da carne, convém que a nossa espiritualidade seja examinada e provada pelo Senhor (Sl. 26:2; 139:23,24; II Co. 13:5). Ai de nós se somos satisfeitos com aquilo que só agrada aos homens.

Existem estes frutos na sua vida Cristã?

O Perfeccionismo

Há muitos que crêem que o cristão pode ser santificado diante dos homens nesta vida terrestre ao ponto de não ter mais pecado nenhum nas suas vidas. Os católicos, os pentecostais, os Wesleyanos, os Quakers, entre outros, crêem dessa forma (Berkhof).

Os que pregam o perfeccionismo crêem que Deus quer que o cristão seja perfeito pois Ele mandou os Seus à perfeição (I Pe. 1:16; Mt. 5:48; Tg. 1:4) e, Ele nos dá o perfeito exemplo de Cristo para nós seguirmos (I Pe. 2:21). TODAVIA, por Deus pedir à perfeição do cristão não quer dizer que o homem tem a capacidade disso. A Lei de Moisés foi dada por Deus e pediu obediência perfeita mesmo quando a carne era fraca pelo pecado para obedecer completamente a Lei de Moisés (Rm. 7:12-24; At. 15:10). A Lei de Moisés foi dada ao homem ainda no seu pecado quando o homem não poderia entender coisas espirituais (I Co. 2:15) nem estava com a capacidade a agradar a Deus (Rm. 8:8). Por Deus pedir a perfeição do homem revela o desejo de Deus para com o homem, não a capacidade do homem para com Deus. O que é destacado pelos mandamentos bíblicos para o homem ser perfeito é a sua responsabilidade viver uma vida reta, não a sua capacidade de viver tal vida.

Os que pregam o perfeccionismo crêem que o perfeccionismo é possível pois a santidade e a perfeição são atributos dos cristãos nas Escrituras (Cantares 4:7; I Co. 2:6; II Co. 5:17; Ef. 5:27; Hb. 5:14; Fp. 4:13; Cl. 2:10). TODAVIA, a santidade e a perfeição nem sempre querem significar que o cristão esteja sem nenhum pecado. Como já temos visto na definição da palavra santificação, ela também pode significar meramente separação para o serviço de Deus. Essa separação pode ser dias (Gn. 2:3), móveis (Êx. 40:11), roupas (Lv. 8:3), pessoas (Êx. 13:2; 19:10), sacrifícios (Êx. 29:27) ou lugares (Êx. 19:23; 29:43) para o serviço de Deus. Pelas pessoas serem separadas para o uso exclusivo ao serviço de Deus não quer dizer que a vida moral delas seja perfeita. A verdade é: diante de Deus, por causa do sangue de Cristo pela operação do Espírito Santo, o cristão é santo e perfeito, sem mancha ou ruga. Todavia, diante dos homens, o cristão tem lutas com a carne (Gl. 5:17). O apóstolo Paulo usa a palavra “santos” para referenciar-se aos cristãos (Fp. 1:1). Todavia, ele os exorta a fazer todas as coisas sem murmurações ou contendas visando o desejo de Deus que os Seus sejam testemunhos irrepreensíveis no mundo (Fp. 2:14,15). Se os cristãos fossem santíssimos, não seriam exortados a serem fiéis (Fp. 3:16-21; Cl. 2:1-8). A palavra “perfeição” pode também significar: crescimento (I Co. 2:6; Hb. 5:14). Neste significado os santos devem zelar para a perfeição, pois seu crescimento à imagem de Cristo é o alvo da salvação (Rm. 8:29; II Pe. 3:18). A palavra “perfeição” pode também significar: sermos prontos ou preparados para o serviço (II Tm. 3:17). Neste significado os santos devem zelar para a perfeição, amadurecidos na prontidão para viver por Ele.

Os que pregam o perfeccionismo crêem que a bíblia mostra exemplos de santos que eram perfeitos (Gn. 6:9; I Reis 15:14; Jó 1:1). TODAVIA, as próprias vidas destes “santos” revelam imperfeições e fraquezas na fé (Noé, Gn. 9:20,21, “embebedou-se”; Rei Asa, I Reis 15:14, “Os altos, porém, não foram tirados”; a pessoa de Jó, Jó 3:13, “amaldiçoou o seu dia”). Aquele que Deus disse que era perfeito (Davi, I Reis 11:4) e os “santos” mais notáveis na bíblia caíram (Abraão, Gn. 12:13; Pedro, Mt. 26:69-75, Gl. 2:14), e alguns pecaram mais grave ainda (Davi, II Sm. 11:3,4; Salomão, I Reis 11:2,3). Quando Deus olhou desde os céus para o mundo para ver se havia algum que tivesse entendimento e buscasse a Deus, Ele viu que não houve quem fizesse o bem, nem sequer um (Sl. 14:2,3; Rm. 3:10). É uma verdade que não há ninguém que não peca (I Jo. 1:8; Ec. 7:20; I Reis 8:46). Quando o Cristão morre, ele semeia o seu corpo “em corrupção”, ignomínia e fraqueza como qualquer outro homem (I Co. 15:42-44). Todos os cristãos reconhecem o fato: “tropeçamos em muitas coisas” (Tg. 3:2: Pv. 4:18) e são instruídos a confessarem os seus pecados (I Jo. 1:8). Por causa dos santos terem imperfeições, tropeços e pecados, são disciplinados com a correção de Deus, da qual não teriam se já fossem perfeitos sem nenhum pecado (Hb. 12:5-11). Deve ser notado que a correção não produz uma vida sem pecado, mas produz “um fruto pacífico de justiça”, ou seja, uma vida que vive menos na carne e mais separada ao Senhor.

Os que pregam o perfeccionismo crêem que os “nascidas de Deus” não pecam (I Jo. 3:6-9; 5:18). TODAVIA, nessas passagens, as duas naturezas estão sendo comparadas. Está sendo ensinado que a natureza nova não peca (I Jo. 5:18) e que a natureza velha ainda peca e vem do diabo (I Jo. 3:8). Nessas passagens de I João, está sendo ensinado que as duas naturezas continuam no Cristão. O diabo sempre continua no pecado (Jo. 8:44; I Jo. 3:8), e o pecado ainda continua na carne do cristão (Rm. 7:18-24; Fp. 3:10-14). Deus sempre continua santo (Tg. 1:17; I Jo. 5:18) e, pelo Espírito Santo, habita no Cristão (I Co. 6:19; Cl. 1:27). No homem Cristão, o pecado habita nele e faz ele pecar (Rm. 7:17,21,23). Pelos exemplos bíblicos das vidas dos cristãos (Jó 42:5,6; Sl. 51:1-4) e pelos ensinamentos de doutrina (Rm. 7:18-24; Gl. 5:17), somos assegurados que existe uma luta constante entre estas duas naturezas e sabemos que o cristão perde algumas destas lutas (Berkhof, p. 539). Por isso o cristão é ensinado a confessar os seus pecados (Mt. 6:12: I Jo. 1:9) como esses santos confessaram (Jó 9:3,20; Sl. 32:5; 130:3; 143:2; Dn. 9:16; Rm. 7:14). A perfeição é uma realidade diante de Deus por Cristo. Diante dos homens, nesta vida na terra, a perfeição absoluta é nosso alvo supremo, e isso, para a glória de Deus.

Os que pregam o perfeccionismo inventaram a idéia de que os pecados “involuntários”, ou seja, os pecados movidos pelas emoções e desejos, não são pecados. Muitos querem ignorar as ações do pecado pelo corpo culpando os outros, o seu passado, as circunstancias no seu presente ou outra coisa qualquer, até as próprias emoções que temos. Como Adão e Eva reconheceram as suas ações erradas e jogaram a culpa das suas ações de um para o outro (Gn. 3:12,13), muitos querem fazer o mesmo ainda hoje. TODAVIA, mesmo quando Davi foi manipulado pelos seus desejos pecaminosos a quebrar a lei, ele foi responsabilizado e culpado pessoalmente pelas suas ações de adultério e de homicídio (II Sm. 12:7, “Tu és este homem”). Posteriormente, David lamentou os seus atos e confessou que tinha pecado contra Deus nessas coisas (Sl. 51:1-5). Jesus ensinou que os desejos e pensamentos não conducentes à retidão, são pecados (Mt. 5:28). Devemos lembrar: Deus há de trazer a juízo toda a obra, e tudo o que está encoberto, quer seja bom, quer seja mau (Ec. 12:14; Ap. 20:12,13).

Se você desiste de procurar um viver para a glória de Deus por pensar que nunca chegará ao grau de viver resistindo o pecado, ou, se você pensa que é melhor viver no pecado em vez de prosseguir para o alvo de glorificar o Salvador como Ele é digno de ser, você está manifestando uma atitude não Cristã. O verdadeiro convertido reconhece o fato do pecado sempre presente, mas não desiste de participar na sua santificação por isso. O verdadeiro Cristão é miserável por ter o pecado tão perto dele (Rm. 7:24). O verdadeiro Cristão, quando vê que não alcançou a santificação desejada, prossegue para o alvo, “pelo prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus” (Fp. 3:13,14). Não acomode-se com o pecado! Resiste a ele! “Portanto, se já ressuscitastes com Cristo, buscai as coisas que são de cima, onde Cristo está assentado à destra de Deus. Pensar nas coisas que são de cima, e não nas que são da terra; por que já estais mortos, e a vossa vida está escondida com Cristo em Deus.” (Cl. 3:1-3).

Pode ser que ainda não somos o que queremos ser, mas, graças a Deus não somos o que éramos.

A Glorificação

Romanos 8:28,29

O fim glorioso de todo o processo da salvação é para nós sermos feitos como Cristo para a glória de Deus (Rm. 8:28,29, “Para serem conformes à imagem de Seu Filho”). Este fim inclui a realidade de termos vida eterna na presença de Deus ao redor do trono (I Ts. 4:17, “e assim estaremos sempre com o Senhor”). Este fim inclui também a nossa habitação eternamente nas mansões celestiais que estão sendo agora preparadas (Jo. 14:1-3). A realização desse maravilhoso fim da salvação chama-se teologicamente: a glorificação.

A glorificação não é somente a presença da alma regenerada com Deus. A glorificação trata também da ressurreição e a transformação do corpo mortal em corpo imortal, o que é corruptível em incorruptibilidade, aquilo que é ignóbil em glória, aquilo que é fraco em vigor, aquilo que é natural em espiritual (I Co. 15:42-44). Pela doutrina da glorificação tratar daquilo que é futuro, entendemos como classificar as passagens da bíblia que tratam da vida eterna como algo ainda a ser recebido no futuro (Mt. 25:46; Mc. 10:30; Tt. 1:2;3:7, “em esperança da vida eterna”). Elas estão tratando dessa fase da salvação chamada “a glorificação”.

Na morte terrestre, o cristão é livrado da presença do pecado. Porém o corpo dele vê a corrupção, que é o fim do pecado (Rm. 6:23; Gn. 3:19). Quando a alma despede-se do corpo na morte, ela regozija na presença de Deus imediatamente, sem mais lutar contra o pecado (Lc. 23:43, “Em verdade te digo que hoje estarás comigo no Paraíso.”; Ap. 14:13, “para que descansem dos seus trabalhos”; I Co. 5:5, “o espírito seja salvo no dia do Senhor Jesus”; II Co. 5:6,8, “enquanto estamos no corpo, vivemos ausentes do Senhor .. desejamos antes deixar este corpo, para habitar com o Senhor.”). Todavia, na ressurreição do corpo, a glorificação é completa, tanto da alma quanto do corpo. A glorificação fala da redenção do corpo do cristão, ou na ocasião da sua ressurreição (I Co. 15:52-56; I Ts. 4:16) ou na ocasião do seu arrebatamento (I Ts. 4:17).

Podemos comparar tudo que temos estudado até agora sobre a realização da salvação de vários ângulos

T. P. Simmons explica

• A justificação fala da condição da alma do eleito salvo – Lc. 7:50; Ef. 2:8; II Tm. 1:9; Tt. 3:5. Este ângulo refere-se da salvação efetuada no tempo passado, naquela hora que fomos salvos.

• A santificação refere-se à condição da vida do eleito salvo – Fp. 2:12; Romanos 6:12-19; Gl. 2:19,20; II Co. 3:18. Deste aspecto fala da salvação sendo efetuada no tempo presente, nessa hora que vivemos agora.

• A glorificação refere-se à condição do corpo do eleito salvo – Romanos 5:9,10; 6:22; 8:23,24; 13:11; I Co. 5:5; Ef. 1:13,14; I Ts. 5:8; Hb. 9:28; 10:36; I Pe. 1:5; I Jo. 3:2,3. Deste aspecto da salvação fala do que será efetuado no tempo futuro, daquela hora que estaremos presentes, corpo e alma, diante de Deus no céu (p. 380-382).

A. W. Pink explica

(Doctrine of Salvation, p. 128-130)

• A salvação do prazer do pecado é efetuada quando Cristo vem habitar no coração do arrependido – Gl. 2:20, “Cristo vive em mim”; II Co. 5:17, “Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é .. tudo se fez novo”. Com Cristo habitando no coração do arrependido, o mau não é mais desejado, e, quando o mal aparecer, faz o arrependido sentir miserável (Rm. 7:19,24). Esse ângulo da salvação chama-se regeneração e mostra o milagre da graça.

• A salvação da pena do pecado é efetuada por Cristo pela Sua morte na cruz – João 19:30, “Está consumado”. João 3:16, “não pereça”; Romanos 5:1, “Tendo sido, pois, justificados pela fé, temos paz com Deus, por nosso senhor Jesus Cristo;”; Romanos 8:1, “Portanto, agora nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus”. Esse ângulo da salvação chama-se justificação e mostra a grandeza da graça.

• A salvação do poder do pecado é efetuada pela operação do Espírito Santo no cristão – Romanos 8:9, “Vós, porém, não estais na carne, mas no Espírito, se é que o Espírito de Deus habita em vós.” Fp. 4:13, “Posso todas as coisas em Cristo que me fortalece.”; I João 3:3, “qualquer que nEle tem essa esperança purifica-se a si mesmo.” Esse ângulo da salvação chama-se santificação e mostra o poder da graça.

• A salvação da presença do pecado será efetuada quando Cristo volta – Fp. 3:20-21, “Que transformará o nosso corpo abatido, para ser conforme o seu corpo glorioso, segundo o seu eficaz poder de sujeitar também a si todas as coisas.” ; I João 3:2, “Mas sabemos que, quando ele se manifestar, seremos semelhantes a ele; porque assim como é o veremos.” Como os não salvos não entram no céu, assim os salvos já no céu não preocupa-se mais em viver com a presença do pecado (Ap. 21:8,27; 22:3). Esse ângulo da salvação chama-se glorificação mostrando o alcance eterno da graça.

O alvo da glorificação

O propósito central da Palavra de Deus, da obra do Espírito Santo, da igreja e da providência na vida do cristão é fazê-lo mais e mais como Cristo para que Deus receba a glória (Rm. 8:29, “para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que Ele seja o primogênito entre muitos irmãos.”) Portanto a glorificação, sendo parte deste maravilhoso propósito é especificamente para fazer-nos perfeitos à imagem de Cristo (Ef. 4:13, “à medida da estatura completa de Cristo”).

Deus é sempre glorificado no Seu Filho (Mt. 3:17; 17:5; Jo. 12:28). O homem perdeu a imagem espiritual de Deus quando pecou no jardim do Éden (Gn. 2:17; 3:6; I Co. 2:14; Ef. 2:1,2). Pela fé na obra de Cristo, o pecador arrependido vê a sua regeneração e volta a ter a vida espiritual para com Deus. Todavia, até que ele tenha a última vitória sobre a morte, o pecador salvo habita num mundo amaldiçoado. O pecador salvo também é preso num corpo onde habita o pecado (Rm. 7:23,24). Este tempo no corpo é uma vivência de lutas (Gl. 5:17), de muitas tentações (I Co. 10:13) e de constantes tristezas (Rm. 7:23,24, “Miserável homem que eu sou!”). Mas, num glorioso dia, na transformação do seu corpo mortal para um corpo imortal, o salvo será feito como Cristo na sua perfeita glória. Aquela glória que foi testemunhada no monte da transfiguração (Mt. 17:1-6; II Pe. 1:17,18); aquela glória que cegou Paulo no caminho para Damasco (At. 9:3-8; 22:6-11); aquela glória que fez João cair como morto aos pés dAquele semelhante ao Filho do homem (Ap. 1:17), é aquela glória que espera o cristão na sua glorificação. No momento da glorificação, todos os cristãos serão feitos semelhantes a Cristo na Sua glória (I Jo. 3:2,3). Nessa condição o salvo será como Cristo na Sua glória cumprindo assim o propósito inicial da salvação: Deus ser glorificado em Cristo. Nessa condição, sendo o salvo como Cristo, glorificará Deus eternamente sem nenhuma barreira.

O proveito de estudar essa doutrina

Mesmo que não haja inúmeros versículos que tratam do assunto da glorificação pela Palavra de Deus em relação a outras doutrinas, há bom proveito em estudar o que a Palavra de Deus diz dessa doutrina.

• Sabendo como será o glorioso fim de todos os salvos, a fé do Cristão é alimentada (I Pe. 2:2, “para que por ele vades crescendo”),

• Sabendo como será o futuro para o Cristão, a sua esperança é fortificada (Rm. 5:2, “e nos gloriamos na esperança da glória de Deus”; Rm. 8:23-25, “em esperança fomos salvos”; Tt. 1:2, “Em esperança da vida eterna”; Tt. 3:7),

• Sabendo como Deus tratará eternamente o cristão, imenso conforto é dado (I Ts. 4:17, “consolai-vos uns aos outros com estas palavras”; Jo. 14:1, “Não se turbe o vosso coração”),

• Sabendo das glorias futuras em Cristo, o amor do cristão para com Deus por Cristo é amadurecido (I Jo. 3:1, “Vede quão grande amor nos tem concedido o Pai, que fôssemos chamados filhos de Deus.”; I Jo. 4:19, “Nós o amamos a Ele porque Ele nos amou primeiro.”),

• Sabendo como será o glorioso fim das nossas lutas, a nossa responsabilidade de santificar-nos nas lutas é lembrada (Rm. 13:11, “conhecendo o tempo, que já é hora de despertar-nos do sono; porque a nossa salvação está mais perto de nós do que quando aceitamos a fé.”; I Jo. 3:3, “E qualquer que nEle tem esta esperança purifica-se a si mesmo, como também Ele é puro.”),

• Sabendo do alvo glorioso de Deus para o cristão, a sua perseverança é estimulada (Hb. 12:1, “corramos com paciência a carreira que nos está proposta”),

• “Todo o conselho de Deus” (At. 20:27) inclui essa abençoada doutrina da glorificação, dando uma forte razão de aproveitar um tempo estudando as bênçãos dessa doutrina da glorificação.

Tenha o cuidado de examinar-se a si mesmo. Tenha certeza de que a sua esperança de vida no além não esteja baseada na sua sinceridade, numa religião qualquer, numa boa obra de um estimado homem, ou numa inteira confiança em algo que Deus não prometeu.

Deus se glorifica somente na pessoa e obra de Cristo. Arrependa-se dos seus pecados e tenha a sua fé na obra de Cristo somente. Assim a sua fé estará segura eternamente como Cristo é eterno.

Resumo:

São esses os seis processos envolvidos na salvação: a regeneração, a conversão, a justificação, a adoção, a santificação, e a glorificação.

Não existe um tempo perceptível entre o primeiro processo, a regeneração e os outros três processos: a conversão, a justificação, e a adoção. Estes todos acontecem simultaneamente.

Mesmo que não haja um tempo perceptível entre os primeiros quatro processos envolvidos na salvação, existe um espaço perceptível de tempo entre o princípio do processo da santificação até o seu final na glorificação. Mas, mesmo assim, trata-se de uma pessoa regenerada, convertida, justificada e adotada.

Portanto, não existe uma pessoa que é regenerada que não conhece os graus crescentes da santificação. A idéia que haja um espaço de tempo entre a experiência de conhecer Cristo como Salvador e a experiência de conhecer Cristo como o Senhor é estranha aos ensinos da Palavra de Deus. Seria difícil achar no Novo Testamento um regenerado que não foi santificado. Os relatórios das pessoas convertidas no Novo Testamento chamaram imediatamente o seu Salvador de “Senhor”, uma prova de santificação (a mulher Cananéia, Mt. 15:21-28, “Senhor, Filho de Davi, tem misericórdia de mim .. Senhor, socorre-me! .. Sim, Senhor, mas também ..”; os dois cegos de Jericó, Mt. 20:29-34, “Senhor, Filho de Davi, tem misericórdia de nós! .. Senhor, que os nossos olhos sejam abertos .. e eles o seguiram.”; o pai do endemoninhado, Mc. 9:24, “Eu creio, Senhor! Ajuda a minha incredulidade.”; “o publicano Zaqueu, Lucas 19:8, “Senhor, eis que eu dou aos pobres ..”; o malfeitor crucificado com Cristo, Lucas 23:42, “Senhor, lembra-te de mim, quando entrares no teu reino.”; Saulo, At. 9:6, “Senhor, que queres que eu faça?”; 22:10). Esses poderiam chamar de Cristo o “Senhor” pelo respeito da Sua pessoa sim, mas as suas vidas posteriores mostraram o fruto de ter conhecendo Jesus como Senhor desde o primeiro instante do processo da conversão.

A idéia de que existe uma segunda benção mais tarde na vida do cristão quando uma pessoa crente atinge um alto nível de amadurecimento espiritual, tornando-se cheio do Espírito Santo a este ponto, é estranha aos ensinos da Palavra de Deus (Rm. 8:9).

Devemos afirmar que existe o crescimento na vida do cristão pelo qual é amadurecida a sua vida em Cristo. Este crescimento chama-se a santificação. O crescimento não deve ser confundido com a regeneração, a conversão, a justificação, ou a adoção. O crescimento é prova do processo da santificação.

Devemos também afirmar que sempre existe o pecado na vida do cristão apesar do seu grau de santificação (Rm. 7:18-24). A doutrina da santificação não quer ensinar que o cristão cessa de pecar antes de conhecer a glorificação. A santificação não deve ser confundida com a glorificação.

Os primeiros quatro processos da salvação, a regeneração, a conversão, a justificação e adoção, acontecem simultaneamente. Assim que estes quatro acontecem, começa o quinto processo, a santificação do cristão diante do mundo. Este processo, a santificação, continua até o processo da glorificação se revelar no céu. Não existe a possibilidade de uma pessoa ser regenerada mas não convertida; uma pessoa convertida mas não justificada; uma pessoa justificada mas não adotada ou uma pessoa adotada que não conhece a santificação. Todos que conhecem a regeneração, conhecerão a santificação. Todos que conhecem a santificação conhecerão a glorificação (Rm. 8:28-30; Fp. 1:6; II Ts. 2:13-14; Sl. 138:8)

O oposto também é correto: Se não conhecer a santificação na sua vida Cristã, é por não ser adotado ainda; se não conhece a adoção, é por não ser justificado; se não conhece a justificação, é por não ser convertido; se não foi convertido, é por necessitar da regeneração.

Se estiver faltando a regeneração, clame a Deus ter misericórdia em salvar mais um pecador! Procure ver a sua responsabilidade em arrepender-se dos seus pecados e crer no Senhor Jesus Cristo como seu Salvador. Somente os que entram em Cristo pelo arrependimento e a fé conhecerão a salvação que finda com Cristo no céu (Jo. 14:6).

Como vai a sua obediência à Palavra de Deus? Está sendo feito conforme à imagem de Cristo continuamente? O Espírito Santo está guiando você em toda a verdade da Palavra de Deus? Examine-se pois se tem o processo da santificação acontecendo na sua vida (II Co. 13:5; Hb. 12:14). Se você já conhece a regeneração, procure cumprir a sua responsabilidade e santifica-se a si mesmo pelo poder do Espírito Santo à obediência da sua fé diante dos homens mais e mais para a glória de Deus em Cristo.

 

                O Efeito Prático da Salvação

 

A Perseverança e a Preservação dos Santos

A Constância e a Conservação dos Santos

A Fidelidade e a Confirmação dos Santos

Salmos 37:24-28, “Aparta-te do mal e faze o bem; e terás morada para sempre.”

Hb. 10:14, “Porque com uma só oblação aperfeiçoou para sempre os que são santificados.”

Introdução

Temos estudado na última parte sobre a Salvação Realizada, o fato do Cristão verdadeiro passando por um processo diante dos homens que manifesta Cristo mais e mais na sua vida, a santificação. Queremos agora tratar da garantia divina que esse processo de santificação continuará até a sua glorificação no céu. A certeza que os Cristãos verdadeiros continuarão se santificando na terra, chama-se na teologia, a perseverança dos Santos. A certeza que os Cristãos verdadeiros terminarão glorificados no céu, chama-se na teologia a preservação dos Santos. A perseverança dos santos é de inteira responsabilidade do próprio Cristão. A preservação dos Santos é atuada somente pelo poder de Deus.

 

Essas doutrinas são duas e são gêmeas, sempre andando de mãos dadas. Isso quer dizer que não pode existir a perseverança do Cristão sem a preservação de Deus. Também não pode existir a preservação de Deus sem a perseverança do Cristão. Essas doutrinas também podem ser descritas como sendo os dois lados de uma mesma moeda. Um lado mostra a responsabilidade do povo de Deus para com o SENHOR da sua salvação. O outro lado mostra o poder de Deus para cumprir as Suas promessas para com seu Povo.

A bíblia não deixa dúvidas que Deus conserva fielmente o seu povo pois Ele não pode perder nenhum dos Seus verdadeiros filhos (Rm. 8:29,30; Jo. 13:1). Porém, a salvação que Deus opera no elegido, tem a natureza de provocar o próprio Cristão a perseverar na graça de Deus (II Co. 12:9,10; Ef. 2:8,9).

Por serem doutrinas gêmeas, existem perigos destrutivos se tentamos crer em apenas uma parte dessas duas doutrinas. Se existir a crença da responsabilidade do Cristão em se perseverar sem o poder de Deus se preservando, criará um Cristão, que pelos seus próprios esforços, fica intensamente preocupado de manter-se salvo pelos seus próprios esforços. Se ele conseguir, amem. Se ele não conseguir, ai! Se existir a crença no poder de Deus preservando os Seus sem a responsabilidade da perseverança dos santos, fará um Cristão que de nenhuma maneira preocupa-se com seu testemunho ou das suas responsabilidades de andar digno da chamada da salvação. Este desequilíbrio doutrinário incentivaria pensamentos e práticas loucas como: “Nada importa o que eu faço no mundo, sou salvo do mesmo jeito.” Para evitar desequilíbrio doutrinário, essas duas verdades devem ser tratadas em conjunto. Por isso trataremos essas duas em um mesmo capítulo.

Definição

A perseverança é a manutenção de uma profissão verdadeira que é vista num andar obediente contínuo à Palavra de Deus e às doutrinas de Cristo (Jo. 8:31), a manutenção de princípios santos (Mt. 5:1-12), a manutenção de boas obras (Ef. 2:10; Jd. 1:20,21), uma manutenção capacitada por Deus (Fp. 1:6 – Pink, Eternal Security, p.28-35).

Pela história, os batistas têm se manifestado sobre essas doutrinas.

Uma confissão dos Anabatistas de 1644 diz:

“Tocante ao Seu reino, Cristo, sendo ressurrecto dos mortos, subiu ao céu, sentou-se a destra do Deus-Pai, tendo dado a Ele todo o poder no céu e na terra, onde Ele espiritualmente governa a sua Igreja, exercitando o Seu poder sobre todos os anjos e os homens, tanto os bons quanto os maus, da preservação e salvação dos eleitos, até a conquista e destruição dos Seus inimigos, que são os reprovados, comunicando e aplicando os benefícios, a virtude, e o fruto da Sua Profecia e Sacerdócio ao Seu Eleito, ou mais perfeitamente dizendo, até a destruição dos seus pecados, até a sua justificação e adoção de filhos, regeneração, santificação, preservação e fortalecimento em todos os seus conflitos contra Satanás, o mundo, a carne, e as suas tentações destes, continuamente estando neles, governando e guardando os seus corações na fé e temor amoroso de filhos por Seu Espírito, do qual sendo dado, Ele nunca retira deles, mas por Ele gera e nutre neles a fé, o arrependimento, o amor, o gozo, a esperança, e toda a luz celeste até a imortalidade, não obstante que pela nossa própria incredulidade, e as tentações de Satanás, a sensibilidade desta luz e amor pode ser ofuscada por um tempo.. ” (The CONFESSION OF FAITH Of those CHURCHES which are commonly(though falsely) called ANABAPTISTS; London, 1644 - The Old Faith Baptist Church, Rt. 1, Box 517, Magazine, Arkansas, 72943, p. 19, tradução livre pelo Pastor Calvin). (I Co. 15:4; I Pe. 3:21, 22; Mt. 28:18, 19, 20; Lc. 24:51; At. 1:11 & 5:30, 31; Jo. 19:36; Rm. 14:17. Marcos 1:27; Hb. 1:14; Jo. 16:7, 15. Jo. 5:26, 27; Rm. 5:6, 7, 8 & 14:17. Gl. 5:22, 23. Jo. 1:4, 13. Jo. 13:1 & 10:28,29, & 14:16,17; Rm. 11:29; Sl. 51:10,11; Jó 33:29,30; II Co. 12:7,9. Jó 1 e 2; Rm. 1:21 & 2:4,5,6, & 9:17,18. Ef. 4:17,18. II Pe. 3.)

Uma confissão de fé Batista de 1689 diz assim:

“Os que Deus aceitou no Amado, aqueles que foram chamados eficazmente e santificados por seu Espírito, e receberam a fé preciosa (que é dos seus eleitos), esses não podem decair totalmente nem definitivamente do estado de graça. Antes, hão de perseverar até o fim e ser eternamente salvos, tendo em vista que os dons e a vocação de Deus são irrevogáveis, e Ele continuamente gera e nutre neles a fé, o arrependimento, o amor, alegria, a esperança e todas as graças que conduzem a imortalidade (Jo. 10:28,29; Fp. 1:6; II Tm. 2:19; I Jo. 2:19). Ainda que muitos tormentos e dilúvios se levantem e se dêem contra eles, jamais poderão desarraigá-los da pedra fundamental em que estão firmados, pela fé.

“Não obstante, a visão perceptível da luz e do amor de Deus pode, para eles, cobrir-se de nuvens e ficar obscurecida (Sl. 89:31,32; I Co. 11:32), por algum tempo, por causa de incredulidade e das tentações de Satanás. Mesmo assim, Deus continua sendo o mesmo (Mal 3:6), e eles serão guardados pelo poder de Deus, com toda certeza, até a salvação final, quando entrarão no gozo da possessão que lhes foi comprada; pois eles estão gravados nas palmas das mãos do seu Senhor, e os seus nomes estão escritos no livro da vida, desde toda a eternidade.” (Fé para Hoje, p. 36,37).

Uma confissão de fé Batista de 1853 relata as doutrinas dessa maneira:

A PERSEVERANÇA DOS SANTOS. Cremos que as Escrituras ensinam que aqueles que são verdadeiramente regenerados, tendo nascido do Espírito, não cairão nem perecerão finalmente, mas perseverarão até o fim; que seu apego perseverante a Cristo é o grande sinal que os distingue dos pro¬fessos superficiais; que uma Providencia especial vela por seu bem-estar; o que são guardados pelo poder do Deus, mediante a fé, para a salvação. (Ponto número onze da Confissão de Fé de Nova Hampshire, 1853)

A Preservação Prometida

“As promessas de Deus são imutáveis e indisputáveis em todo instante. Porque então devemos duvidar da sua promessa deste assunto da salvação? Quando Deus prometeu passagem segura a Noé e a sua família, ninguém foi perdido. Quando Ele prometeu a vitória ao Gideão e os seus 300, aconteceu como foi prometida. Quando Deus prometeu ajuntar Israel disperso, aconteceu. Quando Deus prometeu que o Seu Filho seria nascido de uma virgem .. Ele foi. Quando Deus prometeu um substituto para os pecadores para arrependidos, o Seu filho tornou-se o Substituto, e deu a Sua vida pelos pecados do Seu povo. Examine a bíblia toda, e verá que nenhuma promessa de Deus falhou.

“Sendo isso verdadeiro, porque Deus falhará em cumprir as Suas promessas acerca da preservação dos Seus santos? Não é Deus o Deus do universo, O Onipotente, O Criador de todas as coisas e O que sustenta tudo pelo poder da Sua palavra? Não tem Este o poder de guardar os que confiam em Cristo?” (Oldham, p. 120,121 - tradução livre).

Esses versículos enfatizam a promessa da preservação de Deus para com os Seus:

Sl. 37:24-28, “ o SENHOR os sustém com a Sua mão .. Eles são preservados para sempre”

Isaías 43:1-7, “não temas, pois, porque estou contigo”.

Isaías 51:6, “a minha salvação durará para sempre”

Mt. 24:24, “se possível fora”

João 3:16,36, “tem a vida eterna”

João 4:14, “nunca terá sede”

João 5:24, “não entrará em condenação”

João 6:37, “ de maneira nenhuma o lançarei fora”

João 10:27-29, “dou-lhes a vida eterna, e nunca hão de perecer, e ninguém as arrebatará da minha mão”

Romanos 8:29,30, “os que dantes conheceu, .. a estes também glorificou”

Romanos 8:35-39, “estou certo de que nem alguma outra criatura nos poderá separar do amor de Deus”

Romanos 11:29, “os dons e a vocação de Deus são sem arrependimento”

I Co. 1:8,9, “vos confirmará até ao fim”; “fiel é Deus .. chamado para a comunhão do Seu filho Jesus Cristo nosso Senhor”

II Ts. 3:3, “mas fiel é o Senhor, que vos confirmará, e guardará do maligno”

I Ts. 5:24, “fiel é o que o chama, o qual também o fará”

I Pe. 1:3-5, “gerou de novo para ... uma herança incorruptível, incontaminável, e que não se pode murchar, guardada nos céus para vós”

I João 5:2, 4,5, “todo o que é nascido de Deus vence o mundo”

Judas 1:24, “poderoso para os guardar de tropeçar, e apresentar-vos irrepreensíveis”

A Preservação Efetuada

A vitória da preservação não está no homem mas está em Cristo (I Co. 15:57, “graças a Deus que nos dá a vitória por nosso Senhor Jesus Cristo” II Co. 2:14, “graças a Deus, que sempre nos faz triunfar em Cristo”; II Co. 12:9, “minha graça te basta”)

Deus opera a sua graça perseverante nos seus filhos com meios divinos. Estes meios são o Espírito Santo, a Palavra de Deus, a oração intercessora de Cristo, a correção, o poder de Deus, o amor de Deus, a graça de Deus, a sabedoria de Deus, a imutabilidade de Deus e as promessas de Deus. Essa graça divina da perseverança que é dada ao Cristão não é baseada em algum esforço da carne mas unicamente na obra expiatória de Cristo, na promessa da Nova Aliança e segundo o propósito eterno de Deus.

Os Meios Que Deus Usa Para Estimular a Perseverança dos Santos e Efetuar a Sua Preservação

O Espírito Santo

Ef. 1:13, 14, “fostes selados com o Espírito Santo da promessa. O qual é o penhor da nossa redenção, para redenção da possessão adquirida, ..” Deus julga o valor do penhor dado para cumprir a Sua promessa. Pelo Espírito Santo ser o próprio Deus, é indiscutivelmente garantida a possessão adquirida: a salvação completa das almas que Cristo comprou pelo Seu sangue.

Gl. 4:6, “Deus enviou aos vossos corações o Espírito de Seu Filho, que clama: Aba Pai.” O Espírito Santo em nós faz que queiramos aproximar-nos do Pai e O agradar mais e mais. Pela presença do Espírito Santo em nós, tanta a nossa preservação quanto a nossa perseverança estão asseguradas (Rm. 8:15,16).

Gl. 5:22 - O Espírito Santo opera em nós o fruto que agrada ao Pai. O Espírito Santo ajuda as nossas fraquezas e intercede pelo santos (Rm. 8:26,27). Deus examina os corações dos Cristãos e vê a obra do Espírito Santo neles. Deus sabe da intenção do Espírito Santo e por isso tudo coopera para o eterno bem daqueles que estão em Cristo Jesus, até a glorificação deles (Rm. 8:28-30).

Fp. 1:6, “aquele que em vós começou a boa obra a aperfeiçoará até ao dia de Jesus Cristo.” Deus, na Sua mente, começou a boa obra. Porém, a intenção de Deus veio a nós pela obra do Espírito Santo manifestando Cristo pelo ministério da Palavra de Deus em nós (Jo. 16:8-14). Por Ele operar em nós, chegamos a querer o que Deus deseja, a fé em Cristo. Pela obra do Espírito Santo, atualmente temos tudo o que é necessário para ser completo todo o desejo de Deus (Fp. 2:13). Não existem dúvida nem falha na obra do Espírito Santo. Por isso, a Sua obra findará com o Cristão aperfeiçoado.

O Espírito Santo é um dos meios que Deus usa para estimular a perseverança dos Cristãos para garantir e efetuar a Sua preservação.

A Palavra de Deus

“A continuidade do Cristão no caminho da piedade é um milagre, e sendo assim, necessita da imediata operação divina.” (A W Pink, Eternal Security, p. 51). A Palavra de Deus é um meio nessa operação divina. As Escrituras nos mostra a responsabilidade da nossa perseverança pelos avisos solenes e os seus mandamentos sérios para que a preservação de Deus seja revelada. A Palavra de Deus nos anima perseverar pelas promessas gloriosas e pelos exemplos dos santos contidos nela para que a Sua preservação dos Santos seja uma realidade.

A Palavra de Deus efetua a Sua vontade em estimular o homem à sua responsabilidade. Atos 27:22-44 é um exemplo como Deus estimula o homem à sua responsabilidade pela Sua divina comunicação. Os homens quiseram, pela sua lógica e emoção, fazer uma atividade. Essa atividade seria prejudicial a eles e não de acordo com a vontade de Deus. Pela Palavra de Deus, os homens foram estimulados às ações que realizaram a vontade de Deus. A promessa da preservação é acoplada a perseverança do Cristão. Pela obediência do Cristão da própria Palavra de Deus, a preservação de Deus é evidenciada pois “todos chegaram à terra a salvo.” Deus usou o aviso solene, o mandamento sério e a promessa gloriosa da Palavra de Deus para que os homens perseverassem em fazer o que era necessário para a sua preservação.

Os Avisos Solenes da Palavra de Deus operam para a nossa perseverança para que a preservação de Deus seja manifesta

Existem avisos solenes na Palavra de Deus que parecem dar margem para a doutrina falsa que diz que o Cristão pode perder a sua salvação. Não são nada mais do que avisos solenes para nos admoestar a perseverar para que a preservação de Deus seja manifesta. Os avisos solenes enfatizam unicamente a respeito da responsabilidade do homem. Agrada a Deus promover a nossa obediência voluntária para que a Sua preservação seja evidente.

Mt. 7:21, “Nem tudo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus.”

Lc. 14:26-33, v. 27, “E qualquer que não levar a sua cruz, e não vier após Mim, não pode ser meu discípulo.”

João 14:23, “Jesus respondeu, e disse: se alguém me ama, guardará a minha palavra, e meu Pai o amará, e viremos para ele, e faremos nele morada.”

Romanos 8:13, “Porque, se viverdes segundo a carne, morrereis; mas, se pelo Espírito mortificardes as obras do corpo, vivereis.”

I Co. 5:5, “Seja entregue a Satanás para destruição da carne, para que o espírito seja salvo no dia do Senhor Jesus.”

Gl. 5:24, “E os que são de Cristo crucificaram a carne com as suas paixões e concupiscências.”

Tito 2:11,12, “Ensinando-nos que, renunciando à impiedade e às concupiscências mundanas, vivamos neste presente século sóbria, e justa e piamente,”

Tiago 2:20, “Mas, ó homem vão, queres tu saber que a fé sem as obras é morta?”

I João 2:4,5,15, “Aquele que diz: Eu conheço-o, e não guarda os Seus mandamentos, é mentiroso, e nele não está a verdade. Mas qualquer que guarda a Sua palavra, o amor de Deus está nele verdadeiramente aperfeiçoado; nisto conhecemos que estamos nEle.” “Não ameis o mundo, nem o que no mundo há. Se alguém ama o mundo, o amor do Pai não está nele.”

I João 3:3, “E qualquer que nele têm esta esperança purifica-se a si mesmo, como também Ele é puro.”

I João 4:15, “Qualquer que confessar que Jesus é o Filho de Deus, Deus está nele, e ele em Deus.”

A Palavra de Deus, pelos seus avisos solenes, é um meio divino que Deus usa para animar a preservação dos Santos para garantir e efetuar a Sua preservação neles.

Os Mandamentos Sérios das Escrituras operam para a nossa perseverança e preservação

Pelo mandamento sérios das Escrituras, os Cristãos são estimulados às ações que operam a vontade de Deus. Pela obediência do Cristão à Palavra de Deus, a preservação de Deus é evidenciada. Deus usa os mandamentos sérios das Escrituras para que os homens façam o que é necessário para a sua preservação. Os mandamentos das Escrituras enfatizam unicamente a responsabilidade do homem. Agrada a Deus promover a nossa obediência voluntária para que a Sua preservação seja evidente.

Mt. 16:24 “Então disse Jesus aos Seus discípulos: se alguém quiser vir após Mim, renuncie-se a si mesmo, tome sobre a sua cruz, e siga-me;”

Romanos 6:12, “Não reine, portanto, o pecado em vosso corpo mortal, para lhe obedecerdes em suas concupiscências;”

Gl. 5:16,25, “Andai em Espírito, e não cumprireis a concupiscência da carne.”, “Se vivemos em Espírito, andemos também em Espírito.”

Fp. 2:12, “assim também operai a vossa salvação com temor e tremor;”

Tiago 2:18, “mostra-me a tua fé sem as tuas obras, e eu te mostrarei a minha fé pelas minhas obras.”

II Pe. 1:5-10, “E vós também, pondo nisto mesmo toda a diligência e, acrescentar à vossa fé a virtude, e à virtude a ciência, e à ciência temperança, e à temperança paciência, e à paciência piedade, e à piedade o amor fraternal, e ao amor fraternal a caridade.”

Judas 1:21, “Conservai-vos a vós mesmo no amor de Deus, esperando a misericórdia de nosso Senhor Jesus Cristo para a vida eterna.”

A Palavra de Deus, pelos seus mandamentos sérios, é um meio divino que Deus eficazmente usa para animar os seus à perseverança e garantir a Sua preservação até o fim.

As Promessas Gloriosas da Palavra de Deus operam para a nossa perseverança e preservação

Pelas promessas gloriosas da palavra de Deus, o Cristão é estimulado a procurar a graça para perseverar até o fim. Tudo isso opera para a glória de Deus. A promessa da preservação é acoplada a perseverança do Cristão. Pelas promessas gloriosas o Cristão é animado para com a sua responsabilidade e a preservação de Deus é evidenciada. Deus usa as promessas gloriosas das Escrituras para que os homens perseverarem no necessário para a sua preservação. Agrada a Deus promover a nossa obediência voluntária para que a Sua preservação seja evidente.

Nestes versículos parece que a preservação é condicional à nossa perseverança. Mas a verdade é: o Cristão é estimulado a buscar a graça de Deus que é suficiente para levar os Seus até o fim.

Mt. 10:22; 24:13, “..mas aquele que preservar até ao fim será salvo.”

Romanos 2:6-10, “O qual recompensará cada um segundo as suas obras; a saber: A vida eterna aos que, com perseverança em fazer bem, procuram glória, honra e incorrupção;” v. 10, “Glória, porém, e honra e paz a qualquer que pratica o bem; primeiramente ao judeu e também não grego;”

Gl. 6:9, “porque a seu tempo ceifaremos, se não houvermos desfalecido.”

Hebreus 3:14, “Porque nos tornamos participantes de Cristo, se retivermos firmemente o princípio da nossa confiança até ao fim.”

Tiago 1:12, “Bem-aventurado o homem que sofre a tentação; porque ele, quando for provado, receberá a coroa da vida, a qual o Senhor tem prometido aos que o amam.”

Apocalipse 2:7, “Ao que vencer, dar-lhe-ei a comer da árvore da vida, que está no meio do paraíso de Deus.

Apocalipse 2:17, “Ao que vencer darei eu a comer do maná escondido ..”

Apocalipse 2:26-28, “e ao que vencer, e guardar até ao fim as minhas obras, eu lhe darei poder sobre as nações,”

Apocalipse 3:21, “Ao que vencer lhe concederei que se assente comigo no meu trono; ..”

Muitas das promessas dão o entender que o fim é condicional ao desempenho do homem. Num sentido espiritual, o fim é condicional aos esforços do homem: do homem novo. O homem velho segue a lei do pecado e não pode agradar a Deus (Rm. 7:18-25). Porém, o homem interior, tem prazer na lei de Deus, e, por ter esse prazer, ele busca a agradar Deus mais e mais até o fim. Entendemos com isso que as promessas alimentem a responsabilidade do homem interior a batalhar com a graça de Deus para ter a vitória final que Deus promete.

A Palavra de Deus, pelas suas promessas gloriosas, é um meio divino que Deus usa para estimular a perseverança do Cristão para garantir e efetuar a Sua preservação neles.

Os Exemplos dos Santos relatados nas Escrituras, operam para a nossa preservação

Mesmo que não estejamos no tempo do Velho Testamento, ou com a Lei de Moisés sobre nós, os exemplos daqueles que serviram aquele Deus que nunca muda, procurando a Sua graça para ficar firmes na obediência, podem muito em nos estimular à nossa perseverança. Com a nossa perseverança estimulada, a graça da preservação será manifesta.

Quando o nosso caminho for espinhoso e é evidente a fraqueza da nossa carne, podemos lembrar que os antigos alcançaram testemunho pela fé (Hb. 11). Em diversas situações de perseguições familiares, satânicas, e políticas a graça de Deus foi suficiente para eles. As suas perseguições vieram de gigantes e de reis pagãos mas não foram maiores do que o único e verdadeiro Deus. As suas aflições vieram do ódio, do engano, do fogo e dos animais selvagens provocados pelos seus inimigos. A graça de Deus foi suficiente para que todos estes alcançaram testemunho. Eles foram estimulados a vencer reinos, praticar justiça e alcançar promessas. Pelo poder de Deus, tiraram forças da fraqueza e puseram em fuga os exércitos dos estranhos. As mulheres foram guiadas com sabedoria e os perseguidos não dobraram na hora de grande aflição. O poder e a graça de Deus que deu a vitória em vida a estes santos é a mesma para hoje pois Deus não muda (Mal 3:6; Tg. 1:17). Sabendo que Deus não muda e entendendo que temos uma tão grande nuvem de testemunhas vitoriosas, somos exortados a deixarmos todo o embaraço e o pecado que tão perto de nós rodeia para perseverarmos na carreira que nos está proposta (Hb. 12:1-3).

Estes exemplos do Velho Testamento foram escritos para que conheçamos a consolação das Escrituras e que tenhamos esperança (Rm. 15:4). Nas horas da nossa aflição, quando lembramo-nos do que é relatado sobre a graça de Deus que capacitou estes a alcançarem o testemunho, somos estimulados a buscar a mesma graça para podermos alcançar o mesmo testemunho virtuoso.

Quando o Cristão é tentado a si entregar e culpar Deus de injustiça pelas situações amargosas, somos ajudados a perseverar na fé por lembrar da graça de Deus na vida de Jó. Pelo seu exemplo aprendemos que Deus é justo e merecedor de confiança total apesar das aparências (Jó 2:10, “receberemos o bem de Deus, e não receberíamos o mal?”). Aprendemos pela sua vida também que Deus abençoa ricamente os que perseveram na fé. Contemplando esse exemplo da soberania e misericórdia de Deus, somos consolados a termos paciência com esperança.

Quando vier a traição dos amigos e a morte, é proveitoso lembrar do exemplo de Cristo (Jo. 16:33; Hb. 12:1-3; I Pe. 2:21-25). Cristo venceu a morte, o mal e as contradições de pecadores com o poder de Deus nele. Portanto, quando consideramos o exemplo dEle, teremos bom ânimo para perseverarmos pelo mesmo poder. As obras de Cristo foram escritas para o nosso proveito para que creiamos que Ele é o Cristo, o Filho de Deus, e crendo, termos o que é necessário perseverar até aquela vida eterna dada em seu nome (Jo. 20:31).

Quando existe forte oposição social a nossa mensagem, o exemplo de Estêvão é animador. Aquela mesma graça de Deus que fez Estevão ser ousado a pregar a verdade em face de grande oposição, e morrer com uma vitória (At. 7:1-60) é a mesma que pode nos aperfeiçoar a sermos fiéis na vontade de Deus.

Quando temos limitações físicas, podemos lembrar das limitações que atrapalharam a vida de Paulo, impedindo-o em várias maneiras. Neste exemplo entendemos a ocasião da graça suficiente de Deus. Somos também animados de alegremente nos perseverar até o fim regozijando-nos da providência perfeita de Deus (II Co. 12:7-9).

Se tivermos anos de aflição, é edificante lembrar-nos do exemplo do apóstolo João. Mesmo que ele foi perseguido e exilado por anos na ilha de Patmos, ele não foi desamparado por Deus. Mesmo no exilo ele foi visitado por Deus (Ap. 1:9,10). Pela força desta revelação divina temos uma profecia muito abençoada (Ap. 1:3). A presença do Senhor com este discípulo obediente é a mesma presença abençoadora que está com os obedientes hoje (Hb. 13:5). Sendo confiantes de tal presença somos estimulados a não temermos as aflições e continuarmos a avançar na fé.

Pelo exemplo da vitória de Cristo e pelo exemplo dos santos na Bíblia, somos provocados a perseverarmos na fé. Nessa perseverança, a preservação de Deus é manifestada. Em tudo isso, aprendemos como a Palavra de Deus é usada para o nosso bem espiritual e para a glória de Deus.

Se olharmos somente para os desafios que vem a nós, sem lembrarmos do poder de Deus, nem dos Seus mandamentos, seremos tomados pelo medo e pelo tremor ao ponto de desistir de avançar na vida Cristã (Nm. 13:28-33). Na hora do aperto é melhor lembrar da vitória prometida, o Deus que nos deu responsabilidades sérias e dos exemplos da Sua graça que foi suficiente para todos os seus servos verdadeiros. Assim perseveraremos até o fim e a preservação de Deus para com os Seus será manifestada para a Sua glória.

A Palavra de Deus, pelos exemplos dos santos, é um meio que Deus usa para garantir e efetuar a preservação dos Seus.

A Oração Intercessora De Cristo

A confiança na oração é tida quando oramos segundo a vontade de Deus (I Jo. 5:14,15). Jesus tinha esta confiança na oração. Ele sábia que o Pai sempre O ouvia (Jo. 11:42, “Eu bem sei que sempre me ouves ..”). Portanto, quando Jesus ora pelos quais o Pai lhe deu que “sejam um” (Jo. 17:11), que “tenham a alegria de Cristo completa neles” (Jo. 17:13), que sejam santificados pela verdade (Jo. 17:17), que estejam com Ele aonde quer que estiver para que vejam a glória dEle (Jo. 17:24), Ele pediu com confiança. Ele sabia que o Pai O ouvia. As petições de Cristo diante do Seu Pai só podem ser respondidas com todos os Seus com Ele e vendo a Sua glória para todo o sempre. Portanto a oração intercessora de Cristo é um poderoso meio que Deus usa para preservar os Seus até o fim.

“A oração feita por um justo pode muito em seu efeito” (Tg. 5:16). Quem está orando para os próprios Cristãos verdadeiros é Cristo. Este é “Aquele que morreu, ou antes, Quem ressuscitou dentre os mortos, O qual está à direita de Deus, e também intercede” pelos Seus (Rm. 8:34). Portanto a oração deste Justo pode muito em seu efeito.

Aquele que faz a vontade do Pai é aceito por Deus (Mt. 7:21; Sl. 34:15,17). Sendo Cristo obediente em tudo (Jo. 17:4; Fp. 2:8), a Sua pessoa, junto com a Sua oração pelos seus, são verdadeiramente aceitas por Deus.

Quando Jesus rogou por Pedro para que Satanás não destruísse a sua utilidade no reino de Deus, Jesus estava confiante que o Pai o atenderia. Por isso ele aconselhou Pedro: “quando te converterdes, confirma teus irmãos” (Lc. 22:31,32). Cristo orava com confiança. Os dons e a vocação de Deus na vida de Pedro eram sem arrependimento (Rm. 11:28, 29) pois Cristo rogou por ele. Por Cristo rogar por nós, os dons e a vocação de Deus na nossa vida serão sem nenhum arrependimento da parte de Deus também. Os verdadeiros Cristãos serão fiéis também, mesmo que caem às vezes, pois Cristo fez toda a obra por eles, e, Ele intercede por Seus diante do Pai perfeitamente (Rm. 8:34; Hb. 7:25; 9:24-26). Nessas verdades e exemplos entendemos que a oração intercessora de Cristo é um meio qual Deus usa para garantir e efetuar a preservação dos Seus.

A Correção do Senhor

A perseverança é um assunto que segue a realização da salvação, ou seja, a perseverança é um assunto somente para os que já são feitos filhos de Deus. Sendo filhos, existe o aperfeiçoamento na santificação até a glorificação. Uma atividade neste caminho é a correção do Pai para com Seus filhos. “que filho há quem o pai não corrija?” (Hb. 12:7)

O propósito da correção que vem ao Cristão enquanto ele trilha este caminho terrestre é para seu aperfeiçoamento (Fp. 1:6); a sua santificação (Hb. 12:10, “para sermos participantes da Sua santidade”); a produção nele do fruto pacífico de justiça (Hb. 12:11), e para o seu bem, ou seja, para ele não ser condenado com o mundo (I Co. 11:32). Pela correção ser como a correção de pai ao filho, ou seja, para corrigir e não para condenar ou destruir, ela é um meio eficaz que Deus usa para levar os Seus a perseverar até o fim.

Essa correção saudável vem pela Palavra de Deus (Ef. 5:26; II Tm. 3:16,17), a obra da igreja e a obra dos seus oficiais (Ef. 4:12; Hb. 10:24,25), e pelas circunstâncias da vida, tanto física quanto espiritual (II Co. 12:7; Rm. 8:28). Essa correção é tida como sendo “a correção do Senhor” (Hb. 12:5,6; Pv. 3:11,12). Portanto essa correção é sábia, justa e eficaz (Rm. 11:35,36). Por Cristo corrigir os santos corretamente, a preservação deles até o fim é assegurada (Ap. 3:19). Pela correção de Deus trazer o Cristão a maior fidelidade, o livro de Jó declara: “Eis que bem-aventurado é o homem a quem Deus repreende.” (Jó 5:17).

Portanto não despreze a correção do Senhor, mas, contrariamente, torne a levantar as mãos cansadas, e os joelhos desconjuntados e ande corretamente na santificação. É dessa maneira que a preservação eficaz do Senhor será manifestada (Hb. 12:12-14).

O Poder De Deus

O poder de Deus não é dependente na fidelidade do homem, mas, contrariamente, a fidelidade do homem é dependente do poder de Deus (Fp. 4:13, “Posso todas as coisas em Cristo que me fortalece.”; Gl. 2:20, “.. e a vida que agora vivo na carne, vivo-a na fé do Filho de Deus ..”). Por ser um Cristão não quer dizer que não é mais um vaso de barro (II Co. 4:7; Rm. 7:18, “eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem algum”) e um incapacitado na sua própria força (Rm. 7:24, “Miserável homem que eu sou!”. É Deus que capacita os Seus com o Seu poder (II Co. 3:5; I Co. 1:26-31). Portanto, este poder de Deus é o mesmo que Deus implementa para preservar os Seus até o fim.

O que Deus quer, Ele faz (Sl. 115:3; 135:6), e ninguém pode impedir a Sua mão de fazer o Seu eterno desejo (Dn. 4:35). A vontade expressa de Deus por Cristo é que os que foram dados a Ele estejam onde Ele está eternamente (Jo. 17:24). Deus quer que os que crêem em Cristo tenham uma vida eterna (Jo. 3:16). Por Deus poder fazer tudo que quer, os em Cristo nunca hão de perecer, e ninguém os arrebatará da mão de Cristo ou do Pai, que é maior de que todos (Jo. 10:28,29). É o poder de Deus que cumpre o Seu desejo para com os Seus assim garantindo a preservação deles até o fim.

O mesmo Deus que disse que das trevas resplandecesse a luz, é quem resplandeceu em nossos corações para iluminação do conhecimento da glória de Deus, na face de Jesus Cristo (II Co. 4:6). O mesmo Deus que sustenta todas as coisas criadas na terra e no céu pela palavra do Seu poder (Hb. 1:3) é quem aperfeiçoa aquela boa obra espiritual começada por Ele no Cristão. Essa obra será aperfeiçoada até ao dia de Jesus Cristo (Fp. 1:6). Nisso entendemos o poder de Deus sempre preserva o Seu filho.

Mesmo a carne cobiçando contra o Espírito, e estes opondo-se um ao outro (Gl. 5:17), e, mesmo o Satanás e as hostes de maldade nos lugares celestiais lutando contra o Cristão (Ef. 6:12; I Pe. 5:8), o Cristão possui O maior poder (I Jo. 4:4). Esse poder de Deus faz com que ele pode resistir os ataques de Satanás ao ponto que o velho inimigo foge (Tg. 4:7). Pelo poder de Deus, o Cristão não será separado do amor de Cristo, mas será mais do que um vencedor. Ele é mais do que um vencedor pois ele não somente triunfa sobre Satanás no último dia (Ap. 17:14), mas ele também cresce espiritualmente pela tribulação, a angústia, a perseguição e, a fome, a nudez, o perigo e pela espada que vem na sua vida (Rm. 8:35-39; Tg. 1:2-4). Pelo poder de Deus o Cristão persevera na obediência e é preservado.

O relatório bíblico dos santos revela como o poder de Deus é eficaz tanto estimulando a perseverança na obediência quanto a sua preservação até o fim. Mesmo sendo sozinhos e fracos, Noé e os seus entraram na arca e foram preservados (Gn. 7:13; 8:18). Podemos também mencionar a vitória no meio da oposição nas vidas de Jó (Jó 1:9-11), Josué (Zc 3:1), Davi (I Cr. 21:1), Daniel (Dn. 6:4), Pedro (Lc. 22:31) e Paulo (I Ts. 2:15). Nenhum destes se acharam fortes na carne e foram todos fortemente perseguidos, mas foram todos levados à fidelidade pelo poder de Deus. Nisso entendemos que o poder de Deus é um meio usado por Ele para garantir e efetuar a preservação dos Seus.

Portanto, não confie em qualquer força da carne nem das suas filosofias, mas descansa no poder de Deus de completar o que Ele mesmo começou (Fp. 1:6) enquanto procura ser obediente em toda a boa obra (Ef. 2:10). Deus nos preserva para perseverarmos na obediência.

O Amor De Deus

Uma das causas da nossa salvação é o amor de Deus (II Co. 8:9; I Jo. 4:19). Este é um amor especial que faz parte da presciência de Deus (Jr. 31:3; I Pe. 1:2). O amor particular de Deus, de primeira mão, traz os pecadores à salvação (Dt. 7:7-9; Rm. 9:9-16; I Jo. 4:19). O salvo, porém, nunca é perfeito enquanto trilha na carne nessa terra. O pecado que habita na sua carne (Rm. 7:18,23) cobiça contra o novo homem, aquele homem espiritual que tem prazer na lei de Deus, que nasceu dEle na hora da regeneração (Gl. 5:17). Pelo Cristão ter o pecado na carne, ele não é perfeito, não faz tudo o que deseja para agradar a Deus (Rm. 7:19-21). Mas, mesmo que os erros e fraquezas trazem a correção, que por sua vez conformam o Cristão mais e mais na imagem de Cristo (Hb. 12:5-12), a benignidade de Deus não é retirado totalmente do filho (Sl. 89:30-33). Este amor especial de Deus que começou a salvação, é instrumental na preservação dos salvos até o fim, pois não há possibilidade de existir nada mais poderoso do que este amor (Rm. 8:35-39). Somos vencedores por Aquele que nos amou!

Devemos lembrar que o amor de Deus é eterno (Jr. 31:3), como Deus o é. Sendo eterno, não tem começo, nem tem fim! Nessa verdade podemos entender que o amor de Deus é um meio que Ele usa para garantir e efetuar a preservação dos Seus. O amor de Deus pode ser manifestado em um menor grau por um determinado período que ele é revelado em outras ocasiões, mas isso não quer dizer que a natureza do próprio amor ou a sua perpetuidade são diminuídas. Este amor continua eterno apesar das fraquezas dos salvos. As próprias fraquezas do Cristão, o faz sentir envergonhado e miserável (Rm. 7:24), mesmo assim provocam o Cristão a amar e a servir mais a Deus, o Salvador, até o fim (Lc. 7:40-43; Rm. 5:3-5; I Pe. 1:6-9). Pela certeza do amor de Deus continuar até o fim, Paulo poderia despedir a igreja em Corinto com uma benção, uma igreja por sinal que tinha a sua própria porção de erros graves. Essa benção incluía o amor de Deus estando com todos eles (II Co. 13:14). Nisso entendemos que o amor de Deus é um meio pelo qual o Cristão é provocado a perseverar até o fim e pelo qual ele é preservado na fé.

O amor de Deus pelos Seus é igual aquele amor que Deus tem para com Cristo (Jo. 17:23). Tão inseparável, eterno, imutável o amor de Deus Pai para com Deus Filho, é o amor de Deus para com os que são feitos filhos de Deus por Jesus Cristo! A preservação é entendida pelo fato que este amor garante que nenhum destes será perdido (Jo. 10:27,28; 13:1). A perseverança é entendida pelo fato que este amor incentiva os filhos a amarem o Salvador até à hora em que eles serão glorificados (Gl. 4:4-6; Rm. 8:15-17).

Tão importante a presença do Espírito Santo, a utilidade da palavra de Deus, a oração intercessora de Cristo, a correção e o poder de Deus na perseverança e a preservação dos Santos é o amor de Deus para o com os Seus.

Que tal amor imenso traz os pecadores a se renderem ao Salvador hoje mesmo é a nossa oração. Que tal amor de Deus também incentiva os Seus à conformidade mais e mais na imagem de Cristo. Somos devedores do amor de Deus que excede todo o entendimento.

A Graça de Deus

A graça de Deus é uma ação gloriosa ou maneira gloriosa em geral. Mais precisamente é a influência divina sobre o coração e a sua manifestação em vida. Essa influência pode ser literal, figurativa ou espiritual (Strong’s, # 5485).

A mesma ação gloriosa e influência divina que superabunda onde o pecado abunda para fazer o pecador arrependido idôneo para participar da herança do santos na luz (Rm. 5:20; Cl. 1:12) é a mesma maneira gloriosa de Deus sobre o Cristão que o estimula a andar digno da vocação a qual foi chamado (Ef. 4:1). A graça trouxe a implantação da semente incorruptível na alma do Cristão ao ponto que esta nova natureza não pode pecar (I Jo. 3:9; 5:18) e tem prazer na lei de Deus (Rm. 7:22). Mesmo enfrentando limitações físicas e oposições espirituais, essa influência divina basta (II Co. 12:9). Essa graça basta no sentido que ela é mais forte que qualquer oposição contra o Cristão ou qualquer operação contra a vontade de Deus. A graça de Deus é suficiente, ela nos contenta plenamente (Jo. 14:8, Strong’s, # 714). É por ela que o Cristão persevera até o fim.

Quando considera a natureza do pecado com a sua enganosa inimizade contra Deus (Rm. 8:6-8), a sua concupiscência mundana (I Jo. 2:16), a sua incapacidade e ignorância espiritual (I Co. 2:14) e a sua longevidade (Rm. 7:21, “quando quero fazer o bem, o mal está comigo”), pelo Cristão resistir este pecado continuamente e sendo perseverante na obediência é testemunho como essa graça de Deus é suficientemente eficaz na preservação dos Seus santos no caminho da retidão (I Co. 15:10; Is. 26:12). Verdadeiramente a ação preciosa vinda de Deus sobre o coração é eficazmente suficiente (Sl. 119:117, “Sustenta-me, e serei salvo”).

Aquele que confia no seu próprio coração é insensato (Pv. 28:26) pois este está confiando meramente num braço de carne (II Cr. 32:8). Porém, aquele que espera no Senhor, conhecerá a contínua influência divina sobre a sua visa e renovará as suas forças ao ponto de não desfalecer mas ser fiel até o fim (Is. 40:28-31).

Existem muitas provações na vida do Cristão (Js. 2:20-23; Rm. 5:3-5; Tg. 1:2-4) que vem para nossa correção (Hb. 12:5-11), o nosso bem (Rm. 8:28) e para a glória de Deus (Rm. 11:36; Jo. 9:1-3). Todavia pela graça que basta (II Co. 4:15-18), o Cristão é mais do que vencedor (Rm. 8:37). No meio de todas as aflições, Deus não desvia a Sua misericórdia e com a Sua influência opera para que não sejam abalados os pés do Seu povo, ou seja, a graça fortalece o Cristão na tribulação (Sl. 66:8-12,20). Pela Sua obra, o coração do Cristão é consolado e confirmado ao ponto de ser ativo em toda a boa palavra e obra perseverante (II Ts. 2:16,17). Pela obra de Deus, pela graça que basta, o Cristão é aperfeiçoado em toda a boa obra continuando naquilo que é agradável a Deus até o fim (Hb. 13:20,21). A graça é nos dada como ferramenta na nossa vida Cristã, mas, precisamos da Sua graça para usá-la (Pink, Gleanings from Paul, p. 409).

A graça de Deus é suficiente na sua natureza, mas o Cristão precisa crescer nesta graça na sua vida diária (II Pe. 1:5-7, “acrescentai à vossa fé a virtude .. ciência .. temperança .. paciência .. piedade .. amor fraternal”; 3:18, “Antes crescei na graça”; Cl. 1:10, “frutificando em toda a boa obra e crescendo no conhecimento de Deus” ). O Cristão cresce na graça por exercitar-se na obediência da Palavra de Deus. Uma destas atividades espirituais é a oração. Cristo achou necessário orar pela preservação do Seu povo (Jo. 17:11,15-17). Paulo achou conveniente orar pelos Cristãos Tessalonicenses para que crescessem na graça em toda a boa obra de fé com poder (II Ts. 1:11,12). Podemos também achar proveitoso em orar por nós mesmos e pelos outros Cristãos para que frutifiquemos em toda a boa obra,. Este fruto vem quando abundamos com toda suficiência (graça) em toda a boa obra de fé (II Co. 9:8). Nessa perseverança crescente a graça de Deus para nos preservar é manifesta (I Co. 15:10, “todavia não eu, mas a graça de Deus que está comigo”).

Pela graça de Deus ser um instrumento que vivifica e salva o Cristão (Ef. 2:8,9), aperfeiçoando-o pelas tribulações, para operar naquilo que é agradável a Deus por Jesus Cristo, entendemos que a preservação dos santos é uma conseqüência lógica das perfeições divinas (Pink, Eternal Security, p. 51).

Reconhecendo que têm sido derramadas sobre nós tais bênçãos eficazes (Lm. 3:22, “As misericórdias do SENHOR são a causa de não sermos consumidos”), somos estimulados a procurarmos essa graça suficiente para sermos fortes na perseverança da nossa responsabilidade segundo a eficácia que opera em nós poderosamente (Cl. 1:27-29).

A Sabedoria de Deus

Isaías 40:28, “Não sabes, não ouvistes que o eterno Deus, o SENHOR, o Criador dos fins da terra, nem se cansa, nem se fatiga? É inescrutável o seu entendimento.” O Dicionário Aurélio Eletrônico define a palavra inescrutável como sendo insondável ou impenetrável. A palavra hebraica traduzida para inescrutável significa algo que não sustenta investigação (#2714, Strong’s). A sabedoria de Deus é imensa, além do poder de ser enquadrado em qualquer relatório de fatos. Não podem ser conhecidas as suas medidas. A Palavra de Deus, com outras referências, menciona essa mesma verdade usando expressões como “Ó profundidade das riquezas tanto da sabedoria, como da ciência de Deus! Quão insondáveis são os seus juízos, e quão inescrutáveis são os seus caminhos! Porque, quem compreendeu a mente do Senhor? ou quem foi Seu conselheiro?”, (Rm. 11:33,34; Jó 9:10); “Como as alturas dos céus é a sua sabedoria .. é mais profunda do que o inferno .. mais comprida é a sua medida do que a terra, e mais larga do que o Mc.”, (Jó 11:7-9); “o Seu entendimento é infinito” (Sl. 147:5); “a loucura de Deus é mais sábia do que os homens” (I Co. 1:25); “Para que agora, pela igreja, a multiforme sabedoria de Deus seja conhecida”, (Ef. 3:10) e “ao único Deus sábio” (I Tm. 1:17). Sem dúvida nenhuma podemos ficar contentes por que a sabedoria de Deus é um meio eficaz para nos perseverar até o fim das nossas responsabilidades e pela qual somos preservados eternamente.

Podemos entender como essa sabedoria infinita é um meio para garantir a preservação dos santos e a perseverança deles quando entendemos que o homem sábio não apenas tem um excelente objetivo desejado mas juntamente com o desejo prepara tudo o que é necessário para obter tal alvo. Deus não será como o homem que começou a edificar algo, mas, por falta de conselhos e capacidades, deixa de cumprir o seu desejo. Contrariamente, Deus é como o sábio rei que assenta primeiro e toma conselho para saber do que ele precisa para vencer aquele que vem contra ele (Lc. 14:28-32). E Deus sabe dos ardis daquele que vem contra Ele. Sem dúvida Deus sabia da cruz que Cristo tinha de levar para ser o substituto da condenação dos pecados de todos os Seus. A sabedoria de Deus considerou a fragilidade da carne, do ódio que as trevas têm contra a luz, dos ataques e dos dardos inflamados de Satanás e que os justos seriam poucos entre muitos injustos. Sabendo de tudo, Deus providenciou tudo o que é necessário para atingir o Seu alvo grandiosamente para ter todos os Seus com a vitória com Ele eternamente. A sabedoria de Deus garante isso.

Na menção da realização de uma obra divina na Bíblia, freqüentemente tal obra é associada com aquela sabedoria e poder necessários para sustentar essa obra (Hb. 1:2,3, “fez .. sustentando”; Nm. 23:19). No assunto da salvação, a sabedoria de Deus é vista não somente no fato que nos dá vida, mas que nos guarda para que nunca pereçamos (Jo. 10:28, “dou-lhes a vida eterna, e ninguém arrebatará da minha mão”; I Pe. 1:3,5, “nos gerou de novo para uma viva esperança .. guardados na virtude de Deus para a salvação”; Judas 1:1, “santificados em Deus Pai, e conservados por Jesus Cristo”). Então entendemos aquela ciência de Deus que é mais alto do que os céus, faz que a obra iniciada por Deus na nossa salvação é seguramente aperfeiçoada ao dia de Jesus Cristo (Fp. 1:6).

A sabedoria de Deus na salvação é manifestada em que Ele escolheu a loucura da pregação para salvar os crentes (I Co. 1:17-21). O entendimento infinito de Deus é visto em que Ele usa as coisas loucas, fracas, vis, desprezíveis, e as que não são para operar Sua grande obra em nós e no mundo para Sua glória (I Co. 1:26-31). A Sua força é manifestada em nossa fraqueza fazendo os loucos, fracos, vis, desprezíveis, e os que não são, mais do que vencedores (I Co. 12:9; Rm. 8:35-37). Pelos juízos de Deus serem impenetráveis, a Sua obra foi, é e será completa. As portas do inferno não prevaleceram, não prevalecem e não prevalecerão contra os Seus objetivos (Mt. 16:18). A sabedoria de Deus garante isso.

Pela Sua sabedoria Deus deu aos Seus tanto o desejo quanto a capacidade de fazer toda da sua santa vontade (Fp. 2:13). Pelo Seu inescrutável entendimento, temos O Salvador exaltado que intercede por nós por quem olhamos tanto como o autor da nossa fé quanto o consumador dela (Hb. 12:2). Pelos sublimes conselhos de Deus, O Espírito Santo nos guia em toda a verdade (Jo. 14:26;15:26) e intercede por nós ajudando-nos com as nossas fraquezas (Rm. 8:26). Por Deus saber das nossas lutas Ele sabiamente nos deu As Escrituras puras e perfeitas para que tenhamos avisos solenes, mandamento sérios, promessas gloriosas e exemplos dos santos para nos animar a perseverarmos até o fim (Pv. 30:6). Pelos insondáveis conselhos de Deus o Cristão tem toda a armadura de Deus com a qual pode resistir a Satanás e ter a vitória completa (Sl. 34:19; Ef. 6:12-20). Pelo Seu insondável conselho, Deus tem limitado as tentações que vem na vida Cristã para que elas não sejam mais do que pode suportar (I Co. 10:13). Pela Sua infinita ciência, Deus nos deu a igreja e os seus devidos ministrantes para nos aperfeiçoar até crescermos em tudo como Cristo (Ef. 4:11-16). Pelos juízos impenetráveis Deus nos deu a oração eficaz pela qual chegamos a Deus e achamos a Sua graça em tempo oportuno (Hb. 4:14-16; Tg. 5:16). Pelos caminhos sábios de Deus que são além de medida, os pobres de espírito têm o reino dos céus, os que choram são consolados, os mansos herdam a terra, os que têm fome e sede de justiça são fartos, os misericordiosos alcançam a misericórdia, os limpos de coração vêem a Deus, os pacificadores são chamados filhos de Deus e os perseguidos por causa da justiça têm um grande galardão nos céus (Mt. 5:3-12). Portanto concluímos que os Seus não são somente preservados mas capacitados a perseverarem até o fim. Pela sabedoria de Deus, tudo coopera para o bem (Rm. 8:28,29).

Sabendo destas verdades não devemos andar ignorantes ou esquecidos. De outra maneira seríamos repreendidos por Cristo como foram os discípulos quando não tinham o pão suficiente e eles duvidaram da providência de Deus (Mc. 8:17-21).

A Imutabilidade de Deus

A imutabilidade de Deus é uma doutrina bem estabelecida pelas Escrituras (Sl. 102:25-27; Hb. 13:8; Tg. 1:17). A imutabilidade de Deus é ligada aos Seus outros atributos. A sua perfeição e eternidade fazem com que a Sua imutabilidade seja tanto uma necessidade quanto uma realidade. Se Deus é perfeito, ele não pode mudar para melhor. Se Deus é eternamente perfeito, é certo que não pode mudar para o pior. Assim entendemos a Sua imutabilidade. Quaisquer doutrinas que ofendem esses atributos de Deus devem ser mal vistas e tratadas como falsas. Não somente o ser de Deus não muda como também não muda o Seu decreto (Sl. 148:6; Mc. 13:31, “Passará o céu e a terra, mas as minhas palavras não passarão.”).

Aplicando essa perfeição de Deus à salvação faz a doutrina da soteriologia ter valor e conforto. Deus não só planejou salvar o pecador arrependido mas também é firme e constante neste propósito. Sabemos que Deus faz o que Ele quer (Sl. 115:3; 135:6). Este plano é reforçado pelo fato que nem o desejo nem o poder de Deus podem mudar. Deus sempre terá o Seu amor para com os Seus e o Seu poder será sempre exercitado para o eterno bem deles. O homem muda os seus valores, o seu amor enfraquece, e a sua fidelidade é falha. Todavia, Deus não muda. Por causa da Sua imutabilidade, Deus não muda o Seu amor e plano pelos Seus, mesmo que os objetos (os salvos) do Seu amor falham (Ml. 3:6). Por Deus não mudar, o desejo para que os Seus adquirissem a salvação, é cumprido (I Ts. 5:9; Fp. 1:6). Deus faz tudo o que Ele quer até em respeito a salvação do homem (Jó 23:13, “Mas, se Ele resolveu alguma coisa, quem então O desviará? O que a Sua alma quiser, isso fará”; Is. 14:24, “O SENHOR dos Exércitos jurou, dizendo: Como pensei, assim sucederá, e como determinei, assim se efetuará.”). A nossa salvação é tão segura quanto a imutabilidade do desejo de Deus para com os Seus.

É horroroso pensar como seria se Deus não fosse imutável. Se o cristão não fosse estimulado para perseverar no caminho da retidão pelos meios que já estudamos, e, se o cristão não fosse preservado pela eterna virtude de Deus, aquele a quem Deus eternamente amou, por quem foi ao céu preparar um lugar no céu, por quem enviou Seu Filho unigênito para o substituir na cruz, para quem trouxe o Filho de volta dos mortos e O exaltou nas alturas e por qual eternamente intercede, este eleito, em vez de ser preservado, cairia e tornaria a ser o objeto do ódio de Deus e seria separado dEle no inferno para todo o sempre. Mas, felizmente, os dons e a vocação de Deus são sem arrependimento (Rm. 11:29). Verdadeiramente, o que a Sua vontade quer, a Sua imutabilidade pedirá. A nossa perseverança na fé e a preservação dos Seus nela são asseguradas pela Sua imutabilidade.

Às vezes, parece que Deus muda o Seu tratamento e é infiel às Suas promessas. Todavia, pesquisando o assunto mais de perto, entendemos que é o homem infiel e não Deus. Deus sempre abençoa a retidão e pune a desobediência. Se o homem obediente torna-se desobediente, Deus é fiel em tratá-lo conforme as suas obras. Todavia, para com o cristão, esse tratamento condicional é aplicado somente no aspecto dos seus galardões e nunca no aspecto da sua salvação eterna. Mesmo que, por desobediência grosseira, o corpo seja entregue a satanás, a alma do Cristão será preservada pela obra de Cristo (I Co. 5:5; II Tm. 2:13, “Se formos infiéis, Ele permanece fiel; não pode negar-se a si mesmo.”). A salvação, passada, presente ou futura, nunca baseia-se na obra do homem, mas na pessoa fiel e imutável de Cristo. Os que conhecem Deus por Cristo podem testemunhar como Josué que tudo que foi prometido, veio a ser cumprido (Js. 23:14). Por Deus ser imutável tudo prometido é “sim e amem” por Cristo (II Co. 1:20). Quem na Bíblia poderia testemunhar que Deus mudou os Seus princípios ou vontade?

Por Deus ser imutável, também as nossas responsabilidades de perseverar na fé não mudam. Ele deseja que sempre sejamos obedientes, puros, amáveis e fielmente crescidos na graça e conhecimento de Cristo (I Pe. 2:2; II Pe. 3:18). Temos uma eterna obrigação em perseverar naquela fé que uma vez foi dada aos santos (Jd. 1:3). Por Deus ser imutável, Ele é fiel em nos preservar. Sempre temos a graça disponível para nos ajudar em tempo oportuno e é constante a presença da Sua mão para nos guardar de tropeçar (Hb. 4:15,16; Jd. 1:24,25; Jo. 10:27-29; I Ts. 5:25). Pela imutabilidade de Deus, a nossa perseverança é sempre pedida e a nossa preservação é sempre assegurada.

A salvação que você diz que possui tem essa qualidade de te incentivar a crescer na santidade junto com o conforto de ser guardado eternamente por seu Salvador? Se não tiver, venha arrependendo dos seus pecados e creia em Cristo pela fé. Deus não mudou. Ele ainda quer que todos os oprimidos pelo pecado venham a Ele por Cristo. E os que vêm a Ele por Cristo de maneira nenhuma serão lançados fora por Ele (Jo. 6:38). Se já tem essa salvação, louve a Deus pelo Seu amor eterno que te faz participante de um reino eterno e procura a Sua graça eterna que te capacita à santidade crescente. E que Deus seja exaltado por Cristo em tudo disso.

As Promessas de Deus

As promessas de Deus reveladas pela Sua Palavra são as promessas que o Pai fez com Cristo Jesus na eternidade para com aqueles que Ele amou eternamente (Hb. 10:7). Essas promessas foram nos dada a conhecer pela Palavra de Deus para que o cristão saiba das suas responsabilidades para com a sua perseverança. Também elas são o meio que sabemos que a preservação divina não falhará. Essas promessas são tidas como “grandíssimas e preciosas” pelos quais somos feitos participantes da natureza divina (II Pe. 1:4).

As promessas de Deus para com o Cristão estão asseguradas por Cristo. Todas as promessas de Deus são “nEle sim, e por Ele o Amém, para a glória de Deus por nós” (II Co. 1:20). As promessas de Deus de preservar os Seus para sempre (Sl. 37:28), de estar com eles mesmo pelo vale da sombra da morte (Sl. 23:4), de estar ao redor destes para a sua proteção (Sl. 125:1,2), guiando e sustentando com a Sua mão direita até o dia de os receberem em glória (Sl. 73:23,24) são asseguradas “sim, sim” pelo grande Amem, Cristo Jesus. Não é a lei (Gl. 3:18) nem as obras de homem nascido de mulher (Ef. 2:8,9) que confirma isso, mas o próprio Cristo. Cristo é a Nossa Paz (Ef. 2:14; Sl. 85:10). Tendo paz com Deus por Cristo não há mais condenação (Rm. 8:1), e, sem a condenação, não há nada que impedirá as promessas de Deus serem cumpridas para aquele lavado no sangue de Cristo. As promessas de Deus asseguram a preservação dos Seus e estimulam a perseverança na fé pelos Seus.

As promessas de Deus para com o cristão são asseguradas pela verdade e firmeza de Deus. A verdade e a firmeza andam juntos nas Escrituras (Is. 25:1). Por Deus prometer algo, a verdade dEle garante a confiança que a promessa será cumprida. Não temos a promessa de que seremos confirmados até o fim em Cristo sem logo termos a afirmação que Deus é fiel (I Co. 1:8,9). Pela fidelidade de Deus, é firme a nossa confiança que não virá a nós nenhuma tentação forte demais sem um escape pelo qual possamos suportar a tentação (I Co. 10:13). Temos a promessa que os justificados serão glorificados (Rm. 8:29,30), e a firmeza dessa promessa é a própria fidelidade de Deus (I Ts. 5:23,24; II Ts. 3:3). As promessas de Deus nos asseguram tanto a Sua preservação quanto estimulam a nossa perseverança para com Ele (Hb. 10:23, “Retenhamos firmes a confissão da nossa esperança; porque fiel é o que prometeu.”; Rm. 4:20,21).

As promessas de Deus para com o Cristão são tão eternas quanto o Deus que as deu. As promessas de Deus fazem com que os Seus O conhecem de todo o seu coração (Jr. 24:7), de Deus carregar o Seus até a velhice e até as cãs (Is. 46:4), de os livrar de toda a má obra e os guardar para o Seu reino celestial (II Tm. 4:18) são garantidas pois Deus é o mesmo para todo o sempre (Is. 46:4: 54:10). As promessas de Deus asseguram tanto a Sua preservação dos Seus quanto estimulam a perseverança deles para com Ele.

Sabendo que as promessas de Deus são confirmadas e afirmadas unicamente por Cristo, somos seriamente incentivados a ter a certeza que a nossa vocação e eleição estejam nEle. Somente dessa maneira temos a certeza que jamais tropeçaremos (II Pe. 1:10).

Sabendo que as promessas de Deus são tão firmes quanto a Sua verdade, somos consolados enquanto trabalhamos firmemente em vista da bem-aventurada esperança (Tt. 1:2; 2:13).

Sabendo que as promessas de Deus são tão eternas quanto a Sua existência somos animados a sermos sempre abundantes na obra do Senhor, porque, pelo que saibamos, a nossa obra de obediência à Palavra de Deus não é vã (I Co. 15:58).

Também existem promessas para com aqueles que não conhecem a Deus unicamente por Cristo. Os que não estão em Cristo somente conhecerão a ira de Deus sobre eles eternamente (Jo. 3:35-36). Isso é uma promessa tão fiel e sombria quantas as outras. Portanto, se está fora de Cristo, corra já a Cristo arrependendo-se dos seus pecados e confiando de todo seu coração em Cristo Jesus!

A Base Da Preservação Do Cristão

Temos estudado que a salvação efetuada por meios visíveis e invisíveis tem um efeito prático: a perseverança e a preservação dos Santos. Essa perseverança não é somente exigida pelas Escrituras e a própria natureza nova, quanto é assegurada por Deus. A perseverança é a responsabilidade dos salvos e a obra da preservação é divina. Nessas obras de preservação, Deus usa como meios a obra do Espírito Santo, a Palavra de Deus, a oração eficaz de Cristo, a correção do Senhor para todos os Seus, o Seu poder em amor tanto quanto a Sua sabedoria, Sua imutabilidade e as Suas promessas.

A base da obra preservadora eficaz de Deus para com os Seus, não é provocada de algo originalmente no homem. A obra expiatória de Cristo, a promessa da Nova aliança e o propósito eterno de Deus são a base pela qual Deus opera para assegurar os Seus eternamente. Queremos examinar essas três áreas desta base individualmente.

A obra expiatória de Cristo – II Co. 5:18-21

Deus, pela obra vicária de Cristo, restaura para com Ele todos os Seus. A condenação do pecado de todos os que vêm a confiar em Cristo, foi posta em Cristo e paga pela Sua obra na cruz, a Sua ressurreição e a Sua exaltação. A justiça pura de Cristo então foi imputada aos que confiam nEle e assim estes são reconciliados com Deus para todo o sempre. Essa obra de Cristo é chamada “expiatória”.

A palavra expiação significa no hebraico cobrir (especialmente com betume, como na arca de Noé); cancelar, purificar (Lv. 1:4 e outras, #3722, Strong’s). Essa mesma palavra, no grego, significa trocar, ajustar ou restaurar ao favor divino (Rm. 5:11; 11:15; II Co. 5:18,19, #2643, Strong’s).

Romanos 8:31-39 mostra enfaticamente que qualquer condenação contra os que foram dantes conhecidos (v. 29), foi apagada pela obra completa de Cristo como Salvador perfeito. A inimizade contra a santidade de Deus que separou o pecador do Santo, foi desfeita pela morte de Cristo (Rm. 8:34, “pois é Cristo quem morreu”; Ef. 2:15, “na sua carne desfez a inimizade”; I Pe. 3:18, “Cristo padeceu, mortificado, na verdade, na carne”). Pela ressurreição de Cristo, os chamados são “vivificados juntamente com Cristo” (Ef. 2:5,6) para que pela “lei do Espírito de vida, em Cristo Jesus” os livra da lei do pecado e da morte (Rm. 8:1,2) para serem eternamente justificados e salvos (Rm. 4:24; 5:10; Jo. 11:25). Pela exaltação de Cristo, com Cristo agora assentado à destra de Deus (Rm. 8:34; Ef. 2:9), toda a obra feita por Ele para como os Seus é garantida eternamente. Pela Sua obra ser terminada com êxito, a lei de mandamentos contra os eleitos é desfeita (Ef. 2:15), os pecados deles são depositados longe da onisciência de Deus (Hb. 8:12; 10:17) e colocados num lugar longe da onipresença dEle (Is. 38:17) para que a justiça e a verdade se beijam eternamente (Sl. 85:10; Ef. 1:20-23). Pela vitoriosa obra expiatória de Cristo, os eleitos são feitos filhos, nunca para se tornarem órfãos (Gl. 4:6; I Jo. 3:2), herdeiros, nunca para serem deserdados (Rm. 8:17) e feitos reis e sacerdotes, nunca para serem destituídos (Ap. 1:6).

Deus o Pai, verá o fruto do trabalho da alma de Cristo em ser o Substituto para os pecadores em particular, e, baseado neste trabalho, “ficará satisfeito” (Is. 53:11). É verdade que a satisfação efetiva do Pai não é para com o pecador até que este esteja em Cristo. Alguns dizem que a satisfação do Pai é feita através do pecador fazendo a escolha de crer em Cristo. Todavia, a ação de crer em Cristo não vem originalmente da natureza do pecador, mesmo que seja sua inteira responsabilidade. O crer é dependente da implantação de uma nova natureza. A regeneração é feita por Deus através de meios particulares que já estudamos. A regeneração é feita dentro aqueles por quem o Filho foi ferido e moído e por quem as Suas pisaduras sarou (Is. 53:4,5). A base da satisfação do Pai e a Sua justificação de muitos, é baseado na obra de Cristo em levar sobre Si as iniqüidades destes (Is. 53:11). Portanto, a satisfação plena do Pai não é baseada em alguma ação agradável pelo pecador mas completamente pela obra do Filho no lugar do pecador eleito. E, se o Pai é satisfeito com Cristo, a preservação daquele em Cristo é assegurada. Cristo, pela sua obra expiatória, opera plena redenção, e sendo assim, merece toda a glória (I Co. 1:30,31).

É da responsabilidade de todo pecador arrepender-se e confiar inteiramente na obra expiatória de Cristo para conhecer essa restauração plena e eterna com Deus (At. 17:30). Se você está oprimido pelo seu pecado, o próprio Deus, e os que conhecem essa obra, avisam e rogam que você venha a se reconciliar com Deus por Cristo. Por Ele você terá tudo o necessário para vencer o pecado, servir o seu Salvador e ser preservado para todo o sempre. Deus se satisfaz completamente com a obra de Cristo. Você se satisfaz com ela?

A promessa da Nova aliança –

Deus tem um eterno desejo: ser o Deus do seu povo e ter o Seu povo servindo e amando a Ele como seu Deus. Pelo menos vinte vezes pela Bíblia este desejo é manifestado (Gn. 17:8; Êx. 6:7; 29:45; Lv. 26:12; Jr. 7:23; 11:4; 24:7; 30:22; 31:33; 32:38; Ez. 11:20; 34:24; 36:28; 37:23,27; Zc 8:8; II Co. 6:16; Hb. 8:10; Ap. 21:3,7). Se este é o desejo de Deus, o poder de Deus o efetuará (Jó 23:13, “Mas, se ele resolveu alguma coisa, quem então o desviará? O que a sua alma quiser, isso fará.”; Sl. 135:6). Pode ser confortante para Seu povo que eles são assim pelo eterno desejo de Deus (Jr. 31:3).

Para que este desejo seja conhecido e efetuado, Deus fez alianças com o homem. Uma aliança é um contrato sério como uma confederação ou pacto (Hebraica #1285, Strong’s). O homem faz alianças com o homem (Gn. 21:27; I Sm. 18:3; II Sm. 5:3; I Reis 5:12; 20:34; II Cr. 23:16; Neemias 10:29; Jr. 34:8), e com Deus (Êx. 24:7: Js. 24:24; II Reis 11:17; 23:3; II Cr. 15:12) e Deus faz pactos e acordos com o homem (Gn. 17:2; Êx. 6:4; Nm. 25:12; Juízes 2:1; II Sm. 7:12; Sl. 89:28; Is. 59:21). Essas alianças de Deus para como o homem foram dadas em épocas distintas e podemos chamá-los pela suas épocas e em que foram dadas (a aliança de Éden, Gn. 3:15; de Noé, Gn. 9:9; de Abraão, Gn. 15:18; do Sinai, Êx. 19:5; aos Levitas, Nm. 25:12,13; de Davi, II Sm. 23:5; a nova pela graça, Jr. 31:33,34; Hb. 8:6-13).

Todas as alianças têm pontos em comum. Existem o testador, os herdeiros, aquilo que efetua o pacto, as condições ou qualificações, e o benefício do pacto. Geralmente o testador é um e nas alianças mais importantes entre Deus e o povo dEle exige a morte do testador, literal ou simbolicamente. Nas alianças divinas existe uma promessa séria, uma herança eterna e uma confirmação dada por um sinal (Exemplo: o arco de Deus, Gn. 9:12,13). O homem tem responsabilidades na maior parte dessas alianças. Essas responsabilidades são vistas pelas condições imutáveis. Essas condições são a fé e a obediência. A aliança, para estar em pé, precisa da fé (Gn. 15:6; Dt. 6:5; Hb. 11:6) e da obediência. Essa obediência tem que ser moral, do coração, (Gn. 17:1; Mt. 7:24) e cerimonial (Gn. 17:10-14). Entenderemos melhor essas condições pelo decorrer deste estudo.

Se as condições do homem não são preenchidas, por falha de um dos lados, a aliança é anulada, ab-rogada, desfeita, prestes a perecer. Para Deus ser o Deus do Seu povo e para o Seu povo ter Deus como seu Deus, Deus fez essas alianças com o homem, alianças bilaterais e condicionais que dizem: se obedecer, viverá; se desobedecer, morrerá (Gn. 2:17; Lv. 26:3-13, 14-39; Ez. 18:20, “a alma que pecar essa morrerá”).

Pelas condições dadas por Deus ao homem pelas alianças, entendemos muito sobre a responsabilidade do homem. O homem é responsável por que Deus o mandou fazer algo. Se o homem não preenche a sua parte, ele é castigado severamente até que venha a se arrepender ou até mesmo a morte. O homem é culpado porque ele é responsável por não fazer o seu dever. Mesmo que o homem seja responsável, a responsabilidade do homem não quer dizer que ele é capaz de preencher o que ele deve fazer. Quem pode guardar toda a Lei de Moisés? Mas todos são responsabilizados a guardá-la totalmente. Os que tropeçam em um ponto somente, são culpados dela toda (Tg. 2:10). Pelo pecado habitar na carne, o homem é fraco e incapaz de fazer o bem que deve (Jr. 17:9; Rm. 3:10-23; 7:18-21). Por isso entendemos que as alianças bilaterais, e condicionadas à obediência do homem são fracas pela incapacidade do homem, e, tais alianças, serão mais cedo ou mais tarde anuladas. Todavia o desejo de Deus continua sendo o mesmo.

Deus, que criou o homem, que responsabilizou o homem, que fez um pacto com o homem, sabe o que está no homem. Para a glória de Deus e para atingir o Seu desejo eterno, Deus fez uma aliança nova e definitiva: a da graça.

Nessa aliança da graça Deus faz toda a obra, e por isso ela é eterna. Por ela ser eterna essa aliança da graça é a eterna base da preservação de todos que estão nela. Nessa aliança da graça Deus é o Testador pelo Filho que dá a Sua própria vida (Hb. 9:14,15). Os herdeiros dessa aliança são os chamados pelo Seu poder (Rm. 8:28-30; Hb. 9:15). Esse pacto é efetuado pela morte vitoriosa do Testador (Rm. 5:8; Ef. 2:14-16; Hb. 9:16). A qualificação ou condição de lealdade é preenchida perfeitamente por Cristo (Jo. 17:4; Hb. 9:28; Fp. 2:8-11) com qual lealdade o benefício do pacto é garantida seguramente: a salvação eterna de todo aquele que crê em Cristo (Hb. 9:15,28).

Essa nova aliança é caracterizada pela graça soberana de Deus, algo que não inclui nenhuma obra do homem (Ef. 2:8,9). Foi o próprio Deus que propôs pôr nos corações a Sua lei e a escrever no seu interior sem a intermediação ou qualificação da obra do homem (Jr. 31:33). A morte do Testador foi preenchida satisfatoriamente por Cristo (Hb. 9:18-26; Is. 53:11, “ficará satisfeito”) fazendo que a promessa desta aliança seja cumprida. Por isso é garantido que os salvos serão o povo dEle e Ele será o seu Deus (Jó 23:13; Ap. 21:3,7). Essa aliança é eterna pois é Cristo Quem os preserva (Lv. 2:13, “o Sl. da aliança”; Jd. 1:24), e o sinal da confirmação é o sinal da sua ressurreição (Rm. 1:4; At. 17:31; Ef. 1:19,20).

A qualificação de quem entra nessa aliança continua sendo a fé e obediência mas com uma diferença importante: A fé necessária na parte do homem não é a obra do homem em quem não habita bem algum, mas daquela fé que é fruto do Espírito Santo (Gl. 5:22) operado eficazmente nos escolhidos. A obediência moral necessária para qualificar os receptores desta aliança da graça vem de um coração novo dado por Deus (Jr. 31:31-34; Fp. 2:13). A obediência cerimonial desejada por Deus é celebrada pela manifestação do novo homem na vida diária e pela participação na Sua organização eclesiástica, a igreja, e declarada publicamente pelas ordenanças: o batismo e a Ceia do Senhor. Cristo vivendo nos Cristãos faz o necessário para que a aliança seja completa e perfeita.

Essa nova aliança da graça é firme por ser feita por Deus do começo até ao fim. Ele põe a Sua lei no coração dos Seus e isto faz com que Ele seja o seu Deus e opera para que eles queiram ser o Seu povo (Jr. 31:33). Mesmo que a promessa fosse dada especificamente à casa de Israel, os gentios foram enxertados nela pela eleição da graça (Rm. 11:11-19) para que agora todo e qualquer que crê em Cristo será salvo (Rm. 1:16; 10:9-13). Por Deus prometer, sabemos que esse acordo é para sempre (Tt. 1:2; Hb. 6:18, “Para que por duas coisas imutáveis, nas quais é impossível que Deus minta, tenhamos a firme consolação, nós, os que pomos o nosso refugio em reter a esperança proposta;” Todo aspecto desta aliança da graça estabeleça o fato da eterna preservação dos santos.

Talvez queira saber se você está incluído nessa aliança nova que preserva os Seus até o fim pela obra de Cristo. Essa aliança é para todos em Cristo. Você está em Cristo? Essa aliança é qualificada pela fé. Você crê de todo o coração? Essa aliança nova da graça efetua um novo coração com as leis de Deus escritas nele para que tenha novos pensamentos para amar e servir Deus mais e mais como Deus. A sua vida tem essas evidências? Tendo as evidências, pode saber que você está incluído nessa aliança da graça. Estando nessa aliança você pode ser consolado. É baseada na promessa do Deus que não pode mentir e assegurada pela obra satisfatória da alma de Cristo, o Filho de Deus. Se quer Deus como seu Deus e se quiser ser o povo dEle, venha a crer em Cristo de todo o coração.

Todas as alianças anteriores com os homens foram fracas na medida que dependiam do homem. A aliança da graça é forte e eterna pois Deus depende no que O satisfaz, o trabalho da alma de Cristo (Is. 53:11). Ele “lembrar-se-á sempre da Sua aliança” (Sl. 111:5).

A nossa preservação de sempre ser o povo de Deus tem como base a promessa da aliança nova e graciosa feita por Deus, efetuada por Cristo e aplicada pelo Espírito Santo. Portanto ela é firme e eterna. A aliança não está baseada em nenhum dos nossos esforços mas somente na graça soberana de Deus. Pela escolha dEle, pela obra completa de Cristo ministrada pelo Espírito Santo pela Palavra de Deus essa aliança é efetuada. Que a verdade da sua preservação ser baseada na promessa da aliança nova, que é pela graça, incentive a sua perseverança para com o seu Salvador e Deus até Ele vir!

O propósito eterno de Deus –

Eclesiastes 3:14, “Eu sei que tudo quanto Deus faz durará eternamente; nada se lhe deve acrescentar, e nada se lhe deve tirar; e isto faz Deus para que haja temor diante dele.”

Por Deus ser divino, Ele é completo em todas as Suas partes. Se falhasse em apenas um único ponto, Ele tornaria menor do que ao outro ser naquela área. O outro ser, sem falha nesta área, tornaria maior que Deus neste único ponto. Mas, Deus é completo em toda e qualquer parte. Ninguém pode convencer o Filho dEle de pecar, ou falha em motivo ou ação. Se o Filho é assim, também o Pai (Jo. 8:46; 10,:30). Deus é perfeito em todas as Suas obras (Dt. 32:4; II Sm. 22:31; Sl. 18:30, “o caminho de deus é perfeito”; Mt. 5:48).

Podemos conhecer a Deus pelos Seus atributos revelados pelas Escrituras Sagradas. O propósito de Deus é assegurado pelo Seu ser (Is. 46:9-11) e confirmado pelos seus atributos. Vamos examinar alguns destes atributos. A qualidade da soberania de Deus é motivo pelo qual todas as providências nos exércitos do céu e da terra operam segundo a Sua vontade (Dn. 4:34-37, “E todos os moradores da terra são reputados em nada, e segundo a Sua vontade Ele opera com o exercito do céu e os moradores da terra”; At. 4:26-28, “Para fazerem tudo o que a Tua mão e o Teu conselho tinham anteriormente determinado que se havia de fazer”; 13:48, “e creram todos quantos estavam ordenados para a vida eterna.”). O poder de Deus garante que seu decreto será cumprido (Dn. 4:35, “Não há quem possa estorvar a Sua mão, e lhe diga: Que fazes?”; I Pe. 1:5, “estais guardados na virtude de Deus para a salvação”). A verdade de Deus garante que seu decreto seja preenchido perfeitamente (Nm. 23:19, “Deus não é homem, para que minta; nem filho do homem, para que se arrependa; porventura diria Ele, e não o faria? Ou falaria, e não o confirmaria?”). A imutabilidade de Deus garante que a Sua vontade não muda para conosco (Mal 3:6, “Porque Eu, o SENHOR, não mudo; por isso vós, ó filhos de Jacó, não sois consumidos.”; Rm. 11:29, “Porque os dons e a vocação de Deus são sem arrependimento.”). A eternidade de Deus garante que o que Ele diz será verdadeiramente realizado em tempo (Sl. 33:11, “O conselho do SENHOR permanece para sempre; os intentos do Seu coração de geração em geração.”; Mt. 5:18, “Porque em verdade vos digo que, até que o céu e a terra passem, nem um jota ou um til se omitirá da lei, sem que tudo seja cumprido.”; I Pe. 1:23, “a Palavra de Deus permanece para todo o sempre”). A perfeição e a sabedoria de Deus fazem com que o Seu desejo seja perfeito e sábio, e assim sendo, é sem nenhum ponto fraco nem nada que possa frustrar os seus planos eternos (Sl. 19:A lei do SENHOR é perfeita, e refrigera a alma .. os juízos do SENHOR são verdadeiros e justos juntamente.”; Rm. 11:33-36, “Ó profundidade das riquezas da sabedoria, como da ciência de Deus!”). Examinando os atributos divinos entendemos que o seu decreto é influenciado pelo Seu ser e pelas Suas qualidades divinas. Portanto, Deus decretando a nossa preservação, podemos estar tranqüilos a respeito do seu inteiro e perfeito cumprimento. Ao mesmo tempo que frisamos o eterno propósito de Deus que nos preserva não esquecemo-nos dos meios que Ele usa para nossa participação nela (a nossa perseverança na obediência à Palavra de Deus, a santificação, etc.)

É confortante considerar que o decreto de Deus não emana de uma pressão de fora dEle como se fosse uma necessidade nem por Ele reagir a uma situação desesperadora. O decreto de Deus vem da sua própria vontade livre e soberana (Ef. 1:5. “segundo o beneplácito da Sua vontade”; 1:9, “segundo o beneplácito do que propusera em Si mesmo”; 1:11, “faz todas as coisas segundo o conselho da Sua vontade”). Entendemos que essa vontade não é movida por capricho nenhum, mas pelo amor (Dt. 7:7-9, “mas porque o SENHOR vos amava”; Jr. 31:3, “Há muito que o SENHOR me apareceu, dizendo: Porquanto com amor eterno te amei, por isso com benignidade te atraí.”; Ef. 2:4, “Mas Deus, que é riquíssimo em misericórdia, pelo Seu muito amor com que nos amou (..) nos vivificou juntamente com Cristo”; I Jo. 4:19, “Nós O amamos a Ele porque Ele nos amou primeiro.”). Portanto, como é imensurável o amor de Deus, na mesma medida é confirmada a nossa preservação (Rm. 8:35-39, nada “nos poderá separar do amor de Deus, que está em Cristo Jesus nosso Senhor.”).

O próprio decreto divino é que os Seus sejam aceitos no Amado (Ef. 1:6); novas criaturas espirituais (II Co. 5:17); ser Seus próprios filhos, e assim sendo, herdeiros de Deus e co-herdeiros com Cristo (Rm. 8:17; I Jo. 3:2). É vontade explicitada pelo decreto que todos que fossem chamados particularmente pelo seu Espírito Santo através Evangelho, sejam justificados por Cristo e glorificados na Sua imagem (Rm. 8:29,30). Este decreto determina que Deus seja plenamente satisfeito pela obra de Cristo pelos Seus (Is. 53:11). Pelo decreto ser tão exato, é prometido que os que vêm a Ele por Cristo, de nenhuma maneira serão lançados fora (Jo. 6:37). Os em Cristo têm a segurança que tudo que vem a acontecer nas suas vidas contribuirá para seu bem. Se todas as coisas operam para o seu bem, é claro que nada operará para a sua condenação (Rm. 8:28). Portanto, tendo o Seu decreto determinado na eternidade e revelado em tempo, podem descansar no amor e poder de Deus todos que estão em Cristo. Esse descanso é pelo decreto não basear-se no homem, mas da Sua aliança da graça, é assegurado o seu cumprimento exatamente como foi decretado.

Todas as promessas divinas reveladas pelas Escrituras Sagradas, tanto para os justos quanto aos injustos, detalham os vários aspectos do Seu eterno decreto. O propósito de Deus é assegurado pelo Seu ser (Is. 46:9-11, “O Meu conselho será firme, e farei toda a minha vontade.”) e revelado pelas Suas promessas. Por exemplo: Deus deseja e, por isso, decretou a Sua permanência para com o Seu povo ajuntado corretamente na terra. Sabemos desse decreto e desejo pela Sua promessa referente a este ajuntamento. A Sua promessa reflete esse decreto (Mt. 28:20, “e eis que Eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos. Amém.”). Quando Deus promete algo é porque o fato já foi decretado na eternidade. Existem muitas providências externas que mudam na vida do Cristão, mas nenhuma mudança concernente aos pensamentos de Deus para com os Seus (Is. 46:9-11). É prometida a preservação dos santos. É promessa de Deus que os em Cristo tenham a vida eterna (Jo. 6:39,40, “E a vontade do Pai que me enviou é esta: Que nenhum de todos aqueles que me deu se perca, mas que o ressuscite no último dia. Porquanto a vontade dAquele que Me enviou é esta: que todo aquele que vê o Filho, e crer nEle, tem a vida eterna; e Eu o ressuscitarei no último dia.”). A promessa de Deus é que os Seus nunca perecem (Jo. 10:28,29, “E dou-lhes na vida eterna, e nunca hão de perecer, e ninguém as arrebatará da minha mão”). As promessas de Deus nos ensinam o intento do Seu decreto e é esse eterno decreto que faz parte da base da nossa preservação.

Estamos tão confiantes na preservação eterna de Deus de todos os Seus quanto somos firmes na Sua soberania e poder que garantem que aquilo que Ele deseja não será invalidado (Jó 23:13, “Mas, se Ele resolveu alguma coisa, quem então o desviará? O que a sua alma quiser, isso fará.”; Sl. 115:3; 135:6; Is. 14:24, “O SENHOR dos Exércitos jurou, dizendo: Como pensei, assim sucederá, e como determinei, assim se efetuará.”). Se o decreto que é revelado pelas promessas é firme então o que foi prometido também o é.

Os em Cristo têm muito para se confortarem ao respeito do efeito prático da salvação. A aliança pela graça que os inclui é assegurada pela obra expiatória de Cristo, é tão firme quanto o propósito eterno de Deus. Mas saiba disso, somente os em Cristo podem ter essa certeza e descanso da alma. Todos que se arrepende e crêem em Cristo estão seguros, mas qualquer que esteja fora de Cristo é condenado a receber o justo juízo dos seus pecados. Isso também faz parte do decreto eterno (I João 5:12, “Quem tem o Filho tem a vida; quem não tem o Filho de Deus não tem a vida.”). Se você é um pecador oprimido pelo seu pecado, venha a confiar em Cristo já! É promessa de Deus que todos que vierem a Cristo, terão salvação. Estes serão preservados para todo o sempre. A base dessa preservação é o propósito eterno de Deus revelado pela Palavra de Deus.

Resumindo, o Cristão é reconhecido ao mundo pela sua perseverança na fé. Porém a sua perseverança desejada é somente conseguida pela obra de Deus preservando-o. O Cristão deseja perseverar. O Cristão se esforça a se perseverar, mas a capacidade de cumprir esse desejo e responsabilidade vem do próprio Deus (Fp. 2:13; II Co. 3:4-6).

 

                Resumo da Doutrina de Salvação

 

Hebreus 10:5-7

O Velho Testamento fala tanto da salvação por Jesus Cristo quanto fala o Novo Testamento. O que o Velho Testamento revela por símbolos, tipos, enigmas e mistérios, o Novo Testamento revela abertamente. Entendemos melhor os ensinos do Novo Testamento se consideramos as profecias e mistérios do Velho Testamento. Entendemos melhor os mistérios do Velho Testamento se consideramos os ensinos do Novo Testamento. O que sobreveio como figuras no Velho Testamento foi escrito para nosso aviso (I Co. 10:11) e para nosso ensino (Rm. 15:4). Fazemos bem quando tomamos as Escrituras do Velho Testamento e do Novo Testamento como todos proveitosos para fazer-nos perfeitos e perfeitamente instruídos para toda a boa obra (II Tm. 3:15-17).

Por Deus ser imutável (Mal 3:6; Tg. 1:17), e por Ele ter somente um eterno propósito em Cristo Jesus (Ef. 3:11), convém examinar todas as Escrituras para sermos bem instruídos nesta doutrina gloriosa da salvação. Pelo Espírito de Cristo estar nos profetas (I Pe. 1:10-12; Ap. 19:10), o que foi escrito, mesmo desde o princípio, no Velho Testamento, fala da obra expiatória de Cristo (Hb. 10:5-7).

 

Para resumir muitos aspectos da salvação vistos claramente no Novo Testamento, o Velho Testamento pode ser bem útil. A arca de Noé, com a sua pregação a todos por mais de cem anos, a exclusividade da graça de Deus sobre a família de Noé, a preservação e perseverança destes até a obtenção da nova terra, pode ser mencionado para resumir essa doutrina de salvação. Pode ser considerado também o tabernáculo com as suas ofertas e o seu sacerdócio, tido como simbologia de todos os aspectos de salvação. O tempo esgotaria se também mencionássemos as vidas de Abraão, José, filho de Jacó, Josué, Rute e Ester, pois essas vidas manifestam claramente a graça e misericórdia de Deus no assunto de soteriologia. Não correremos para todos esses casos mas queremos estudar um único caso do Velho Testamento e assim fazendo, com as bênçãos de Deus, entenderemos melhor esse assunto importante. Queremos observar o tratamento do rei Davi para com Mefibosete (II Sm. 9:1-13).

O designo da restauração de Mefibosete foi a glória do rei. O caso Bíblico da restauração de Mefibosete trouxe um incapaz e desprezível à mesa do rei, uma ação que redundou para a glória da graça do rei. Assim entendemos o designo da salvação é trazer um morto em pecados e ofensas à gloriosa luz da presença de Deus para a Sua glória (Rm. 11:36, “Porque dEle e por Ele, e para Ele, são todas as coisas; glória pois a Ele eternamente.”; Ef. 1:6, “Para louvor e glória da Sua graça”).

A causa da restauração de Mefibosete foi o desejo, o poder e a graça do rei. A procura da descendência da casa de Saul, foi iniciada pelo rei (v. 1). O rei quis buscar o Mefibosete. Nisso entendemos que a salvação é operada pelo seu beneplácito, ou seja, o bom prazer da Sua vontade (Ef. 1:11). O rei tanto poderia procurar ou deixar de procurar este aleijado. Ninguém o forçou a fazer isso como também ninguém o impediu. Isso mostra a soberania de Deus na salvação (Sl. 135:6; Dn. 4:35; Rm. 9:21). Graças à boa vontade e soberania do rei, o Mefibosete foi restaurado. Graças à boa vontade e soberania de Deus, pecadores hoje são salvos (Ef. 1:11).

O necessitado da restauração foi Mefibosete. O nome Mefibosete significa coisa vergonhosa (Leaves, Worms, Butterflies & T.U.L.I.P.S., p. 150). O nome do lugar que ele morava era Lo-Debar, um nome que significa sem pastagem (Leaves .., p.152). Mefibosete é descrito como aleijado de “ambos os pés” (v. 3,13) e um “cão morto” (v. 8). Este homem buscado pelo rei não tinha nada de glorioso para merecer a atenção do rei. Ele era descendência do inimigo do rei, aleijado e desprezível. Externamente, ele era incapaz de viver uma vida real (aleijado de “ambos os pés”), e, internamente, ele reconhecia que não merecia nenhuma bondade do rei (“cão morto”). Tudo isso retrata a posição do pecador que Deus busca. O pecador é descendência do primeiro Adão, e inimigo (Rm. 5:12; 8:6-8) como também é terrivelmente aleijado espiritualmente (Rm. 5:6,8; Ef. 2:1). Além disso, o pecador habita contentemente nas trevas (Jo. 3:19) onde a morte reina (Rm. 6:23) não merecendo nada senão a justa condenação de Deus. Se o rei Davi não buscasse em graça e misericórdia, Mefibosete não teria sido restaurado. Assim é a condição do pecador hoje (Rm. 3:10-18; 5:12). Sem Deus buscá-lo em graça e amor, nenhum pecador será salvo (Rm. 5:8; Ef. 2:8,9).

Como Mefibosete era um aleijado (incapaz), morador de Lo-Debar (lugar sem pastagem) e reconhecia seu estado de baixeza ao ser trazido na presença do Rei (II Sm. 9:6, “Eis aqui teu servo”), assim o pecador é incapaz (Rm. 8:6-8), morto em pecado (longe da santidade de Deus, Rm. 3:23), e reconhece o seu estado de baixeza quando é trazido na presença de Deus (At. 9:6, “Senhor, que queres que eu faça?”; 16:29-31; 17:30).

Notamos que a incapacidade de Mefibosete, mesmo sendo total, pois era aleijado de ambos os pés, não o impediu do poder de escolha. Ele era livre para escolher segundo a sua capacidade. Todavia notamos também o fato de que a sua livre escolha não o capacitou a andar. Assim entendemos que o pecador, mesmo sendo um agente livre e com poder de livre escolha, não tem por isso, a capacidade de fazer nada agradável a Deus (Rm. 8:6-8). O poder de livre escolha não sobrepuja a natureza pecaminosa do homem.

Notamos também que a incapacidade de Mefibosete não o fez menos responsável de vir ao rei quando o rei o buscou. Mefibosete era inteiramente responsável de usar todos os meios possíveis para obedecer ao desejo do rei Davi. De maneira nenhuma devia Mefibosete usar a sua incapacidade como uma desculpa de continuar longe do rei. Contrariamente, por ser incapaz ele deveria clamar ao rei a ser misericordioso em capacitá-lo a obedecer (Mc. 9:24). Nisso entendemos a responsabilidade de todo o pecador a se arrepender e crer em Cristo Jesus (At. 17:30) apesar da sua triste incapacidade.

Entendemos, diante da incapacidade de Mefibosete e da soberania de Deus, que o rei Davi fez uma escolha sem depender das condições do escolhido nem considerar o que este pensava do assunto. Essa escolha do rei Davi foi pessoal e individual (v. 5, “mandou o rei Davi, e o tomou da casa de Maquir, filho de Amei, de Lo-Debar.”), particular e preferencial. A escolha do rei foi dirigida somente para com Mefibosete (v. 5) e não para qualquer outro aleijado na cidade. Essa escolha do rei para com Mefibosete foi primeira e antes de mencionar qualquer desejo ou ação de Mefibosete (v. 1-3). Assim também é a eleição. É pessoal e individual (Jr. 31:3; Rm. 9:11-13; Gl. 1:15), particular e preferencial e antes de qualquer desejo do homem para com Deus (Jo. 1:13; Rm. 9:15,16, “Compadecer-me-ei de quem me compadecer, e terei misericórdia de quem eu tiver misericórdia. Assim, pois isso não depende do que quer, nem do que corre, mas de Deus, que se compadece.”).

O preço pago para a restauração de Mefibosete foi totalmente pago pelo rei Davi (v. 3-5). Assim também, a salvação é paga por Deus. A salvação das nossas almas requer a obediência de um justo no nosso lugar e este Justo foi dado pelo Pai (Is. 9:6; 53:4-6). Cristo é este Justo no lugar dos injustos (I Pe. 3:18; Rm. 5:8). O que foi pago pelo rei Davi para trazer Mefibosete foi estendido não para trazer todos os aleijados à casa real, mas somente aquele que foi incluso na sua aliança. São estes também pelos quais Cristo morreu (Mt. 1:21; Jo. 10:11,14-16; Is. 53:4-6,8), estes que são chamados, justificados e glorificados (Rm. 8:28-30, “segundo o seu propósito”).

A base desta escolha foi o amor e fidelidade de Davi à aliança que ele fizera com Jônatas (v. 1,7, “por amor de Jônatas”). Essa aliança foi feita entre Davi e Jônatas antes mesmo de Mefibosete ter sido nascido (I Sm. 20:14-17,23,42). Esse acontecimento representa a fidelidade de Deus à Sua aliança feita em amor com Cristo antes da fundação do mundo (Hb. 10:5-7; Ef. 1:3-6) para com todos os que o Pai tem dado ao Filho (Jr. 31:3,31-33; Jo. 6:37; 17:9).

O efeito do preço pago é entendido pois restaurou eficazmente tudo a Mefibosete, e nisso cumpriu o desejo do rei Davi. É observado que ele verdadeiramente “veio a Davi” (v. 6). Depois disto, foi posto em lugares abençoados (v. 9-11). Todos pelos quais Cristo morreu, virão a Ele (Jo. 6:37, “Todo o que o Pai me dá virá a Mim”; Jo. 10:27, “As minhas ovelhas ouvem a minha voz, e eu conheço-as, e elas me seguem;”; II Pe. 3:9, “não querendo que alguns se percam, senão que todos venham a arrepender-se.”).

É edificante notar o fato quando Mefibosete veio à presença do rei ele disse: “Eis aqui teu servo” (v. 6). Assim, ele mostrou seu reconhecimento do senhorio do rei sobre a sua vida. Assim entendemos que todos dos Seus que vêm a arrepender-se, reconhecem o Seu senhorio sobre as suas vidas (Rm. 8:15, “recebestes o Espírito de adoção de filhos, pelo qual clamamos: Aba, Pai.”; I Co. 1:1, “santificados em Cristo Jesus”).

Os meios da chamada de Mefibosete para a restauração exemplificam os meios que Deus emprega para chamar os Seus até hoje. O Ziba, como servo do rei, representa todos esses meios. O Ziba representa o Espírito Santo e os pregadores da Palavra de Deus. O Ziba foi enviado a dar a mensagem do rei Davi a Mefibosete. Nisso entendemos que é o Espírito Santo que ilumina, desperta, convence e regenera o pecador (Jo. 16:7-13). O Espírito Santo faz essa obra magnificente pela Palavra de Deus sendo ministrada por seus servos (Rm. 1:16; 10:14,15). Essas duas representações dadas ao Ziba mostram as realidades que existem duas chamadas, tanto interna quanto externa para trazer os pecadores à obediência e santificação (Gl. 1:15, II Ts. 2:14).

Na hora certa, a vontade do rei Davi, a obra do servo Ziba e a responsabilidade de Mefibosete, fizeram com que a restauração desejada viesse a ser efetuada. A escolha do rei Davi não era a restauração, mas ‘para ela’. Assim também a eleição não é a própria salvação, mas “para a salvação” (II Ts. 2:13). O envio de Ziba não era a restauração, mas um meio eficaz a ela. A restauração foi manifestada quando Mefibosete veio ao rei Davi em obediência. Isso mostra que a eleição ou a predestinação não é a salvação nem unicamente a obra do Espírito Santo pela Palavra de Deus pregada, mas, tudo operando pela fé (dom de Deus) efetua um fim glorioso: a salvação do pecador (Jo. 14:6; II Ts. 2:13,14).

Notamos que a restauração de Mefibosete na casa do rei Davi não eliminou a sua invalidez física. Da mesma maneira a salvação também não elimina a natureza pecaminosa da nossa carne antes que morramos. Todavia, a restauração de Mefibosete deu a ele uma vida completamente nova que ele humildemente viveu na presença do rei Davi. Isso representa a salvação nos dando uma nova natureza que faz tudo “novo” (II Co. 5:17; Cl. 3:10,11), uma vida vivida em constante arrependimento e fé (Cl. 2:6; Hb. 11:6), uma natureza nova que nos traz mais e mais à imagem de Cristo que a criou (Cl. 3:10).

Consideramos outra vez como a restauração de Mefibosete representa as fases da salvação:

1. A restauração era uma conversão nítida na vida de Mefibosete (v. 8,11) como a conversão traz mudanças radicais na vida do salvo vistas no arrependimento do pecado e a fé no Senhor Jesus Cristo (II Co. 5:17).

2. A restauração fez com que Mefibosete fosse posto na casa do rei Davi (v. 11) como a salvação faz com que o pecador seja feito justo e posto diante de Deus (justificação - Rm. 5:1; 8:1).

3. A restauração fez com que Mefibosete fosse considerado como filho amado do rei (v. 11, “comerá à minha mesa como um dos filhos do rei”), como a salvação é vista na adoção de filhos por Jesus (Gl. 4:6. I Jo. 3:1,2).

4. A restauração fez com que Mefibosete viesse a viver bem diferente daquela vida que ele antes vivia no Lo-Debar (no lugar sem pastagem), para viver na cidade de Jerusalém (cidade de paz), assim como a salvação santifica os em Cristo tanto diante de Deus quanto diante dos homens (Pv. 4:18; I Co. 1:1; II Co. 6:14).

5. A restauração fez com que Mefibosete a ter uma eterna posição diante do rei (v. 13, “sempre”) como a salvação traz o pecador à glorificação eterna diante de Deus (I Ts. 4:17, “e assim estaremos sempre com o Senhor”).

6. A restauração fez com que Mefibosete “sempre comia à mesa do rei” (v. 12) assim como a salvação preserva os salvos para perseverar em obediência (Jd. 24,25).

Espero que agora entendamos melhor como no “princípio do livro está escrito” de Cristo (Hb. 10:5-7). Pelo Velho Testamento, essa passagem aparentemente obscura e somente histórica, exemplifica aberta e gloriosamente as grandezas da salvação que o Novo Testamento tanto ensina. Que Deus abra os nossos olhos para vermos a Sua obra de salvação por Jesus Cristo desde o princípio do livro tanto quanto a vejamos no Novo Testamento.

Conclusão -

Espero e oro para que as verdades deste maravilhoso assunto, com as bênçãos de Deus, tragam os pecadores ao Salvador, confirmem os ânimos dos salvos e glorifiquem o Senhor Deus Pai das luzes de Quem vem toda e boa dádiva e dom perfeito (Tg. 1:17).

Se você se considera um “cão morto” e está ouvindo a voz do Salvador, venha hoje mesmo a Ele para a salvação da sua alma. Venha se arrependendo do pecado crendo pela fé nas revelações divinas do Filho de Deus, Jesus Cristo.

Se você já foi posto na mesa do rei, viva humildemente ao serviço dEle crescentemente para a Sua glória.

 

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